As novas faces do cinema

A Revista de CINEMA selecionou 10 novos diretores de maior destaque na estreia em longa-metragem, para mostrar quem são, o que fazem, suas influências e seus projetos futuros. Uma geração pluralista e autoral. São eles, Eduardo Nunes (“Sudoeste”), Tiago Mata Machado (“Os Residentes”), Kleber Mendonça Filho (“O Som ao Redor”), André Ristum (“Meu País”), Vinícius Coimbra (“A Hora e a Vez de Augusto Matragra”), Helvécio Marins Jr. (“Girimunho”), Flávia Castro (“Diário de uma Busca”), Julia Murat (“Histórias que Só Existem Quando Lembradas”), Marco Dutra e Juliana Rojas (“Trabalhar Cansa”) e Sérgio Borges (“O Céu sobre os Ombros”).

O país de André Ristum

André Ristum nasceu em Londres, foi criado em Roma e só voltou a São Paulo em meados dos anos 90. Começou a carreira quando ainda morava na Itália, como assistente de produção de alguns filmes para televisão local produzidos pela DB Media. Foi assistente de direção em produções internacionais como “Beleza Roubada” (1996), de Bernardo Bertolucci, e “Daylight” (1996), de Rob Cohen. Estudou direção de cinema na New York University e se consolidou como curta-metragista nos anos 2000. Ao todo, contam seis curtas: “Nello’s” (2009), “14 Bis” (2006), “De Glauber para Jirges” (2005), “Em Trânsito” (2002), “Homem Voa?” (2001) e “Pobre por um Dia” (1998). Trabalhou ainda como editor e diretor na TV Cultura e estreou em longas com “Tempo de Resistência” (2003), um documentário que mesclava depoimentos de pessoas diretamente envolvidas na resistência à ditadura, imagens de arquivos e muita música.

“O cinema sempre fez parte da minha vida. Meu pai, Jirges Ristum, e meu padrasto, Ivan Isola, trabalhavam com cinema, e desde pequeno eu ia a sets de filmagem na Itália. Por conta disto, aos três anos e meio fiz até um curta em Super8. Do ponto de vista de escolha de carreira, isso aconteceu aos poucos, mas posso dizer que ‘O Último Imperador’ (1987) do Bertolucci foi o filme que me fez reacender a chama pelo cinema, e fazer com que tomasse o rumo que tomei”, diz o cineasta, cujo pai, colaborador e amigo de Glauber Rocha, buscou o exílio durante o período da ditadura militar.

Em “Meu País” (2011), seu primeiro longa de ficção, André tenta enfrentar os dilemas da identidade e do pertencimento a um país, questões que o acompanharam ao longo da vida. O filme conta a história de um homem radicado na Itália, que volta ao Brasil após a morte do pai. Marcos (Rodrigo Santoro) traz a esposa italiana e reencontra o irmão Tiago (Cauã Reymond), que vive na jogatina. É um longa sobre a possibilidade de reaproximação entre as pessoas. “Acho que ‘Meu País’, considerando que se trata de um drama familiar, gênero não muito apreciado pelo grande público, teve uma boa recepção, chegando num resultado satisfatório de público, e tendo um belo retorno de crítica e recepção em festivais, especialmente com os seis prêmios ganhos no último Festival de Brasília”, lembra.

Meu País

André, hoje com 40 anos, trabalha no desenvolvimento de três projetos, dois longas e uma série de TV. “‘Dissonância Urbana’ é um filme pessoal que fala um pouco da vida, da existência, e toma contato com tantas questões que afetam a vida de todos os moradores das grande cidades. O outro longa se chama ‘O Outro Lado do Paraíso’, baseado num conto de Luiz Fernando Emediato. Conta a história da relação de um menino com seu pai sonhador, no período do golpe militar. Por fim, ‘Eldorado’ é uma série sobre a saga dos imigrantes italianos, no período de ouro do café, na região de Ribeirão Preto, de onde vem a minha família”, finaliza.

 

Por Julio Bezerra

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