Diretor debate documentário sobre região da Chapada Diamantina

Um lugar deslumbrante cheio de magia, um vale escondido a mil metros de altitude, na região da Chapada Diamantina, onde pessoas de diferentes nacionalidades buscaram refúgio, deixando grandes centros urbanos para uma ruptura radical com a sociedade de consumo. Eles transformaram o local em um centro de experimentação, diversidade e conflitos ideológicos, que ao mesmo tempo encantam, ameaçam e questionam o futuro da comunidade.

O diretor Roberto Studart foi pela primeira vez à Chapada Diamantina em 1992, e se encantou com o Vale do Capão. Mas a vista que lhe chamou a atenção, composta por inúmeras casinhas perdidas naquela imensidão, estava longe de ser a mesma, quando voltou ao local anos depois.

Situado na região central da Bahia, dentro da área limitada pelo Parque Nacional da Chapada Diamantina, o Vale do Capão é um lugar de beleza única que reúne uma diversidade de paisagens e ecossistemas, de pessoas e histórias de vida.

O Vale abriga imensas formações rochosas de encostas íngremes, além das nascentes dos principais rios do estado, cujos leitos criaram ao longo do tempo um cenário de cavernas, grutas, cachoeiras e quedas d’água que atrai gente dos quatro cantos do mundo.

A origem do Vale remete a meados do século XIX, quando o ciclo da mineração, principalmente do diamante, e depois do café, possibilitaram o surgimento de pequenos vilarejos como Caeté-Açu, mais conhecido como a ‘vila do Capão’. Com o fim do garimpo e da exploração cafeeira, a economia local entrou em declínio e somente durante os anos 80 uma espécie de magia inexplicável acabou atraindo pessoas de diversas partes do mundo, como França, Suíça, Argentina, Itália e Espanha, que vieram em busca de uma mudança radical de estilo de vida, uma ruptura com as formas mais agressivas de uma sociedade de consumo e um modo de vida mais próximo da natureza.

O encontro entre nativos e os “de fora” além da chegada da energia elétrica e da televisão, alterou para sempre a dinâmica de vida e os hábitos dos seus habitantes. Desde então, novas formas de relações sociais foram e vem sendo construídas nessa comunidade que se tornou internacional, com o desenvolvimento de um modo de vida baseado na valorização dos laços de solidariedade.

Juntos, embora não sem conflitos, nativos e alternativos desenvolvem experiências comunitárias/associativas de educação e trabalho, de saúde, lazer, cultura e proteção ao meio ambiente, buscam superar o ainda baixo índice de desenvolvimento humano e tentam abolir os incêndios criminosos que tem se tornado cada vez mais frequentes na região.

“Pra Lá do Mundo” é a estreia em longa-metragem do diretor Roberto Studart, que estará presente na pré-estreia gratuita do filme, no Cine Livraria Cultura, em São Paulo, no dia 23 de maio, quinta-feira, às 20h, seguida de debate com os moradores do Vale do Capão, Zezito Duarte, engenheiro, e Áureo Augusto Caribé Azevedo, médico, artista plástico e escritor. Os ingressos devem ser retirados na bilheteria do cinema a partir das 19h do mesmo dia.

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