Mostra exibe todos os longas de Maurice Pialat
A mostra “O Cinema de Maurice Pialat”, que acontece de 11 a 29 de dezembro, no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, é uma oportunidade única de mergulhar na obra de um dos principais cineastas de década de 70, pós-Nouvelle Vague francesa. Muitos de seus filmes permanecem ainda desconhecidos no Brasil.
Com curadoria de Fábio Savino, a mostra traz na sua programação todos os longas-metragens de Maurice Pialat, inclusive o vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1987, “Sob o Sol de Satã”, que conta a história de Dossignan, um sacerdote muito zeloso de uma paróquia rural. O seu superior Menou-Segrais sempre tenta ajudá-lo em suas dúvidas, porém, numa ocasião Dossignan será tentado pelo Satanás e não poderá pedir ajuda. Ele tentará salvar a alma de Mouchette, uma jovem que matou um de seus amantes.
A mostra ainda exibirá “Infância Nua”(1968), “Nós Não Envelheceremos Juntos” (1972), “A Ferida Aberta” (1974), “Antes Passe no Vestibular” (1978), “Loulou” (1980), “Aos Nossos Amores” (1983), “Polícia” (1985), “Van Gogh” (1991) e “O Garoto” (1995). Os filmes abordam os mais diversos temas como desde os últimos dias do pintor Van Gogh, relação extraconjugal, incerteza da juventude, até a vida de um garoto abandonado.
“O Cinema de Maurice Pialat” também exibirá seis de seus curtas-metragens – os chamados “Curtas Turcos”.
Maurice Pialat, antes de iniciar sua carreira no cinema, trabalhou como pintor e estudou na escola de Artes Decorativas de Paris, mantendo-se sempre próximo do universo das artes. Trata-se de um dos autores mais relevantes do cinema francês, pós-Nouvelle Vague.
Em seus filmes, os planos se sobressaem em relação ao conjunto, assim como os atores ganham mais atenção do que qualquer perfeccionismo formal. Maurice Pialat retratou personagens transgressores e deslocados da sociedade francesa. Suas (não) narrativas são construídas de modo a dar importância fundamental ao trabalho de improvisação do elenco. O cineasta trabalhou com nomes de peso do cinema francês, tais como Sandrinne Bonnaire, Isabelle Huppert e Gérard Depardieu.
Nos últimos anos, o diretor, que morreu em 2003, tem recebido homenagens em todo o mundo; uma das mais importantes aconteceu esse ano na Cinemateca Francesa em Paris.
Confira abaixo a relação de filmes que compõem a mostra. A programação completa pode ser conferida no site www.bb.com.br/cultura.
Longas-metragens:
Infância nua (L’Enfance Nue, França, 1968, 12 anos, 83’)
François é um menino que, após ter sido abandonado por sua mãe, mostra uma conduta agressiva que o impede de se integrar ao mundo que o rodeia.
Nós não envelheceremos juntos (Nous ne vieillirons pas ensemble, França e Itália, 1972, 18 anos, 115’)
Um homem casado mantém uma intensa relação extraconjugal, porém, não decide nunca pelo divórcio. Eterno insatisfeito, ele torna impossível a vida com sua amante. E o sentimento entre os dois transforma-se numa lenta e dolorosa ruptura.
A ferida aberta (La Gueule Ouverte, França, 1974, 16 anos, 82’)
Uma mãe descobre que está irremediavelmente doente. Então, decide partir para o interior com seu filho e sua nora, para passar seus últimos momentos na casa onde viveu e criou o filho. Porém, nesse momento a casa é ocupada por seu distante e infiel marido.
Antes passe no vestibular (Passe ton bac d’abord…, França e Canadá, 1978,14 anos, 86’)
O filme mostra a vida de um grupo de amigos da região de Lens, uma região mineradora. Alguns terminam os estudos sem grandes convicções, outros passam de pequenos bicos ao desemprego. Por que fazer o esforço de passar no vestibular se o futuro é tão incerto? No bistrô onde se reúnem, longe das cobranças da família e da escola, novos casais surgem, depois se separam… A incerteza da juventude é simplesmente vivida.
Loulou (França, 1980, 14 anos,110’)
Nelly troca o marido grosseiro pelo ex-detento Loulou. Ele não quer trabalhar, mas não se importa de roubar. Ela trabalha, mas fica indo e vindo para seu ex pelas mais variadas razões.
Aos nossos amores (À nos amours, França, 1983, 14 anos, 95’)
Suzanne, 15 anos, têm relações sexuais com muitos rapazes, mas não consegue amar nenhum deles. Sua família não consegue entendê-la, e seu pai não gosta de seu comportamento. Quando ele sai de casa, a mãe se torna ainda mais neurótica, e o irmão de Suzanne, Robert, começa a espancá-la como castigo.
Polícia (Police, França, 1985, 14 anos,113’)
O inspetor Maugin está constantemente no encalço de pequenos traficantes de droga. Durante uma batida policial conhece Noria, namorada de um traficante, por quem se apaixona. Tornam-se amantes e ela passa a correr risco de vida.
Sob o sol de satã (Sous le soleil de Satan, França, 1987, 16 anos,93’)
Dossignan é um sacerdote muito zeloso de uma paróquia rural. O seu superior Menou-Segrais sempre tenta ajudá-lo em suas dúvidas, porém, numa ocasião Dossignan será tentado pelo Satanás e não poderá pedir ajuda. Ele tentará salvar a alma de Mouchette, uma jovem que matou um de seus amantes.
Van Gogh (França, 1991, 14 anos, 158’)
Pialat se concentra nos últimos 67 dias de vida de Van Gogh. No final da primavera de 1890, o pintor se muda para Auvers-sur-Oise, onde se hospeda sob os cuidados do Dr. Gachet. Acompanhamos seu envolvimento amoroso com a filha do Dr. Gachet e seu relacionamento conturbado com o irmão Theo. Com uma linda fotografia que remete às obras de Renoir e Manet, Pialat realiza um fascinante retrato da vida íntima e do cotidiano desse genial artista.
O garoto (Le Garçu, França, 1995, 12 anos, 102’)
Gérard e Sophie têm um filho chamado Antoine. Gérard começa a se distanciar de Sophie e os dois discutem constantemente. Mesmo depois de deixar sua família, Gérard não abandona o filho. Fora o tempo que passa com a criança, divide sua vida entre suas amantes e seu trabalho. O trauma que a morte de seu pai lhe causou, é o motivo que leva Gérard a retornar constantemente à sua casa e manter um forte laço com seu filho, Antoine.
Curtas-metragens
O mestre Galip (Maître Galip, França,1964, 11’)
Narração de André Reybaz. A partir dos poemas de Nazim Hikmet (Eu tenho 60 anos, se pudesse cinco anos ainda viveria), as imagens se formam, nos rostos filmados em close, a atmosfera da cidade de Istambul é transmitida como eco da tristeza resignada do poeta.
Bizâncio (Byzance, França, 1964, 11’)
Narração de André Reybaz. Documentário sobre a queda e a pilhagem da cidade de Bizâncio, ocorrida entre 1451-1453.
Pehlivan- os lutadores turcos (Pehlivan, França, 1963, 13’)
Filme sobre um tradicional campeonato de luta turca. Os lutadores vestem coletes de couro para se enfrentarem. No intervalo entre lutas, dançarinas do ventre fazem uma apresentação.
Istambul (Istanbul, França, 1964, 13’)
Retrato do cotidiano dos diferentes bairros de Istambul. Um olhar atento ao cotidiano da cidade, distante das atrações turísticas e voltado para os habitantes, para o comércio, as atividades praticadas na rua e a circulação de pessoas.
O chifre de ouro (La corne d’or, França, 1964, 12’)
Narração de André Reybaz. Cidade de sultões e haréns, de mosteiros e do Islã. Retratos de um tempo onde diferentes comunidades (turcos, gregos, armênios, judeus) viviam em harmonia.
O estreito de Bósforo (Le Bosphore, França, 1962, 14’)
Em oposição a Istambul que representa a cidade grande, o filme evoca o passado da cidade (Bizâncio, Constantinopla, Istambul). Apresenta as mais diversas localidades, monumentos presentes na região e os símbolos da sua história.
Mostra “O Cinema de Maurice Pialat”
Data: de 11 a 29 de dezembro – de quarta a domingo
Local: CCBB São Paulo – Cinema do CCBB (70 lugares) – Rua Álvares Penteado, 112 – Centro – CEP: 01012-000 | São Paulo (SP) – Fone: (11) 3113-3651/3652
Ingressos: R$ 4,00 e R$ 2,00 (meia-entrada e exibições em DVD)
Acesso e facilidades para deficientes físicos, ar-condicionado, Cafeteria Cafezal