Mostra reúne clássicos e independentes canadenses

A mostra “Tão Longe, Tão Perto: o Cinema Canadense”, que acontece no Centro Cultural Banco do Brasil entre 16 de abril e 4 de maio, é composta por 15 filmes, entre eles “waydowntown”, de Gary Burns, nunca exibido no Brasil. A cuidadosa seleção traça um panorama da pungente produção cinematográfica do Canadá, por meio de títulos independentes e outros clássicos pouco revisitados, como “Eu Ouvi as Sereias Cantando”, de Patrícia Rozema, “Léolo”, de Jean-Claude Lauzon, e “Jesus de Montreal”, de Denys Arcand, além de filmes recentemente consagrados por público e crítica, como “Incêndios”, de Denis Villeneuve, “C.R.A.Z.Y”, de Jean-Marc Vallée, “Entre o Amor e a Paixão”, de Sarah Polley, e a mais recente realização do cultuado diretor canadense, David Cronenberg, “Cosmópolis”.

Os temas tratados na mostra espelham a pluralidade cultural e de temáticas que envolvem a sociedade canadense: destacam-se desde questões existenciais como o envelhecer e a morte (“A Companhia de Estranhos” e “O Vendedor”), sexualidade e gênero (“Eu Matei Minha Mãe”, “Eu Ouvi as Sereias Cantando”, “Paciente Zero”, “C.R.A.Z.Y” e “Entre o Amor e a Paixão”), choque cultural e geracional (“O que Traz Boas Novas”, “Incêndios”, “Os Dois Lados da Felicidade”), bem como poéticas autorais e, portanto únicas, presentes nas obras de Denys Arcand (“Jesus de Montreal”), Jean-Claude Lauzon (“Léolo”), e David Cronenberg (“Cosmópolis”). As abordagens por vezes irreverentes, por vezes nada convencionais, têm em comum a contundência de tocar em feridas, em desvelar preconceitos, a liberdade de refletir sobre temas espinhosos, comuns não somente ao Canadá mas ao mundo em que estamos inseridos. Assim, a mostra busca traçar um panorama variado e consistente do cinema canadense, cinema esse acolhido em festivais de relevância mundial, e cada vez mais influente na indústria hollywoodiana de hoje.

Entre os diretores consagrados, marcam presença Denis Villeneuve, com “Incêndios”(2010), indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2011 e ganhador de vários prêmios, entre eles melhor filme e melhor direção no Genie Awards de 2011. De Jean-Marc Vallée, a escolha foi “C.R.A.Z.Y” (2005). O diretor concorreu a várias categorias principais no Oscar deste ano com “Dallas Buyers Club”, que levou três estatuetas, entre elas as de melhor ator e ator coadjuvante. De Philippe Falardeau, o destaque é “O que Traz as Boas Novas” (2011), que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2013 e arrebanhou mais de vinte prêmios internacionais. Já do ícone David Cronenberg é a oportunidade de assistir a seu mais recente filme, “Cosmópolis” (2012). De Denys Arcand, outro ícone premiado da cinematografia canadense, tem-se a chance de rever “Jesus de Montreal” (1989), produção ganhadora do prêmio do Júri no Festival de Cannes de 1989.

Da nova safra de criadores vem o talento precoce de Xavier Dolan, com seu primeiro longa realizado aos 17 anos, “Eu Matei Minha Mãe” (2009). Recentemente, “Tom na Fazenda” (2013), seu quarto filme, participou dos principais festivais internacionais de cinema e foi exibido na 37 º Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. De Sarah Polley, indicada ao Oscar pelo roteiro adaptado de seu primeiro filme, “Longe Dela” (2006), será exibido “Entre o Amor e a Paixão” (2011), estrelado por Michelle Williams. E da revelação Sébastien Pilote, seu primeiro longa, “O Vendedor” (2011).

Das produções realizadas entre os anos 80 e 90, temos os cults “Eu Ouvi as Sereias Cantando” (1987), de Patricia Rozema; “Léolo” (1992), de Jean-Claude Lauzon, morto precocemente em um acidente de avião, em 1997; “Na Companhia de Estranhos” (1990), de Cynthia Scott; “Os Dois Lados da Felicidade” (1995), de Mina Shum; “Paciente Zero” (1993), de John Greyson; e “A Última Noite” (1998) do ator e diretor Don Mckellar, com destaque para o elenco composto por Sarah Polley, David Cronenberg, Sandra Oh e o próprio McKellar.

Gary Burns, autor de resistência local e símbolo de uma produção cinematográfica irreverente e cáustica, coroa a mostra “Tão longe, Tão perto: o Cinema Canadense” com o ainda inédito no Brasil “waydowntown” (2000). O filme se passa em Calgary, província de Alberta, terra natal de Burns, e tece uma crítica sarcástica sobre a cultura corporativa canadense. Não raro, apropria-se do surrealismo como linguagem e carrega no título uma referência a uma forma particular de suicídio.

No dia 26 de abril (sábado), das 16h30 às 18h30, acontece um debate com o público com a presença de André Sturm, distribuidor e exibidor de filmes e atual diretor do Museu da Imagem e do Som de São Paulo, e do curador da Mostra, Marcos Ribeiro de Moraes. As senhas são distribuídas por ordem de chegada e a lotação é de 70 lugares.

A programação completa está disponível em www.bb.com.br/cultura.

 

Mostra Tão Longe, Tão Perto: o Cinema Canadense
Data: de 16 de abril a 4 de maio
Local: Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo – Rua Álvares Penteado, 112 – Centro – (11) 3113-3651/3652 – Cinema do CCBB SP (70 lugares)
Ingressos: entre R$ 2,00 (meia/exibição em DVD) e R$ 4 (inteira)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.