Jogo das Decapitações

“Jogo das Decapitações” estreia nesta quinta-feira, 19 de junho, em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Maceió e Brasília. O longa-metragem dirigido por Sérgio Bianchi – “Cronicamente Inviável” (2000), “Quanto Vale ou É por Quilo?” (2005) e “Inquilinos” (2009) – aborda temas atuais e presentes na realidade brasileira, como violência, repressão policial, ódio entre classes e corrupção, e surgiu a partir do descontentamento do diretor com os rumos tomados pela geração da qual faz parte.

Fernando Alves Pinto (“São Silvestre”, 2013, e “2 Coelhos”, 2011) é Leandro, estudante de mestrado que está prestes a perder o prazo de entrega de sua tese sobre grupos militantes que tentaram combater a ditadura brasileira. Ele é filho de Marilia, interpretada por Clarisse Abujamra, uma ex-guerrilheira que hoje preside uma ONG para vítimas do regime militar e busca indenização do governo pela tortura que sofreu. É ela quem liga para os amigos, anistiados que agora estão no poder, para pedir emprego ao filho.

Rafael (Silvio Guindane) é aparentemente o único amigo de Leandro. Contestador, o jovem universitário traz a tona todos os podres da sociedade brasileira, criticando governo e oposição. Vera (Maria Manoella) é sua colega de trabalho – mais um bico arranjado pela mãe – e só quer saber de ganhar dinheiro e cuidar de sua vida, não ligando a mínima para política.

Em meio às pesquisas para o mestrado, Leandro descobre um filme censurado em 1973 que foi dirigido por seu pai, Jairo Mendes (Paulo Cesar Peréio), um cineasta “marginal” que ele não conheceu. Mesmo pressionado por seu orientador, ele fica obcecado pela obra, “Jogo das Decapitações” (as imagens são de “Maldita Coincidência”, primeiro longa de Bianchi, de 1979), e resolve ir atrás do filme e da história por trás de seu polêmico e profético pai.

Leandro, que até este momento assiste quase que de maneira apática aos horrores do cotidiano brasileiro, explorados sem pudores por uma mídia comercial, começa então a questionar a posição de vítimas dos militantes da ditadura e o privilégio de poucos dentro de nossa sociedade. Ele percebe que os torturados de ontem são os homens na política de hoje, mas pararam no velho discurso.

“Jogo das Decapitações”, que foi exibido nas últimas edições do Festival do Rio e da Mostra Internacional de São Paulo, remexe em feridas de um passado recente e nos exibe um presente corrompido, com situações que toleramos ou que fingimos não ver.

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