Retrospectiva exibe obra completa de Fritz Lang

A mostra Fritz Lang – O horror está no horizonte, que acontecerá no Centro Cultural Banco do Brasil, de 11 de julho a 24 de agosto, em São Paulo, de 30 de julho a 14 de setembro, em Brasília, e de 13 de agosto a 22 de setembro, no Rio de Janeiro, traz uma retrospectiva completa em película dos filmes feitos pelo cineasta entre 1919 a 1960, apresentando as diversas fases da carreira de Lang, desde seu início no cinema silencioso alemão, com filmes como Metrópolis e Os Nibelungos, passando ao cinema sonoro com M – O Vampiro de Düsseldorf, seus anos em Hollywood, com clássicos como Fúria, Os Corruptos e Almas Perversas, e o retorno à Alemanha no final dos anos 1950, quando realiza sua obra derradeira, Os Mil Olhos do Dr. Mabuse.

A mostra traz ainda obras bastante raras e menos conhecidas do cineasta, como House by the River (1950), A Gardênia Azul (1953) e O Tesouro do Barba Rubra (1956).

Nascido em 1890, em Viena, Lang começou sua carreira no cinema silencioso alemão em 1919, na época do Expressionismo, junto a diretores como F.W. Murnau e Robert Wiene, diretor de O Gabinete do Dr. Caligari (1919). Sabe-se que dois filmes dirigidos por Lang deste primeiro período encontram-se hoje perdidos, sendo As Aranhas (1919) o primeiro filme de sua autoria hoje disponível. Dessa primeira fase de sua carreira, ainda durante o cinema silencioso, destacam-se filmes como A Morte Cansada (1921), com seu visual expressionista, Os Nibelungos (1924) e principalmente Metrópolis (1927), épico futurista de grande esmero visual e arquitetônico.

Apesar de bem-sucedido durante a década de 1920, a carreira alemã de Lang não é tão promissora quanto parece. Em 1933, com a ascensão do nazismo, sua situação é desanimadora: seu filme O Testamento do Dr. Mabuse é censurado por Goebbels e sua mulher, Thea von Harbou, com quem havia escrito grande parte dos seus filmes até então, se converte ao nazismo. Lang então se divorcia e se exila, indo parar na França, onde realiza Coração Vadio (1934), filme perfeitamente coerente com o “realismo poético francês”, em voga naquela país através de diretores como René Clair.

Seu nomadismo só termina ao chegar em Hollywood, onde ficaria durante mais de vinte anos. Este período inicialmente foi visto pela crítica da época como “convencional”, como se o cineasta tivesse “se vendido”. É verdade que Lang teve de se adequar ao ritmo de produção hollywoodiano, passando por diversos gêneros (faroeste, guerra, romance), que não eram os seus preferidos. No entanto, como mais tarde soube reconhecer a crítica francesa, Lang jamais deixou de ser um “autor”, sempre imprimindo a sua visão pessoal de mundo nos filmes.

Durante a fase americana, Lang manteve predileção por um gênero em especial: o filme noir. Produto das intrigas policiais da década de 1940, o noir é caracterizado por protagonistas anti-heróis e um contexto de submundo e degradação humana. Essa fidelidade de Lang, notável em filmes como Retrato de Mulher (1944), Almas Perversas (1945) ou Gardênia Azul (1953), não veio por acaso: relaciona-se diretamente ao mesmo diretor de M – O Vampiro de Düsseldorf, no qual a noite e a penumbra guardavam a manifestação de estados menos “apresentáveis” do homem. O linchamento público (M, Fúria), a pena de morte (Vive-se uma Só Vez, Suplício de uma Alma), as sociedades secretas (Os Carrascos Também Morrem, Quando Desceram as Trevas) são alguns de seus temas, caracterizados por preferências por ambientes internos (tribunais, prisões, a própria noite como uma atmosfera fechada e pouco acolhedora) e por personagens que não se subordinam a Deus ou à moral.

Aos 66 anos de idade, Lang retorna à Alemanha, onde realiza seus três últimos filmes. Ele tira da gaveta roteiros da década de 20 de sua ex-mulher Thea von Harbou, realizando filmes de aventura em paisagens exóticas, como os que realizara no início da carreira: são o díptico O Tigre de Bengala e O Sepulcro Indiano, ambos de 1959 e protagonizados por Debra Paget. Sua obra derradeira, Os Mil Olhos do Dr. Mabuse, é um retorno também a um velho personagem, perverso e malvado, dos velhos tempos.

A programação completa pode ser conferida no site www.bb.com.br/cultura.

 

Retrospectiva “Fritz Lang – O horror está no horizonte”
Data: 11 de julho a 24 de agosto
Local: Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo – Cinema (70 lugares) – Rua Álvares Penteado 112, Centro – São Paulo – Telefone: (11) 3113.3651
Funcionamento: quarta a segunda, das 9h às 21h
Ingressos: R$ 4 (inteira) e R$ 2 (meia)
Acesso e facilidades para deficientes físicos; ar-condicionado; Cafeteria Cafezal; Estacionamento conveniado: Estapar Estacionamentos – Rua da Consolação, 228 (Edifícios Zarvos) R$ 15,00 pelo período de 5 horas. Necessário validar o ticket na bilheteria do CCBB. Transporte gratuito até as proximidades do CCBB – embarque e desembarque na Rua da Consolação, 228 (Edifício Zarvos) e na XV de novembro, esquina com a Rua da Quitanda, a vinte metros da entrada do CCBB.

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