Luzes na Ribalta

Em 16 de maio de 1952, a estreia de Luzes da Ribalta num apinhado cinema da Leicester Square, em Londres, com a presença de membros da realeza britânica e uma cobertura estrondosa da imprensa, selou a conclusão de um longo projeto criativo de Charles Chaplin. A gênese do seu último filme realizado nos Estados Unidos remontava aos primórdios de sua trajetória no cinema.

Em 1916, astro de Hollywood em meteórica ascensão, o jovem Chaplin foi visitado em seu estúdio pelo mítico bailarino russo Vaslav Nijinsky. A profunda impressão causada em Chaplin pela estrela dos Ballets Russes, que pouco depois abandonaria a dança com um diagnóstico de esquizofrenia, está na origem da primeira concepção de um filme centrado na decadência física e artística de um bailarino.

No fim dos anos 1940, Chaplin voltou a este tema e começou a escrever um argumento sob a forma de novela, intitulada Footlights. Fonte principal do roteiro de Luzes da Ribalta (Limelight), o texto foi concluído três anos depois, e se manteve inédito por mais de seis décadas no arquivo pessoal do autor, até ser descoberto e editado por David Robinson, crítico inglês e biógrafo oficial de Chaplin, sob os auspícios da Cineteca di Bologna.

A pungente história de Calvero, um palhaço velho, decadente e bêbado, e seu amor platônico pela jovem bailarina suicida Thereza, foi transposta para as telas com poucas alterações substanciais, e mostra um narrador em pleno domínio dos diálogos, do espaço e do tempo da ficção longa. A presente edição, ilustrada por dezenas de reproduções de documentos e fotografias do Charles Chaplin Archive, inclui um alentado ensaio de David Robinson sobre a criação do romance e do filme, bem como sobre o ambiente cultural da Londres de 1914 retratada por Chaplin.

Sobre o autor: Charles (Spencer) Chaplin nasceu em Londres, em 1889. De família artística, estreou ainda criança no teatro. Mudou-se em 1913 para os Estados Unidos, onde nas décadas seguintes realizou como diretor e ator alguns dos maiores filmes de todos os tempos, como O Garoto (1921), Luzes da Cidade (1931), Tempos Modernos (1936) e Monsieur Verdoux (1947). Acusado nos EUA de simpatias comunistas, retornou com a família para a Inglaterra em 1952, mudando-se em seguida para a Suíça. Em 1964, publicou a autobiografia Minha Vida. Em 1972, recebeu um Oscar honorário pelo conjunto de seus filmes. Três anos depois, foi consagrado Cavaleiro do Império Britânico pela rainha Elizabeth II. Morreu em Vevey, na Suíça, em 1977.

David Robinson (org.) nasceu em Lincolnshire, na Inglaterra, em 1930. Foi crítico de cinema do jornal Financial Times e do Times. Seu Chaplin – Uma Biografia Definitiva, publicado em 1985, é considerado o melhor livro de referência sobre a vida e a obra de Chaplin.

Luzes da Ribalta
Autor: Charles Chaplin
Organização: David Robinson
Tradução: Henrique de Breia Szolnoky
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 224
Preço: R$ 64,90

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