Norma Bengell
“O que eu quero é não morrer muda”; o lema que norteou a vida de Norma Bengell é materializado na publicação da sua autobiografia póstuma, que chega às livrarias brasileiras pelas mãos da nVersos Editora. Finalizado pouco antes de sua morte, em outubro de 2013, o texto traz o tom da personalidade forte e expressiva de Norma ao revelar, destemida e sem pudores, detalhes íntimos de sua vida, dos bastidores do cinema, do teatro e do poder, com suas prisões durante a ditadura, ao exílio e à vida glamorosa de musa do cinema na Europa.
Mais do que encarnar a principal sex symbol de uma geração, Norma se destacou pela coragem e determinação. Despida não apenas de corpo, mas também de alma, nunca se calou e encarou – muitas vezes, de forma inconsequente – desamores, preconceitos da sociedade, injustiças políticas e sociais e, principalmente, os altos e baixos da profissão, como uma atriz e cineasta indomável, que sacrificou sua vida pela arte.
“O texto de Norma não é apenas a narrativa das aventuras artísticas de uma menina que conseguiu furar a barreira do anonimato e saltar o muro enganoso da fama: é uma narrativa cheia de lances humanos e, poderíamos chamar, de saudável caldo humanista, onde a emoção e os sentimentos mais profundos da alma estão à flor da pele”, diz o amigo Luiz Carlos Barreto, que assina o prefácio.
Uma das grandes responsáveis pelo movimento que iniciou a retomada da produção de cinema no Brasil, na virada dos anos 1980 para 1990, teve na sétima arte seu grande veículo de reconhecimento, nacional e internacional, mas também foi pelo cinema que viu o início da ruína de sua trajetória profissional, e até de sua vida, injustiçada e acusada de irregularidades que, posteriormente, se provaram infundadas.
Foram muitos tombos nos seus últimos anos. A perda da grande amiga de mais de 30 anos a deixou psicologicamente abalada e a base de muitos remédios. Outro tombo, dessa vez em um tapete, deixou marcas e sequelas em seu corpo, que a acompanhariam até os últimos dias. Porém, a vontade de trabalhar e o desejo de produzir ficam claros, mesmo depois que os movimentos estavam comprometidos. Foi durante uma gravação do humorístico Toma Lá da Cá, da TV Globo, que ao ouvir a palavra “ação”, Norma não consegui levantar e, a partir de então, passou a usar cadeira de rodas.
A obra foi garimpada durante o trabalho de pesquisa de histórias e biografias que a nVersos Editora começou a fazer, há alguns anos. Os originais estavam sendo resgatados e organizados pela produtora cultural Christina Caneca. O livro é baseado nos originais escritos pela própria atriz em dois diferentes períodos de sua vida. As páginas, datilografadas há muitos anos, muitas já quase ilegíveis, foram cuidadosamente recuperadas e transcritas por uma equipe de profissionais da nVersos.
Norma Bengell
Autora: Norma Bengell
Organizadora: Christina Caneca
Editora: nVersos
Páginas: 366
Preço: R$ 59,90