O caderno de Paulino
Três anos atrás, o cineasta (e compositor) Jorge Alfredo Guimarães, diretor do longa “Samba Riachão”, resolveu criar um espaço dedicado, por inteiro, ao cinema brasileiro em geral e ao baiano, em específico. A ideia foi ganhando corpo e leitores. Hoje, quem acessar o blog “Caderno de Cinema” poderá desfrutar de um cardápio de mais de 600 textos (sobre o ofício cinematográfico e seus artífices: diretores, atores, produtores e técnicos). No fim do ano passado, o projeto foi contemplado pelo edital Arte em Toda Parte, da Fundação Gregório de Mattos, de Salvador. O apoio serviu para o aperfeiçoamento digital do blog e para a realização de um sonho que vinha das origens: editar o “Caderno de Cinema” em papel.
O primeiro volume – que traz na capa um dos pioneiros do Cinema Baiano, o cineasta Luiz Paulino dos Santos, de 84 anos – distribuiu, em suas 100 páginas, 24 matérias fartamente ilustradas. A edição inaugural, lançada com grande festa no Teatro Gregório de Mattos, totalmente remodelado, tem como foco a Nova (e a Novíssima) Onda Baiana, estudada pela pesquisadora Maria do Socorro Carvalho. Maria é autora do livro “A Nova Onda Baiana – 1958-1962” (EdUFBa, 2003), consistente registro da renovação do cinema local empreendida por Glauber, Paulino, Roberto Pires, Trigueirinho Neto, Rex Schindler, Antônio Pitanga, Helena Ignez, Luiza Maranhão, Geraldo Del Rey e Othon Bastos.
Agora, nos anos que correm, Maria vê “um novo processo de renovação e qualificação dos cineastas locais, que passaram a atuar de forma mais organizada e profissional, desde o final dos anos 1990”. É a turma de Edgard Navarro, José Araripe, Pola Ribeiro, Edyala Iglesias, José Umberto, Joel de Almeida, Henrique Dantas e do próprio Jorge Alfredo. Nesse momento, surgiram, também, instituições de ensino superior dedicadas à formação de profissionais de cinema. Depois de jejum de 18 anos sem realizar longas-metragens, a Bahia produziu, a partir de 2001, quase 50 títulos de ficção, animação e documentário, muitos deles com passagens vitoriosas por festivais. Falta conquistar o grande público. Os volumes impressos do “Caderno de Cinema” serão distribuídos gratuitamente a instituições culturais e educativas. Mais informações no www.cadernodecinema.com.br/blog.