Festival de Gramado 2015: “Nós Duas Descendo a Escada”

Por Maria do Rosário Caetano, de Gramado

 

Depois do debate das ideias contidas no livro “Trajetórias do Cinema Moderno”, de Éneas de Souza, o público dirigiu-se  ao Palácio dos Festivais, para assistir, na Mostra de Longas Gaúchos (não competitiva), ao novo longa-metragem de seu filho, FABIANO DE SOUZA, “As Duas Descendo a Escada”. O amor homoafetivo entre duas mulheres, uma arquiteta e uma jovem recém-formada pela Faculdade de Artes, gerou uma brincadeira com o título do longa de 107 minutos: “Azul é a Cor Mais Morna”, em referência ao filme do franco-tunisiano Abdelatif Kechiche.

Há muito sexo no filme de Fabiano, mas não tão explícito e intenso quanto no poderoso longa que conquistou, dois ou três anos atrás, a Palma de Ouro em Cannes. O longa de Fabiano foi concebido antes do aparecimento de “Azul é a Cor Mais Quente”. Mas como veio, cronologicamente, depois, a comparação será inevitável. As duas protagonistas do filme são talentosas (principalmente a que interpreta a jovem recém-formada). O forte e poético registro da cidade de Porto Alegre, com seus edifícios e escadarias, nos cativa. A leveza da câmara de Bruno Polidoro, tributária dos filmes da Nouvelle Vague, em especial os de Rohmer, é o que o filme tem de melhor. Mas falta força ao roteiro, fato agravado por uma direção de arte excessiva e fashion.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.