Festival une cinema e gastronomia

A sexta edição do Slow Filme – Festival Internacional de Cinema, Alimentação e Cultura Local arte, que acontece no período de 10 a 13 de setembro, no Cine Pireneus, da pequena cidade de Pirenópolis, exibirá 19 títulos, a grande maioria inédita no Brasil, em sessões com entrada franca.

Sob a curadoria do professor e crítico Sérgio Moriconi, estarão na tela filmes que estreiam no Brasil, como o peruano Na Trilha de Gastón (Buscando a Gastón)que apresenta a gastronomia original e o pensamento do chef Gastón Acurio, atualmente o mais conceituado chef sul-americano) e o japonês Pequena Floresta: Verão & Outono (Little Forest: Summer/Autumn), uma deslumbrante ficção que mostra o retorno de uma chef de cozinha a sua pequena cidade natal e a opção por sempre preparar os alimentos com os ingredientes naturais de cada estação do ano. Também inéditos no país são o suíço Z’Alp, mostrando a vida de três famílias nos Alpes suíços, o italiano O Último Pastor (L’Ultimo Pastore)sobre um homem que resolve ir para o centro de uma grande cidade mostrar às crianças da metrópole como são as ovelhas, e o canadense O Produtor de Chocolate (The Chocolate Farmer)que acompanha um ano na vida de uma família do sul de Belize, produtora de cacau com métodos como os dos antigos maias.

Como destaque, uma homenagem à Itália com a exibição, dentre outros, do curta-metragem O Macarrão (I Maccheroni),de Raffaele Andreassi, um emocionante filme de 1959, que foi recentemente recuperado pela Cinemateca de Bolonha, sobre o costume das famílias de comer macarrão com molho de tomate aos domingos. E também uma seleção de três curtas assinados pelo grande cineasta italiano Vittorio de Seta: O Tempo do Peixe Espada (Le tempu di li pisci spata), A Parábola do Ouro (Parabola D’Oro) Um dia na Barbagia (Un Giorno en Barbagia). Os filmes fazem parte da série de documentários realizados por De Seta entre 1954 e 1959, registrando o cotidiano dos trabalhadores pobres da Sicília, terra natal do diretor, e que demonstram sua imensa capacidade narrativa.

Dentre os filmes nacionais, O Encontro dos Sabores – No Rio Negro, dirigido pelo cineasta amazonense Aurélio Michiles, que apresenta o registro da expedição gastronômica realizada neste rio amazônico pelo estudioso de alimentação Toni Massarés, diretor da Fundação ALICIA, criada pelo chef catalão Ferran Adriá. E um título da pesquisa Saberes e Sabores da Colônia, conduzida pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Alimentação e Cultura (GEPAC), ligado à Universidade Federal de Pelotas, que apresenta o trabalho da Família Camelatto, de origem italiana, produtora de vinho há quatro gerações na Serra do Tapes. 

Amparando-se nos conceitos do movimento Slow Food, o festival quer mostrar que as escolhas que fazemos afetam o mundo a nosso redor: a biodiversidade, as tradições, os sabores. Para o 6º Slow Filme, a proposta é falar de diversidade, tradição e consciência. Serão exibidos filmes que lançam luz sobre diversas maneiras que os seres humanos têm encontrado de afirmar suas diferenças e manter suas raízes. É o caso, por exemplo, do norte-americano Growing Cities – Hortas e Canteiros Urbanos (Growing Cities – A film about urban farming in America), de Dan Susman, que mostra o crescimento de fazendas urbanas nos Estados Unidos e investiga as possibilidades de mudança gerada por este tipo de iniciativa nos hábitos alimentares dos americanos. E Imazighen da Terra (Imazighen dalla terra), interessante produção italiana que mostra o cotidiano dos integrantes da tribo berbere Imazighen, que vive em três vilarejos do leste do Marrocos, seguindo o fluxo natural do tempo.

Um título que promete despertar curiosidade, Pasta Mania (Pasta Mania – a world of pasta) apresenta a imensa diversidade de maneiras de preparar macarrão e oferece dados surpreendentes como o fato de, a cada ano, serem consumidas no mundo 11 toneladas de massa.

Também integra a programação, o curta-metragem Nerua Guggenheim, uma viagem à essência (Nerua Guggenheim, un viaje a la esencia)sobre o famoso restaurante do chef Josean Alija, situado no Museu Guggenheim, de Bilbao, Espanha, onde a gastronomia está aliada a um pensamento minucioso sobre a cozinha e sua relação com o entorno. Além de Os Catadores e Eu (Les Glaneurs et la Glaneuse), obra-prima da diretora francesa Agnès Varda.

Como sessão especial, a exibição do curta-metragem Tecendo Memórias, de Iara Magalhães, acontece na manhã do sábado. No filme, está o registro das histórias da comunidade tecelã Fios do Cerrado, de Uberlândia, cuja técnica vem sendo passada de mãe para filha há várias gerações. A diretora estará presente à sessão e conversará com a plateia após a projeção.

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