“A Palavra” de Guilherme

O cineasta Guilherme de Almeida Prado realizou um filme que está para ser lançado há um bom tempo: “A Palavra”, produção da Anjoluz Filmes, com Tuca Andrada, Oscar Magrini, Karina Barum, Regina Remencius e Luciano Szafir à frente do elenco. O “Boletim Filme B” o coloca como um dos lançamentos deste primeiro trimestre. Mas não especifica a data. Enquanto o filme, que tem “A Palavra” divina como fonte de inspiração, não estreia, Guilherme ganha mostra retrospectiva, acompanhada de debates, no recém-criado cineminha da Casa Guilherme de Almeida, no paulistano bairro de Perdizes. Serão exibidos todos os filmes de empenho cultural do cineasta, nascido em Ribeirão Preto, há 61 anos: “A Flor do Desejo” (84), “A Dama do Cine Shangai” (grande vencedor do Festival de Gramado/1987), “Perfume de Gardênia” (1993), “A Hora Mágica” (1999) e “Onde Andará Dulce Veiga?” (2008). E, de brinde, uma pequena joia, o curta “Glaura”, que nasceu como episódio do longa gaúcho-paulista “Felicidade É…” (1995), mas acabou fora da edição final. Não por falta de qualidade. E sim devido à pressa dos outros realizadores, que queriam colocar o filme na competição de Gramado.

A mostra da Casa Guilherme de Almeida não incluirá o primeiro longa de Prado, a comédia erótica “A Tara de Todos Nós”, que ele realizou em 1981, na Boca do Lixo paulistana. O filme, composto de três episódios (“O Uso Prático dos Pés”, “A Tesourinha” e “Programa Duplo”), ficou meio esquecido na obra do realizador paulista. Guilherme, aliás, pode orgulhar-se de, junto com Joaquim Pedro de Andrade (autor do notável “Guerra Conjugal”, 1975), ter estabelecido, em “Perfume de Gardênia”, estimulante diálogo com o cinema erótico (e por extensão, com a Boca do Lixo). Joaquim, com fonte nobre (a literatura de Dalton Trevisan), e Guilherme, com suas vivências na Boca, onde iniciou-se como assistente do diretor Ody Fraga e aprendeu muito com o fotógrafo Claudio Portiolli.