Mostra exibe a produção do polêmico diretor inglês Derek Jarman

A mostra áudio-visual “Derek Jarman – Cinema é liberdade”, que acontece na Caixa Belas Artes, de 19 de maio a 1o de junho, em São Paulo, traz a produção de videoclipes, longas e curtas-metragens do polêmico artista inglês Derek Jarman. Com curadoria de Raphael Fonseca, a seleção de 26 obras apresenta a opulência visual, o fascínio pela violência e o cuidado com a sonoridade do diretor notabilizado pela temática homoerótica e a representação “queer” de personagens da história da arte e da política ocidental.

Cineasta britânico que desenvolveu carreira calcada em imagens vanguardistas através das quais procurou desmistificar a homossexualidade e explorar a experiência humana, Jarman, muitas vezes, tomou peças clássicas ou personagens históricos como base para seu trabalho. Estudou na King’s College e na Slade School of Fine Arts. Além da extensa filmografia, também dirigiu séries para a televisão britânica, contabilizando dezenas de colaborações em videoclipes e apresentações de músicos e compositores como Marianne Faithfull, Brian Ferry, Bob Geldof, Patti Smith, Marc Almond, Suede e o duo synth-pop Pet Shop Boys. Anteriormente à sua carreira audiovisual, Jarman havia realizado diversas exposições de pinturas na Inglaterra.

Serão exibidos, na mostra, os longas-metragens “Sebastiane” (1976), fantasia militar em torno de São Sebastião, ambientada na Roma do Imperador Diocleciano, com trilha-sonora original de Brian Eno; “Jubilee” (1978), retrato da cena punk londrina realizado no aniversário de 25 anos do reinado de Elizabeth II; “A Tempestade” (1979), baseado no drama clássico de Shakespeare; o obscuro “Caravaggio” (1986), premiada ficção biográfica em torno da vida do pintor do Barroco italiano; “The Angelic Conversation” (1987), em que imagens de jovens moços são contrapostas à leitura de 14 sonetos de Shakespeare pela atriz Judi Dench, musicados pela banda gótica Coil.

“War Requiem” (1989), por sua vez, é um filme mudo ambientado durante a Primeira Guerra Mundial, que segue a obra não-litúrgica do compositor inglês moderno Benjamin Britten e a poesia de Wilfred Owen. “The Last of England” (1989) trata de uma narração apocalíptica sobre a Inglaterra, com participação de sua atriz predileta Tilda Swinton. Em “The Garden” (1990), Jarman parte da Paixão de Cristo para discutir a repressão sexual e a homofobia, enquanto “Edward II” (1991) parte de uma adaptação contemporânea do drama de Christopher Marlowe sobre o monarca inglês e sua relação com o conde Piers Gaveston, e “Wittgenstein” (1992) traz uma biografia do filósofo alemão.

“Blue” (1993), montagem poética finalizada post-mortem, trata do drama pessoal do diretor vitimado pelo vírus da AIDS em 1994. “Glitterburg” (1994) é um filme autobiográfico caseiro com passagens gravadas na mítica boate gay londrina Heaven, cenas de bastidores de outras produções suas e textos de William S. Borroughs, autor maldito retratado no curta “Pirate Tape” (1987), também em exibição.

Além dos longas de carreira de Jarman, que também era pintor, estão na mostra os médias “In the Shadow of the Sun” (1984) e “Will You Dance with Me” (1984), filmagem não editada feita na boate Benji; os videoclipes da banda inglesa The Smiths, “The Queen is Dead”, “There is a Light That Never Goes Out” e “Panic”, dirigidos por Jarman; a série de quatro curtas “The Art of Mirrors”, feita entre 1970 e 1974; e, por fim, a coletânea de curtas “Aria” (1987), baseada em árias de óperas, com sua participação e de outros nove importantes diretores de cinema.

Os filmes biográficos tampouco ficam de fora da seleção da mostra: “Derek Jarman: Life as Art” (2004) e “The Gospel According to St. Derek” (2014), ambos com direção e roteiro de Andy Kimpton-Nye; “Derek”(2009), dirigido por ninguém menos que Bernard Rose e o premiado artista inglês Isaac Julien; e “Prospect Cottage” (2015), documentário de Howard Sooley sobre o jardim da casa do diretor.

E ainda, nos dias 21 e 29 de maio, às 18h30, estão programadas palestras com Cecilia Mello (Profa. do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da ECA-USP) e Luiz Andreghetto (professor e artista visual, doutorando no programa de pós-graduação em Multimeios pelo Instituto de Artes da Unicamp), respectivamente. E, no sábado, dia 28 de maio, também às 18h30, Christian Borges (Prof. do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão e do Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais da USP) e Pedro Tinen (mestrando no programa de pós-graduação em Multimeios na UNICAMP) debatem sobre a obra do diretor.

 

Mostra Derek Jarman – Cinema é liberdade
Data: de 19 de maio a 1o de junho
Local: Caixa Belas Artes – Sala 4 Aleijadinho (Capacidade: 141 lugares) – Rua da Consolação, 2423 – Consolação – São Paulo (SP) – (11) 2894 5781
Entrada: R$10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia) / clientes da Caixa: 50% de desconto na compra do ingresso com cartão de débito da Caixa
Funcionamento: de segunda-feira a domingo, das 13h30 às 23h30
Classificação etária: 14 anos

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.