A goleada argentina
Em fevereiro de 2003, na Revista de CINEMA número 34, Jean-Claude Bernardet publicou artigo dos mais provocadores e afirmou que (em termos de cinema) “Os Argentinos Dão um Banho nos Brasileiros”. Muita tinta foi gasta para concordar ou discordar de suas provocações. Em junho último, o “Boletim Filme B” publicou relatório do Observatório Europeu do Audiovisual que compara o market share (taxa de ocupação dos cinemas de cada país por sua própria cinematografia) de várias nações dos cinco continentes.
Em relação à América Latina, os dados do observatório mostram que a Argentina está batendo o Brasil. Voltou ao primeiro lugar, em 2015, graças a sucessos como “O Clã” (2,5 milhões de ingressos), chegando a ocupar quase 15% de seu mercado interno (contra 13% da produção brasileira). No ano anterior, a Argentina assistira ao triunfo nacional (e internacional) de “Relatos Selvagens” (4 milhões de espectadores, maior bilheteria auditada do país). O filme de Damian Szifrón foi vendido para centenas de países. E, este ano, duas comédias estão agitando as bilheterias de nosso vizinho bom de bola: a primeira foi “Me Casé Con Un Boludo” (no Brasil, “Roteiro de Casamento”), que vendeu 2 milhões de tíquetes; a segunda, “Un Hijo Rojo”, ainda em cartaz.
Dados do Observatório Europeu mostram que, depois de Argentina e Brasil, aparecem o Peru (terceiro lugar, com 7%), México (com reduzidos 6,1%), Colômbia (5,8%), Chile (3,8%), Venezuela (3%) e Uruguai (1,3%). No plano internacional, o país com a maior taxa de ocupação de seu mercado interno é o Irã (98,6%), seguido dos EUA (88,8%, já que este país considerou estrangeiras produções como a britânica “007 Contra Spectre” e o australiano “Mad Max – Estrada da Fúria”), Índia (85%), Egito (80%), Turquia (56,8%), Japão (55,4%), Coreia do Sul (52,2%), Reino Unido (44,5%) e França (35,5%).