Festival de Vitória exibe 83 filmes e atrações musicais que somam Erasmo Carlos e Silvero Pereira
Foto: “A Mãe”, de Cristiano Burlan
Por Maria do Rosário Caetano
O filme “A Mãe”, protagonizado por Marcélia Cartaxo, abre na noite dessa segunda-feira, 19 de setembro, a vigésima-nona edição do Festival de Cinema de Vitória. Até sábado, 24, a capital capixaba apresentará 83 filmes de curta e longa-metragem, homenageará a atriz Bete Mendes e promoverá o Festival Musical TendaLab com artistas como Erasmo Carlos, Silvero Pereira e sua Banda Paralela, Maíra Freitas e Jazz das Minas e o performer Johnny Hooker.
A noite começa com cinema e termina madrugada adentro com embalos sonoros, em espaço especial montado ao lado do Centro Cultural Sesc Glória, no núcleo histórico da cidade. Ao longo do dia, em espaços como o Cine Metrópolis, na UFES (Universidade Federal do Espírito Santo), no Hotel Golden Tulip Porto Vitória e na Escola Vasco Coutinho, em Vila Velha, acontecem diversas mostras competitivas (além da principal – a de longas e curtas brasileiros –, outras dez compõem o festival capixaba), haverá debates com os realizadores, homenagens e atividades de formação (cursos, oficinas e seminários). Toda a programação é gratuita.
“A Mãe”, produção paulista de Cristiano Burlan, disputará o Troféu Vitória de melhor filme com o carioca “A Mãe de Todas as Lutas”, de Susanna Lira, o paranaense “Ursa”, de William de Oliveira, o campineiro “Germino Pétalas no Asfalto”, de Coraci Ruiz e Júlio Matos, e o brasiliense “Capitão Astúcia”, de Filipe Gontijo.
O longa de Burlan, filmado na periferia paulistana, com a paraibana Marcélia Cartaxo interpretando uma mãe em desespero à procura do filho, rendeu a ele o Kikito de melhor diretor e a ela o de melhor atriz. Isto, apenas três anos depois dela causar furor na pele da veterana bailarina Pacarrete. Prêmio, que, aliás, ela bisou em Vitória. Portanto, “A Mãe” não é um filme 100% inédito. O festival capixaba não exige ineditismo fora do Estado. Mas todos os filmes escolhidos são inéditos no circuito comercial. O que é ótimo, pois festival existe para abrir janelas para novas produções. Não para exibir filmes já explorados à exaustão.
No campo do curta-metragem, o Festival de Vitória se apresenta como uma usina criativa. Primeiro, porque seleciona mais de 60 curtas. E os espalha por dez mostras: Curta Nacional, Foco Capixaba, Curta Ambiental, Do Outro Lado – Fantástico, Mostra Corsária, Outros Olhares, Mostra Cinema e Negritude, Mostra Mulheres, Quatro Estações e Cinema Infantil. Há, ainda, uma mostra competitiva de Videoclipes.
Dispondo de tantas subdivisões, o comando do festival pode colocar filmes já muito vistos e premiados — como o ótimo “Chão de Fábrica”, de Nina Kopko — no segmento de obras dirigidas por mulheres.
Este ano, o inquieto e ousado Carlos Adriano comparece ao evento na competição de curtas nacionais com “Sem Título #8: Vai Sobreviver” e, sob a misteriosa rubrica Mostra Corsária (trata-se, claro, de homenageam a “Alma Corsária”, o belo longa de Carlão Reichenbach), com “Tekoha”, que esteve no Festival de Documentários É Tudo Verdade e em Gramado. Na competição vitoriana estarão outros curtas exibidos em Gramado, inclusive o vencedor do Kikito, o excelente musical “Fantasma Neon”, do carioca Leonardo Martinelli.
A cada ano, o festival capixaba homenageia uma personalidade do cinema brasileiro e uma local. A lista nacional inclui, ao longo dos anos, Laura Cardoso, José Wilker, Paulo José, Vera Fischer, Matheus Nachtergaele, Dira Paes, entre muitos outros. E artistas capixabas com grande folha de serviços prestados ao desenvolvimento cultural do Estado. Este ano, os escolhidos são a atriz Bete Mendes e o produtor Tião Xará (Sebastião Ribeiro Filho).
Ela, santista radicada no Rio, estourou nacionalmente na novela “Beto Rockfeller” (1968), na TV Tupi, como a bela Renata, e fez sólida carreira no cinema, na TV e, em menor escala, no teatro. Seus principais filmes são “Os Amantes da Chuva”, de Roberto Santos” (1979) e “Eles Não Usam Black-Tie”, de Leon Hirszman (1981). Tião Xará é produtor cultural, cineclubista e fotógrafo, além de militante ambientalista. Cada um dos homenageados ganhará um caderno impresso e ilustrado com rica documentação visual, que registrará suas trajetórias artísticas.
O público infanto-juvenil será lembrado com mais uma edição de seu festivalzinho de terça-feira, 20, a sexta, 23, podendo apreciar oito sessões gratuitas, em duas exibições diárias, uma matutina e uma vespertina, no Cine Metrópolis, no campus da Universidade Federal do Espírito Santo.
“A Mostra” – explica Lúcia Caus, diretora do Festival de Vitória – “tem como foco promover o intercâmbio entre estudantes da rede pública e o universo audiovisual, além de estimular a formação de plateia e desenvolver a sensibilidade do público infanto-juvenil para o universo das artes”. As instituições de ensino atendidas são de Vitória e incluem Escolas de Ensino Fundamental do município de Serra.
“Serão exibidos oito filmes” – detalha Lúcia – “entre curtas e longa-metragens. Na sessão matutina, o público irá conferir uma seleção de sete curtas-metragens voltados ao universo infanto-juvenil — “Coisa de Menina”, de Ester Macedo, “Aurora – A Rua que Queria Ser um Rio”, de Radhi Meron, “Hospital de Brinquedos”, de Georgina Castro, “Cadim”, de Luiza Pugliesi Villaça, “Como Levar meu Avô pro Céu”, de Thairo Meneghetti, “Hornzz”, de Lena Franzz, “A Aventura da Primeira Bicicleta”, de Carlos Henrique da Costa. Estes curtas concorrem ao Troféu Vitória de melhor filme, e a escolha será feita por voto do Júri Popular, formado pelos alunos”. Na parte da tarde, fora de competição, será exibido o longa-metragem “Pluft, o Fantasminha”, de Rosane Svartman, adaptado do clássico homônimo de Maria Clara Machado.
Confira a programação:
Segunda-feira (dia 19)
19h00 – Mostra Foco Capixaba
- “Marés” (Thais Helena Leite, doc, 14’)
- “Kikazaru” (Matheus Cabral, exp, 3’)
- “ Latasha” (Alex Buck, fic, 23’)
- “Noites em Pandemia” (Ricardo Sá, fic, 8’)
- “Makumba” (Emerson Evêncio, fic, 24’)
- Competitiva Nacional: “A Mãe”, de Cristiano Burlan (fic, 93’, SP)
Terça-feira (dia 20)
9h00 – Festivalzinho de Cinema de Vitória
- “Coisa de Menina” (Ester Macedo, fic, 10’, DF)
- “Aurora – A Rua que Queria Ser um Rio” (Radhi Meron, anim., 10’, SP)
- “Hospital de Brinquedos” (Georgina Castro, fic, 13’, CE)
- “Cadim” (Luiza Pugliesi Villaça, anim., 6’, SP)
- “Como Levar meu Avô pro Céu” (Thairo Meneghetti, fic, 19’, MT)
- “Hornzz” (Lena Franzz, anim., 5’, RJ)
- “A Aventura da Primeira Bicicleta” (Carlos Henrique da Costa, fic, 15’, SP)
14h00 – Festivalzinho – “Pluft, o Fantasminha”, de Rosane Svartman (fic, 87’, RJ)
15h00 – Mostra Outros Olhares (Programa 1)
- “Angu Recheado de Senzala” (Stanley Albano, doc, 19’, MG)
- “Elusão” (Taís Augusto, fic, 22’, CE)
- “Casa Torácica” (Caio Curvello, doc, 12’, ES)
- “Apocalíptico Futuro Poeticamente Primitivo” (Leandro Lopes, fic, 22’, MG)
17h00 – 11ª Mostra Corsária
- “Sonhos de Pedra” (Thabata Ewara e Nay Mendl, exp, 12’, SP)
- “Nunca Pare na Pista” (Thamires Vieira, fic, 19’, BA)
- “Tekoha” (Carlos Adriano, exp, 14’, SP)
- “Boa Sorte e Até Breve” (Bruna Schelb Corrêa, fic, 9’, MG)
- “Fragmentos Pandêmicos” (Aline Dias, Marcus Neves e GEXS, exp., 15’, ES)
19h00 – Mostra Nacional de Curtas – (Programa 1)
- “O Dendê do Mestre Didi” (Beth Formaggini, doc, 5’, RJ)
- “Manhã de Domingo” (Bruno Ribeiro, fic, 25’, RJ)
- “Sideral” (Carlos Segundo, fic, 15’, RN)
- “Infantaria” (Laís Santos Araújo, fic, 23’, AL)
- Competitiva de Longas – “ A Mãe de Todas as Lutas”, de Susanna Lira (doc, 84’, RJ)
Quarta-feira (dia 21)
14h00 – Mostra Cinema & Negritude
- “Nunca Pensei que Seria Assim” (Meibe Rodrigues, fic, 10’, MG)
- “O Ovo” (Rayane Teles, fic, 23’, BA)
- “Serrão” (Marcelo Lin, fic, 18’, MG)
- “Kung Fu Allef” (Gabriel Pinheiro, fic, 8’, DF)
- “Sethico” (Wagner Montenegro, exp, 14’, PE)
16h00 – Mostra Outros Olhares
- “Quando as Paredes Falam” (Edson Ferreira, doc, 10’, ES)
- “Possa Poder” (Victor Di Marco e Márcio Picoli, fic, 19’, RS)
- “O Plantonista do Dia” (Allan Ribeiro, doc, 17’, RJ)
- “Tudo que Eu Podia Fazer Era Chorar” (Dandara de Morais, exp, 4’, PE)
- “Queda” (Lia Leticia, exp, 5’, PE)
- “Ímã de Geladeira” (Carolen Menses e Sidjonathas Araújo, fic, 19’, SE)
19h00 – Competitiva Nacional de Curtas (Programa 2)
- “Andrômeda” (Lucas Gesser, fic, 14’, DF)
- “Lua de Sangue” (Mirela Morgante e Gustavo Senna, fic, 19’, ES)
- “Madrugada” (Leonardo da Rosa e Gianluca Cozza, doc, 19’, RS)
- “Solmatalua” (Rodrigo Ribeiro-Andrade, doc, 15’, SP)
- Competitiva de Longas: “Ursa” (William de Oliveira, fic, 70’, PR)
Quinta-feira (dia 22)
14h00 – Mostra Nacional de Cinema Ambiental
- “Cavalo Marinho” (Gustavo Serrate Maia, doc, 25′, ES-DF)
- “Quanto Vale a Vida no Mangue?” (Lucas Oliveira, doc, 23′, SP)
- “Futuros Amantes” (Jessika Goulart, fic, 15′, RJ)
15h00 – Coletiva da homenageada Bete Mendes – Salão Vitória – Golden Tulip Porto Vitória
16h00 – 6ª Mostra Nacional de Videoclipes
- Kolapso – Artista: Monkey Jhayam, Enme, Terra Treme – 4′ – 2021 – SP/MA – De: Lazaro e Jessica Lauane
- The End – Artista: Electro Womangroove – 5’ – 2021 – PB – De Helena Lima
- Flecha – Artista: Laialex – 5′ – 2021 – SP – De: Marcelo Engster
- Chorar – Artista: Karola Nunes feat. Pacha Ana e Curumin – 5’ – 2021 – MT – De: Juliana Segóvia
- Tudo Eu – Artista: Amiri – 6’ – 2022 – SP – De: Elirone Rosa, Fernando Sá e Ione Maria
- Maya – Artista: Tagore – 4′ – 2021 – RS – De: Fabrício Koltermann
- A Dona do Fuxico – Artista: Alexandra Nícolas – 5′ – 2021 – MA – De: Thais Lima
- Arritmia – Artista: Capela – 3′ – 2021 – SP – De: Aksa Lima
- Sou Negro – Artista: Monique Rocha – 5′ – 2022 – ES – De: Cintia Braga
- Vestida ou Nua – Artista: Clara x Sofia – 7′ – 2021 – SP – De: Gabriela Moura
- Oyá Ê – Artista: Naná Martins – 5′ – 2021 – AL – De: Anderson Barbosa
19h00 – Competitiva Nacional de Curtas (Programa 3)
- “Hospital de Brinquedos” (Georgina Castro, fic, 13’, CE)
- “Como Respirar Fora D’água” (Júlia Fávero e Victoria Negreiros, FIC, 16’, SP)
- “Orixás Center” (Mayara Ferrão, EXP, 13’, BA)
- “Fantasma Neon” (Leonardo Martinelli, FIC, 20’, RJ)
- Homenagem a Bete Mendes – Teatro Glória (Centro Cultural Sesc Glória)
- Competitiva Nacional de Longas: “Germino Pétalas no Asfalto”, de Coraci Ruiz e júlio Mattos (doc, 79′, SP)
Sexta-feira (dia 23)
14h00 – Mostra Mulheres no Cinema:
- “Mórula” (Cristal Obelar e Gabriela Cunha, doc, 9’, RS)
- “Chão de Fábrica” (Nina Kopko, fic, 24’, SP)
- “Medusa in.ConSerto” (Bruna Lessa, fic, 20’, SP)
- “Namidá” (Renata Jesion, fic, 9’, SP)
- “Two Girls With a Movie Camera (Slumber Party) – De Victoria Brasil e Thamyris Escardoa ( doc, 7’, ES)
15h30 – Mostra Do Outro Lado – Cinema Fantástico
- “Cósmico” (Kapel Furman, fic, 15’, SP)
- “Yubitsume” (Raphael Araújo, fic, 5’, ES)
- “O Que os Machos Querem” (Ana Dinniz, fic, 9’, PB)
- “AzulScuro” (Evandro Caixeta e João Gilberto Lara, fic, 15’, MG)
- “Colares, Talvez” (Sandro Vilanova, fic, 25’, DF)
17h00 – Mostra Quatro Estações
- “Tenho Receio de Teorias que Não Dançam” (Gau Saraiva, exp., 4’, BA)
- “Na Estrada sem Fim Há Lampejos de Esplendor” (Liv Costa e Sunny Maia, fic, 11’, CE)
- “Filhos da Noite” (Henrique Arruda, doc, 16’, PE)
- “Hortelã” (Thiago Furtado, fic, 14’, PI)
- “Não Somos Mais o que Éramos” (Patrícia Sá, fic, 20’, SP)
19h00 – Competitiva Nacional de Curtas – (Programa 4)
- “Transviar” (Maíra Tristão, DOC, 13’, ES)
- “Sem Título #8: Vai Sobreviver” (Carlos Adriano, exp, 12’, SP)
- “Calunga Maior” (Thiago Costa, fic, 19’, PB)
- “Uma Paciência Selvagem Me Trouxe até Aqui “(Érica Sarmet, fic, 26’, RJ)
- Competitiva Nacional de Longas – “Capitão Astúcia” (Filipe Gontijo, fic, 90’, DF)
Sábado (dia 24)
18h00 – Exibição do filme resultante do Laboratório de Formação em Cinema – Homenagem a Sebastião Ribeiro Filho – Tião Xará – Teatro Glória – Cerimônia de Premiação – No Teatro Glória (Centro Cultural Sesc Glória)