Itaú Cultural Play dedica mostra à atriz e diretora brasileira Ana Maria Magalhães

No dia 17 de março, a Itaú Cultural Play faz uma homenagem à atriz e cineasta carioca Ana Maria Magalhães. Cinco produções realizadas por ela, entre 1976 e 2009, passam a integrar a grade da plataforma, que já conta em seu catálogo com “Já que Ninguém me Tira pra Dançar” (2021), documentário sobre a atriz Leila Diniz. A mostra estreia “Mulheres de Cinema” (foto), uma nova cópia remasterizada do filme sobre o papel da mulher no cinema e na sociedade brasileira, a obra de ficção “Lara”, inspirada na história da atriz Odete Lara, e o documentário “Reidy, a Construção da Utopia”, uma homenagem ao legado do arquiteto urbanista Affonso Eduardo Reidy. Dois curtas-metragens da década de 1980 completam a programação: “Assaltaram a Gramática” e “Spray Jet”.

Com quase sessenta anos dedicados ao cinema no Brasil, a diretora vem construindo uma filmografia coerente, na qual a busca por uma expressão própria se combina ao retrato de personagens femininas e aos dramas que regem a arte e a vida. Ela fez o seu primeiro trabalho aos 15 anos, em uma pequena participação no filme francês “Arrastão” (1965). Com direção de Antoine D’Omesson, o longa-metragem é baseado na obra “Tristão e Isolda”, a lendária história sobre o trágico amor entre o cavaleiro Tristão, originário da Cornualha, e a princesa irlandesa Isolda. De origem medieval, a lenda foi contada e recontada em muitas diferentes versões ao longo dos séculos.

Após ter convivido com personalidades do teatro, como o diretor Zé Celso Martinez Corrêa, e ter participado de outras produções, como “Todas as Mulheres do Mundo” (1966), de Domingos de Oliveira, e “Garota de Ipanema” (1967), do diretor Leon Hirszman, Ana Maria foi convidada para protagonizar “O Diabo Mora no Sangue” (1967), longa-metragem do diretor Cecil Thiré.

Ana, que ainda protagonizou ao lado de Tarcísio Meira “A Idade da Terra” (1980), do diretor Glauber Rocha, estreou como diretora quatro anos antes desse sucesso do cinema brasileiro, com “Mulheres de Cinema”, em 1976.

Em meados de 1974, época em que a censura tomava conta do cinema no Brasil e os produtores investiam principalmente em comédias eróticas, Ana se questionou sobre qual seria o papel das atrizes naquele momento no país. Influenciada por Humberto Mauro, um dos cineastas mais importantes da década de 1930, ela iniciou esse seu primeiro projeto como cineasta.

A versão remasterizada de “Mulheres de Cinema” ficará disponível com exclusividade na Itaú Cultural Play. A produção costura um rico acervo de imagens a partir de um olhar provocador e sensível sobre o papel da mulher no cinema e na sociedade brasileira. As atrizes Eva Nil e Eliana Macedo, as cineastas e produtoras Carmen Santos e Gilda de Abreu são algumas das personagens retratadas e que participaram ativamente na construção da cinematografia brasileira.

Outra obra de destaque na mostra, “Já que Ninguém me Tira pra Dançar”, concluído em 2021 e disponível na plataforma desde 2022, é o único documentário de longa-metragem feito sobre Leila Diniz (1945-1972), morta em um acidente de avião. A obra mescla imagens de filmes, fotos e cenas ficcionais vividas por Leila e reafirma porque ela se tornou um ícone brasileiro.

O documentário teve sua pré-estreia na Itaú Cultural Play em janeiro de 2022 e foi exibido nos principais festivais de cinema dentro e fora do país. No mesmo ano, foi eleito o melhor pelo voto popular no Inffinito Film Festival, nos Estados Unidos. Para a diretora, no entanto, o maior prêmio foi sua seleção para o IL Cinema Ritrovato, na Polônia, um festival dedicado à história do cinema. A mostra exibe produções clássicas, retrospectivas e apresenta os mais recentes filmes restaurados de laboratórios e arquivos de todo o mundo.

A programação da plataforma traz, ainda, “Reidy, a Construção da Utopia”. O documentário de 2009 mostra a trajetória de Affonso Eduardo Reidy, um dos pioneiros da arquitetura moderna do Rio de Janeiro. Ele foi responsável por projetos urbanísticos importantes na cidade, como o Museu de Arte Moderna e o Aterro do Flamengo.

O documentário revela que Reidy sonhava com uma arquitetura pura e simples em suas formas, mas integrada à natureza e comprometida com questões sociais e habitacionais. O filme, premiado no Festival do Rio no ano de seu lançamento, contou com depoimentos de arquitetos, engenheiros e urbanistas como Carmen Portinho, Lucio Costa, Paulo Mendes da Rocha e Roland Castro.

Na obra ficcional “Lara” (2002), também exibido nessa mostra, a diretora conta a história da atriz Odete Lara, acompanhando sua trajetória, amores, dramas e a luta pela liberdade de seu corpo. O longa-metragem tem a participação especial de Zé Celso. A atriz Christiane Fernandes faz o papel de Lara.

Em “Assaltaram a Gramática” (1984), a realizadora mostra a história de quatro poetas que têm seus perfis traçados por meio de poemas apresentados de forma ficcional e performática. Com trilha sonora gravada especialmente para o filme por Lulu Santos e pelo grupo Paralamas do Sucesso, a produção foi premiada no Festival do Rio de Janeiro, em 1984.

Lançado no ano seguinte, “Spray Jet” (1985) é outro curta-metragem que tem a juventude como protagonismo. A obra revela o olhar de uma geração que questionou os rumos da arte e levou o grafite para outros contextos, para além da rua.

Com música original de Lobão e Bernardo Vilhena, “Spray Jet” circulou amplamente em festivais internacionais, entre eles, o canadense International Festival of Women’s Films and Videos, Montreal (1986), e a mostra francesa Le Cinéma Brésilien, Centre Georges Pompidou, Paris (1987).

Com mais de 500 títulos disponíveis de todas as regiões do Brasil e gratuita, a plataforma voltada com exclusividade para o audiovisual brasileiro, pode ser acessada pelo site www.itauculturalplay.com.br ou pelo app nos dispositivos móveis Android e IOS.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.