Festival de Vitória realiza sua trigésima edição com homenagem à “poetriz” Elisa Lucinda
Maria do Rosário Caetano
O Festival de Cinema de Vitória, no Espírito Santo, promove, a partir desta segunda-feira, 18 de setembro, até sábado, 23, sua trigésima edição, tendo a “poetriz” capixaba Elisa Lucinda como homenageada.
A atriz e poeta, presente em filmes como “A Bela Palomera” e “O Pai da Rita”, e em dezenas de telenovelas (como a recente “Vai na Fé”, de Rosane Svartman), receberá o Troféu Vitória, de asas prateadas, por sua trajetória no audiovisual e no teatro. E também por sua dedicação à poesia. Há 21 anos, ela excursiona por palcos os mais diversificados para mostrar o espetáculo literário-cênico “Parem de Falar Mal da Rotina”.
A cerimônia de homenagem à “poetriz” acontecerá na quinta-feira, 21, no Cine-Teatro Sesc Glória. E Elisa, nascida há 65 anos, na capixaba Cariacica, revisitará sua trajetória junto com o público e a imprensa no belíssimo Hotel Senac Ilha do Boi, plantado sobre um rochedo e localizado a 700 metros da praia Curva da Jurema.
O festival capixaba é o mais inclusivo do país (e olhe que são mais de 300 eventos cinematográficos espalhados por todos os cantos, seja em capitais ou interiores). Anualmente, o Vitória promove, além da competição de longas brasileiros (este ano com cinco títulos), mais onze mostras temáticas, todas compostas com curtas-metragens (93 no total).
As equipes curatoriais selecionam filmes que dão ênfase a amplo espectro identitário (à negritude, ao cinema feminino, à homoafetividade etc.). E, também, à produção para crianças, ao cinema ambiental, a “outros olhares”, a “olhares corsários”, à produção fantástica, sem esquecer os videoclipes.
Duas mostras, em especial – a de curtas brasileiros e a de curtas capixabas –, são as que chamam mais atenção, pois acontecem no Cine-Teatro Sesc Glória, palco privilegiado do evento (e em horário nobre).
O maior destaque da produção de curta duração será, claro, o capixaba “Remendo”, ficção de Roger Ghil, laureado com o Troféu Kikito de melhor curta-metragem em Gramado, mês passado. Com ele, na disputa pelo Troféu Vitória estão pesos-pesados como “Big Bang”, de Carlos Segundo, produção mineira (de Uberlândia), que foi pré-indicada ao Oscar, “Ainda Restarão Robôs nas Ruas do Interior Profundo”, de Guilherme Xavier Ribeiro, também vindo do interior (Assis-SP), o descolado “Escasso”, de Clara Anastácia e Gabriela Meirelles, o carioca “Deixa”, de Mariana Jaspe (melhor direção em Gramado 2023), e “Mãri Hi – A Árvore do Sonho”, do indígena (Yanomami) Morzaniel Ɨramari, representante de Roraima, extremo-norte do país.
Outro filme vindo de um estado amazônico (Rondônia) é “Ela Mora Logo Ali”, apelidado “Dom Caixote”, por sua homenagem terceiro-mundista ao Quixote cervantino. Mas o filme da dupla Fabiano Barros e Rafael Rogante, que conquistou três prêmios em Gramado, foi parar, por decisão da curadoria vitoriana, no Festivalzinho, destinado aos alunos da rede escolar.
O curta documental “Ferro’s Bar”, dirigido por um quarteto (Aline Assis, Fernanda Elias, Nayla Guerra e Rita Quadros), por sua temática (a luta de mulheres lésbicas por seus direitos) foi posicionado na Mostra Quatro Estações.
No campo dos longas-metragens da mostra competitiva, a hegemonia feminina é (quase) total. Dos cinco concorrentes, só um traz, na direção, nome masculino: “Represa”, ficção do cearense Diego Hoefel. Os outros quatro concorrentes são o documentário capixaba “Toda Noite Estarei Lá”, de Suellen Vasconcelos e Tati Franklin, a ficção catarinense “Porto Príncipe”, de Maria Emília Azevedo, e os documentários “Jovem que Desceu do Norte”, de Ana Teixeira (SP), e “Incompatível Com a Vida”, de Eliza Capai (RJ-SP). Este filme venceu o Festival É Tudo Verdade, na categoria “melhor longa documental brasileiro”, em abril passado.
A edição do Festival de Vitória deste ano, de numeração balzaquiana, contará com atividade complementar – a Mostra Cinemateca Brasileira. De caráter informativo, ela acontecerá em Vila Velha, cidade-gêmea da capital. A ligá-las, uma moderna ponte de 3,18 km. Os moradores de Vitória desfrutam de bela vista proporcionada pelo Convento da Penha, o mais famoso monumento religioso-turístico do Espírito Santo.
Serão exibidos, na Mostra Cinemateca, a chanchada “Carnaval Atlântida”, de José Carlos Burle; o caipira “Jeca Tatu”, de Milton Amaral; o detentor de nossa única Palma de Ouro de melhor filme, “O Pagador de Promessas”, de Anselmo Duarte; o blockbuster “Dona Flor e seus Dois Maridos”, de Bruno Barreto; o “Urso de Ouro” (e Urso de Prata para Fernanda Montenegro) “Central do Brasil”, de Walter Salles, e “Bacurau”, de Kleber Mendonça, premiado pelo Júri de Cannes, todos acompanhados do curta “Ilha das Flores”, de Jorge Furtado.
Abaixo, os filmes selecionados para as doze mostra do festival vitoriano:
13ª Mostra Competitiva de Longas
“Jovem que Desceu do Norte” (Ana Teixeira, doc., SP)
“Porto Príncipe” (Maria Emilia Azevedo, ficção, SC)
“Toda Noite Estarei Lá” (Suellen Vasconcelos e Tati Franklin, doc., ES)
“Incompatível com a Vida” (Eliza Capai, doc., RJ-SP)
“Represa” (Diego Hoefel, ficção, CE)
27ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas
“Remendo” (Roger Ghil, ficção, ES)
“Big Bang” (Carlos Segundo, ficção, MG)
“Ainda Restarão Robôs nas Ruas do Interior Profundo” (Guilherme Xavier Ribeiro, ficção, SP)
“Teatro de Máscaras” (Eduardo Ades, ficção, RJ)
“Cama Vazia” (Fábio Rogério e J.C. Bernardet, doc, SP)
“Cósmica” (Ana Bárbara Ramos, doc, PB)
“De Onde Nasce o Sol (Gabriele Stein, ficção, ES)
“Última Vez que Ouvi Deus Chorar” (M. A. Pereira, exp., MG)
“Deixa” (Mariana Jaspe, ficção, RJ)
“E Nada Mais Disse” (Julia Menna Barreto, doc, RJ)
“Escasso” (Clara Anastácia e Gabriela G. Meirelles, ficção, RJ)
“Lugar de Ladson” (Rogério Borges, doc, SP)
“Mãri Hi – A Árvore do Sonho” (Morzaniel Ɨramari, doc, RR)
“O Último Rock” (Diego de Jesus, ficção, ES)
“Ramal” (Higor Gomes, ficção, MG)
“Procuro Teu Auxílio para Enterrar um Homem” (Anderson Bardot, ficção, ES)
12ª Mostra Foco Capixaba
“Marcha, Mastro e Fé” (Arthur Navarro, anim.)
“O Passarinho Menino” (Ursula Dart, ficção)
“Ruína do Futuro” (Dorottya Czakó, exp.)
“Trinca-ferro” (Maria Fabíola, ficção)
“Mångata – Todas as Fases da Lua” (Marcella Rocha, doc.)
23º Festivalzinho de Cinema de Vitória
“Ela Mora Logo Ali” (Fabiano Barros-Rafael Rogante, ficção, RO)
“Ciranda Feiticeira” (Lula Gonzaga e Tiago Delacio, anim., PE)
“Super Heróis” (Rafael de Andrade, ficção, DF)
“Amei te Ver” (Ricardo Garcia, ficção, SP)
“O Passarinho Menino” (Ursula Dart, ficção, ES)
“Anacleto, o Balão” (Carol Sakura e W. Fernandes, anim., PR)
13ª Mostra Quatro Estações
“Ferro’s Bar” (Aline Assis, Fernanda Elias, Nayla Guerra e Rita Quadros, doc, SP)
“A Menina Atrás do Espelho” (Iuri Moreno, anim., GO)
“Entrelaços” (Giulia Tomasini e Marina Pessato, ficção, RS)
“Casa de Bonecas” (George Pedrosa, ficção, MA)
“Os Animais Mais Fofos e Engraçados do Mundo” (Renato Sircilli, ficção, SP)
12ª Mostra Corsária
“Nada Haver” (Juliano Gomes, doc., MG/ES/RJ)
“Nossos Passos Seguirão os Seus” (Uilton Oliveira, doc., RJ)
“Capuchinhos” (Victor Laet, exp., PE)
“Desmonte” (Clara Pignaton e Hugo Reis, exp., ES)
“Patuá” (Renaya Dorea, exp., RJ/Cuba)
“Pelas Ondas Lambem-se às Margens” (Hyndra, doc., BA)
“The Patriarchal Period” (Patrícia Froes, exp., RJ)
“Um Céu Partido ao Meio” (Danielle Fonseca, doc., PA)
10ª Mostra Outros Olhares
“A Bata do Milho” (Eduardo Liron e Renata Mattar,doc., BA/SP)
“Amaná” (Antonio Fargoni, ficção, CE)
“Amigo Secreto” (Rui Calvo, ficção, SP)
“Arrimo” (Rogério Borges, ficção, SP)
“Ava Mocoi – Os Gêmeos” (Luiza Calagian e Vinícius Toro, doc., PR)
“Circuito” (Alan Sousa e Leão Neto, ficção, CE)
“Dorme Pretinho” (Lia Letícia, doc., PE)
“Jaguanum” (Samuel Lobo, ficção, RJ)
“Nina e o Abismo” (Alice Name-Bomtempo, ficção, RJ)
“No Início do Mundo” (Gabriel Marcos, ficção, MG)
“Quando Bento Era São” (Clementino Junior, doc., MG)
“Sua Majestade, o Passinho” (Carol Correia e Mannu Costa, doc., PE)
“Arruma um Pessoal pra Gente Botar uma Macumba num Disco” (Chico Serra, doc, RJ)
“Barra Nova” (Diego Maia, anim., CE)
“A Verdade que me Contaram” (realização coletiva, ficção, RJ)
8ª Mostra Mulheres no Cinema
“Fala Sincera” (Yacewara Pataxó, doc., SP)
“Alexandrina – Um Relâmpago” (Keila Sankofa, doc., AM)
“Azul da Cor do Mar” (Natália Dornelas, exp., ES)
“Lei da Mordaça” (Isabella Vilela, doc., SP/RJ)
“Manchas de Sol” (Martha Mariot, ficção, RS)
“Nicinha Não Vem” (Muriel Alves, doc., RJ)
“Todavia Sinto” (Evelyn Santos, exp., SP)
“Vozes-mulheres” (Laynara Rafaela, exp., SP)
8ª Mostra Cinema e Negritude
“Avôa” (Lucas Mendes, doc., GO)
“Espaço” Dentro (Natasha Rodrigues, exp., SP)
“Espelho” (Laynara Rafaela, ficção, SP)
“Insígnia” (Beatriz Barreto, ficção, DF)
“Mergulho” (Marton Olympio & Anderson Jesus, ficção, SP)
“Firmina” (Izah Neiva, ficção, SP)
“Caminhos Afrodiaspóricos pelo Recôncavo da Guanabara” (Wagner Novais, doc, RJ)
6ª Mostra Nacional de Cinema Ambiental
“Memórias do Fogo” (Rita Melo Santos, Leandro Olímpio, Irineu Cruzeiro, doc., ES)
“8 Bilhões: Somos Todos Responsáveis” (Andrea Urushima, Cesar Iwamizu e Nelson Kao, doc., SP)
“Vãhn Gõ Tõ Laklãnõ” (Barbara Pettres, Flávia Person, Walderes Priprá doc, SC)
5ª Mostra Do Outro Lado – Cinema Fantástico
“Água Doce” (Antonio Miano, ficção, SP)
“Encruzilhadas do Caos” (Alex Buck, ficção, ES)
“La Pursé” (Gabriel Nobrega, anim., SP)
“Luminárias” (Evandro Caixeta e João Gilberto Lara, ficção, MG)
“Nau” (Renata de Lelis, ficção, RS)
7ª Mostra Nacional de Videoclipes
A Dança do Caos, de Vito Quintans Artista: Sargaço Nightclub – Pernambuco
Copo de Silêncio, de Farofa Sintética. Artista: Sandyalê – Sergipe
Cornélios, Hecthor Murilo e Patrick Gomes. Artista: Gastação Infinita – Espírito Santo
Destino, de Marvin Pereira e Sued Nunes. Artista: Sued Nunes – Bahia
Do Outro Lado da Rua, de Thiago Barba. Artista: Thiago Barba – Santa Catarina
Horizonte, de Mooluscos. Artista: Uiu Lopes – São Paulo
La Biquera, de Garibaldi e Antonio Miano. Artista: Garibaldi – São Paulo
Mandaram Me Buscar, de Perseu Azul Safi. Artista: Pacha Ana – Mato Grosso
Manifesto , de W.I. e V.G.. Artista: W.I. part. V.G. – Espírito Santo
Memórias de um Carnaval Perdido, de Gui Campos. Artista: Saci Wèrè – Distrito Federal
Milico, de Gabriel Albuquerque. Artista: Mukeka Di Rato – Espírito Santo
Miqueísmo, de Miquéias Gonçalves (MiQ). Artista: MiQ part. Naomhi – Espírito Santo
Ofélia, de Leila Monségur e Cris Rangel. Artista: Bel Aurora – São Paulo
Quem é teu Baby?, de Lucas Paz. Artista: Leopold Nunan part. Sonia Santos e Ana Gazzola – Ceará
Santa Fera, de Rodrigo Urbano e Isadora Maia. Artista: Duda Hissa, Duda Brack – São Paulo
Timon, Papel e Letra, de Renata Fortes. Artista: Jaísa Caldas – Maranhão
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