Cinemateca do MAM exibe um dos primeiros longas brasileiros com direção assinada por um cineasta negro
No dia 29 de novembro, às 18h30, a Cinemateca do MAM, no Rio de Janeiro, promoverá uma sessão para destacar o trabalho desenvolvido pela Cinemateca Capitólio, de Porto Alegre, dentro da programação intitulada Cinemateca: Redes em Movimento. Na ocasião, será exibida, pela primeira vez, a nova cópia digitalizada em 4K do clássico do cinema gaúcho “Um é Pouco, Dois é Bom” (1970), de Odilon Lopez, primeiro longa-metragem assinado por um diretor negro no Rio Grande do Sul. Os diálogos contaram com a colaboração do escritor Luis Fernando Veríssimo, em início de carreira na época. A entrada será gratuita com distribuição de ingressos pela internet (https://mamrio.byinti.com/#/ticket).
A única cópia em película conhecida do filme está depositada na Cinemateca Capitólio, que, ao longo dos últimos anos, tem trabalhado para garantir a sua preservação e difusão. Para permitir uma maior circulação e uma redescoberta da obra por novos públicos, a cópia foi digitalizada especialmente para esta sessão. O trabalho foi realizado em setembro deste ano, no laboratório da Link Digital, no Rio, e foi financiado pela Cinemateca do MAM. Além da digitalização da cópia em 35mm, os negativos, que estão depositados na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, também serão escaneados em 4K em 2024.
A combinação dos dois materiais, positivo e negativo, irá gerar uma nova cópia de excelente qualidade, possibilitando a sua ampla circulação na íntegra. Atualmente, apenas a segunda parte do filme, formado por dois episódios, estava disponível (digitalizada em baixa resolução, em 2006, pelo ator, diretor e produtor Zózimo Bulbul), limitando o conhecimento dessa produção. O primeiro episódio – que marca a estreia no cinema de Araci Esteves (de Anahy de las Misiones) ao lado do marido, o ator e dramaturgo Carlos Carvalho) – foi visto por poucos espectadores. Agora, poderá ser assistido e certamente surpreenderá o público pela contundência de sua crítica ao milagre econômico brasileiro.
Já o segundo episódio, intitulado “Vida Nova por Acaso”, apresenta a história de dois ladrões recém-libertos e suas peripécias nada bem-sucedidas. Um deles (Odilon Lopez) apaixona-se perdidamente por uma loira (Angela Grosser) de alta classe social envolvendo no filme um amor platônico. Motivados pela busca do reconhecimento da sociedade, os assaltantes tentam sobreviver e permanecer longe do encarceramento. Sem êxito, voltam para o presídio.