Gauchão premia melhores curtas e faz festa na TV com discursos sintéticos
Foto: Premiados com o Prêmio Assembleia Legislativa de Cinema Gaúcho © Edison Vara/Agência Pressphoto
Por Maria do Rosário Caetano, de Gramado (RS)
O Festival de Gramado realizou, na terceira noite de sua quinquagésima-segunda edição, sua primeira festa de entrega de prêmios, com transmissão ao vivo pela TV Assembleia Legislativa e pela TV Educativa do Estado.
Os primeiros laureados são curtas-metragens produzidos e realizados no Rio Grande do Sul. O Palácio dos Festivais estava lotado e a vibração calorosa dos que fizeram jus ao Troféu Assembleia Legislativa contrastou com o frio que fazia lá fora (4 graus). Os aplausos foram múltiplos e bem mais altissonantes que os ouvidos nas noites dos longas nacionais (o hors concours “Motel Destino” e os dois competidores “O Clube das Mulheres de Negócios” e “Estômago 2 – O Poderoso Chef”).
O melhor de tudo, desse domingo dedicado aos Pais, foram os discursos e agradecimentos proferidos no palco. Ambos, autoridades e premiados, pautaram-se pela síntese e objetividade. E isso só foi possível (no caso dos laureados) por inovação empreendida pelo mais badalado dos festivais brasileiros: um painel eletrônico foi colocado num canto do cinema para avisar ao premiado o andamento dos dois minutos de que dispunha para agradecer. Findos os sintéticos (e suficientes) 120 segundos, vinha o aviso: “tempo esgotado”.
Só duas pessoas falaram bastante na noite dos Curtas Gaúchos: o músico e ator Álvaro Rosa Costa, que recebeu das mãos da atriz Vera Costa, a laureada do ano passado, o Troféu Sirmar Antunes. E a produtora Graziela Ferst (do adrenalinado “Pastrana”).
Álvaro, artista afro-brasileiro, se alongou, mas usou o tempo com informações preciosas sobre sua trajetória na música e no cinema gaúchos, e suas relações profissionais com o patrono do Troféu outorgado pela Assembleia Legislativa do RS: o ator Sirmar Antunes, de “O Dia em que Dorival Encarou a Guarda” e muitos outros filmes.
Ao abordar a cor de sua pele, o músico-ator lembrou que, na infância, era definido como cor de jambo. Uma cor que lhe parecia algo abstrata. Hoje, vê-se como preto e negro. “Preto é cor, negro é consciência”, precisou. Foi aplaudido calorosamente.
Antes de Álvaro, falaram Rosa Helena Volk, presidente da GramadoTur e diretora-geral do Festival de Gramado, e o representante da Assembleia Legislativa, o deputado (e músico) Issur Koch. Em tom coloquial, os dois deram um show de síntese. Verborragia zero! Redundância, idem!
O Professor Issur, este é seu nome legislativo, celebrou a parceria com o Festival de Gramado, que já dura 21 anos, festejou o cinema gaúcho, tão importante para a autoestima do Estado (nesse momento de recuperação dos estragos das enchentes), citou os curtas furtadianos “Ilha das Flores” e “O Dia que Dorival Encarou a Guarda” e valorizou a arte criada pela gente gaúcha. Conclamou os artistas presentes a continuarem criando e prometeu apoio legislativo da Casa Parlamentar, composta com 54 deputados. O Rio Grande soma 11.290.000 habitantes.
A roteirista Antonia Pellegrino, diretora de Conteúdo da EBC (Empresa Brasileira de Comunicação) subiu ao palco três vezes para entregar três troféus-aquisição, em nome da TV Brasil, no valor de R$10 mil cada um (melhor filme, melhor direção e melhor roteiro). Na próxima festa do Gauchão (Longa-Metragem, sexta-feira, dia 16 de agosto), ela entregará prêmio-aquisição de R$50 mil ao melhor filme de longa duração da competição estadual.
O grande vencedor da noite do Gauchão-Curtas foi “Chibo”, de Gabriela Poester e Henrique Lahude. No agradecimento, Gabriela cativou a todos ao contar que vai usar parte do dinheiro assegurado pela Assembleia Legislativa e pela EBC para comprar um computador. Afinal, quer escrever o roteiro de novo filme sem incomodar o pai, obrigado a lhe emprestar seu computador pessoal. Foi aplaudidíssima.
A Assembleia Legislativa distribuiu, além de troféus, R$ 67.931,50 entre os vencedores em 12 categorias. A EBC, R$ 30 mil. A ACCIRS (Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul entregou diploma e um exemplar do livro “50 Olhares da Crítica sobre o Cinema Gaúcho” ao eleito pelo júri da Crítica.
Confira os vencedores:
Melhor filme
“Chibo”, de Gabriela Poester e Henrique Lahude
Melhor direção
Rodrigo Herzog por “Está Tudo Bem”
Melhor atriz
Jéssica Teixeira por “Noz Pecã”
Melhor ator
Victor Di Marco por “Zagêro”
Melhor roteiro
Victoria Kaminski e Rubens Fabrício Anzolin por “Posso Contar nos Dedos”
Melhor fotografia
Eloísa Soares por “Cassino”
Melhor direção de arte
Denis Souza, Victoria Kaminski e Nadine Lannes Maciel por “Posso Contar nos Dedos”
Melhor trilha sonora
Edneia Brasão e Pedro Erler por “Não Tem Mar nessa Cidade”
Melhor montagem
Marcio Picoli e Victor Di Marco por “Zagêro”
Melhor desenho de som
Fábio Baltar por “Flor”
Melhor produção executiva
Graziella Ferst e Marlise Aúde por “Pastrana”
Prêmio ACCIRS
“Pastrana”, de Melissa Brogni e Gabriel Motta