Cinemateca Brasileira apresenta a Retrospectiva Alfred Hitchcock
A Cinemateca Brasileira apresenta Retrospectiva Alfred Hitchcock, entre os dias 6 e 16 de março, com uma seleção de 14 longas-metragens emblemáticos do cineasta, como “Janela Indiscreta”, “Psicose”, “Os Pássaros” (foto) e “Intriga Internacional”. A abertura é no dia 6 de março, às 20h, com uma sessão ao ar livre de “Um Corpo que Cai”. Mais cedo, a partir das 18h, haverá um brinde de abertura.
Hitchcock era um diretor meticuloso, que controlava cada detalhe de suas cenas. Seus enquadramentos não sugerem nada além do que está dentro do quadro, guiando a atenção do espectador de maneira precisa. Sua habilidade para manipular a linguagem cinematográfica fica evidente em cada um dos filmes selecionados para a mostra.
Em “Interlúdio”, um simples movimento de câmera – do plano geral ao plano próximo da chave na mão de Grace Kelly – eleva o suspense e estabelece a identificação da protagonista com o público, ao revelar sua missão e os desafios a serem superados. Já em “Ladrão de Casaca”, a incerteza sobre se Cary Grant está abrindo ou fechando a porta do carro reforça a dúvida de sua inocência até o último segundo. Em “Os Pássaros”, o campo/contracampo durante o trajeto de Tippi Hedren na lancha cria um ponto de vista dos pássaros, dando a impressão de que se tornam cientes dos humanos. E, em “Festim Diabólico”, a tensão cresce com a ilusão de um plano-sequência, reforçando a imersão do espectador.
A psicanálise também teve grande influência sobre Hitchcock. “Janela Indiscreta” explora o voyeurismo de forma única, ao tornar seu protagonista um espectador e seus espectadores observadores de um espectador. Em “Psicose”, a casa dos Bates reflete a psique do protagonista: o térreo representa o ego (onde Norman habita), o segundo andar simboliza o superego (onde vive a mãe) e o porão, o id (onde está o cadáver da mãe). Já “Um Corpo que Cai” aprofunda a psicanálise freudiana, explorando a dinâmica entre Eros (pulsão de vida) e Thanatos (pulsão de morte). A obsessão de Scottie em transformar Judy em Madeleine ilustra a compulsão à repetição, conforme descrito por Freud: um ciclo de reviver traumas passados em busca de controle. Essa transformação forçada também reflete a idealização narcísica, em que Scottie não ama Judy, mas sua capacidade de se encaixar em sua fantasia idealizada.
O tema do “homem errado” é recorrente em Hitchcock, como visto em “Intriga Internacional”, “O Homem que Sabia Demais”, “Os 39 Degraus”, “Ladrão de Casaca”, “Frenesi” e em “Disque M para Matar” – nesse caso, a “mulher errada”. Hitchcock acreditava que o público se identificava mais com um inocente injustamente acusado do que com um criminoso fugindo. Essa fixação pode estar ligada a um dos poucos episódios de sua vida pessoal que compartilhou com seu público: quando tinha cinco anos, havia se comportado mal e seu pai o enviou à delegacia com um bilhete; o policial leu o bilhete e o trancou na cadeia por alguns minutos, dizendo: “É isso que fazemos com meninos travessos”.
Retrospectiva Alfred Hitchcock
Data: 6 e 16 de março
Local: Cinemateca Brasileira – Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Mariana – São Paulo/SP – Sala Grande Otelo (210 lugares + 04 assentos para cadeirantes) – Sala Oscarito (104 lugares)
Retirada de ingresso 1h antes do início da sessão – para as sessões na área externa, não há distribuição de ingressos. Em caso de chuva, as sessões ao ar livre são transferidas para a sala de cinema