CCBB apresenta a maior mostra de filmes realizados por indígenas de diversas etnias do país

Foto: “Menire djê”, de Bepunu Kayapó

O Centro Cultural Banco do Brasil recebe, de 16 de abril a 12 de maio, no Rio de Janeiro, e de 26 de abril a 25 de maio, em São Paulo, a mostra inédita “Cosmologias da Imagem: Cinemas de Realização Indígena”, organizada pela produtora Filmes de Quintal, coordenada pela antropóloga e documentarista Júnia Torres, que também assina a curadoria com a cineasta e artista visual Olinda Tupinambá, e com produção executiva de Tatiana Mitre, da Amarillo Produções. A iniciativa conta com o patrocínio do Banco do Brasil.

A mostra apresenta uma retrospectiva de obras produzidas por cineastas indígenas no Brasil, entre 2011 e 2024, que vêm renovando a linguagem documental. A programação é protagonizada por cineastas e realizadores de diversos povos, reunindo uma filmografia inovadora, embora ainda dispersa, que se constituiu ao longo das últimas duas décadas e está reunida aqui de forma inédita. A mostra reflete sobre a identidade e a ancestralidade brasileiras, ampliando o acesso a narrativas expressas por meio da cinematografia de cineastas originários de várias regiões e povos.

O Brasil conta hoje com 305 etnias indígenas identificadas, cada qual com sua própria cosmologia e visão de mundo, que, em parte, vêm sendo representadas cinematograficamente. A curadoria da mostra procurou destacar a diversidade de formas, propostas fílmicas e temáticas presentes na filmografia contemporânea dos cinemas indígenas no Brasil. Os filmes vão desde documentários, filmes-rituais, passando por filmes híbridos (que misturam documentação e encenação da vida cotidiana, da história e da cosmologia), vídeo-performances e clipes musicais, apresentando realizações que muitas vezes escapam às definições e gêneros do cinema tradicional, propondo novas formas de construção narrativa.

A retrospectiva destaca obras que, através de suas próprias narrativas, redefinem os protagonismos autorais e a linguagem cinematográfica no país. Esta iniciativa visa ampliar a visibilidade do movimento contemporâneo de cineastas e artistas indígenas que, nas palavras de Ailton Krenak, estão “demarcando as telas com um novíssimo cinema brasileiro”.

Serão exibidos 33 filmes – 12 longas e 21 médias e curtas-metragens –, organizados em cinco eixos temáticos que exploram diferentes aspectos do cinema indígena: Terra e Território: Brasil é Terra Indígena; Direito à Diferença: Nosso Modo de Vida, Nossas Festas, Nossos Rituais; Fluidez da Forma: Encenações e Performance nos Cinemas Indígenas; Cinemas da Floresta, do Sonho e da Luta e Para Adiar o Fim do Mundo.

Além das exibições, estão programadas atividades complementares como a mesa-redonda “Retomada e transformação nos cinemas e nas artes indígenas”, com as curadoras Júnia Torres e Olinda Tupinambá e o cineasta indígena Guarani Nhandewa Alberto Alvares. Também haverá uma sessão comentada do filme “Yvy Pyte – Coração da Terra”, dirigido por Alberto Alvares e José Cury. A sessão de abertura (16/04) será com uma sessão comentada pela diretora de Artes Visuais da Funarte, pesquisadora e curadora indígena Sandra Benites de “Nūhū Yãg Mū Yõg Hãm: Essa Terra é Nossa!, de Sueli Maxakali e Isael Maxakali. O longa-metragem conquistou, entre outros, os prêmios de Melhor Filme da Competição Internacional e Menção Honrosa do Prêmio Tim Hetherington, do Sheffield DocFest 2021; Melhor Longa – Mostra Olhos Livres, da Mostra de Cinema de Tiradentes 2021; e Melhor Documentário, no FIFER – Festival Internacional do Filme Etnográfico do Recife 2021.

A mostra apresenta obras de cineastas e coletivos indígenas de povos como Maxakali/Tikmũ’ũn (MG), Kuikuro (MT/Xingu) Yanomami (AM e RO), Mbya-Guarani (RS e SP), Guarani Nhandeva (MS), Tupinambá (SP e BA), Karapotó (AL), Awa Guajá/Tentehara/Guajajara (MA), Huni Kuin (AC), Xakriabá (MG), Mebêngôkre-Kayapó (PA), Baniwa (AM), Krahô (TO), Xavante (MT), Tupi (SP), Fulni-ô (PE) e Kaiabi (MT).

“Cosmologias da Imagem: Cinemas de Realização Indígena” não apenas celebra a diversidade cultural do Brasil, mas também oferece uma oportunidade única para o público explorar novas perspectivas e experiências através do poder transformador do cinema indígena. Esta mostra é um convite para mergulhar em narrativas decoloniais que iluminam e enriquecem a compreensão da identidade nacional contemporânea.

A programação completa está disponível no site bb.com.br/cultura.

 

Cosmologias da Imagem: Cinemas de Realização Indígena
Data: 16 de abril a 12 de maio (Rio de Janeiro) e 26 de abril a 25 de maio (São Paulo)
Local: CCBBRJ – Rua Primeiro de Março, 66, Centro / CCBBSP – Rua Álvares Penteado, 112, Centro Histórico
Entrada Gratuita: Ingressos disponíveis 1 hora antes de cada sessão na bilheteria do CCBB e em bb.com.br/cultura
Classificação indicativa: Todos os filmes são Livres, exceto “A Transformação de Canuto” e “Ibirapema” (14 anos)

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