Silvero Pereira comanda noite de entrega dos prêmios Sesc aos melhores do ano

Por Maria do Rosário Caetano

Silvero Pereira, o Lunga de “Bacurau”, comandará, na noite dessa quarta-feira, 14 de abril às 19h30, a festa de entrega do Troféu Sesc aos melhores filmes brasileiros e internacionais de 2020, escolhidos pela crítica cinematográfica e pelo público.

Para complementar a quadragésima-sétima edição do mais longevo festival de cinema de São Paulo, será exibido, on-line, o filme “Valentina”, do mineiro Cássio Pereira dos Santos, que vem rodando festivais, mundo afora. Uma noite de homoafetividades, já que Silvero, prêmio Sesc de melhor ator, ano passado (por “Bacurau”), é incansável defensor dos direitos LGBTQ+. E “Valentina”, protagonizado pela atriz trans Thiessa Woinbackk, mostra as dificuldades de jovem estudante em busca de aceitação na escola e em outros ambientes de uma Minas Gerais interiorana e intolerante.

A 47ª edição do Festival Sesc Melhores Filmes, que prossegue até dia 5 de maio, contará, também nessa quarta-feira, com “live” na qual a cineasta Renata Martins e os jornalistas e críticos Cunha Júnior e Duda Leite comentarão os filmes que se destacaram em 2020.

Os vencedores do Prêmio Sesc só serão conhecidos durante a transmissão da cerimônia inaugural (a lista completa dos premiados será disponibilizada no site do festival, melhoresfilmes.sescsp.org.br. Os interessados encontrarão, ainda, versão digital do catálogo com informações detalhadas sobre os filmes mais votados pelo público e pela crítica).

O Festival Sesc Melhores Filmes foi criado em 1974 e é, hoje, o terceiro mais antigo do país (atrás apenas de Brasília, criado em 1965, e de Gramado, em 1973). A cada ano, o festival sesquiano oferece ao público a oportunidade de ver (ou rever) aqueles que são considerados os “filmes mais significativos” do ano anterior. Em média, são exibidos 40 títulos.

Como vem fazendo, nos últimos anos, o festival apresenta, também, um núcleo histórico, com filmes realizados décadas atrás. Esse ano, dois filmes notáveis chamam atenção: “Meu Tio da América” (1980), do mestre francês Alan Resnais, objeto de culto, verdadeira devoção, do cineasta Jorge “Ilha das Flores” Furtado, e “Segredos e Mentiras”, do britânico Mike Leigh, que causou furor ao retratar duas mulheres, Hortense, uma jovem e bem-sucedida optometrista negra (Marianne Jean-Baptiste) e Cynthia, sua mãe branca. Ao perder os pais adotivos, a oculista descobre que sua mãe biológica é uma operária branca, de posses modestas (Brenda Blethyn). Exibido em Cannes, em 1996, “Segredos e Mentiras” recebeu a Palma de Ouro de melhor filme e Brenda, o de melhor atriz. Um diálogo entre mãe e filha arrebatou cinéfilos no mundo inteiro e ganhou status de sequência antológica. Hora mais que propícia para rever o mais famoso dos filmes de Mike Leigh. Afinal, ele deu relevo a duas forças motrizes do melhor cinema britânico de então: a presença de atores não anglo-saxões (negros ou indianos ou paquistaneses) em papéis de destaque e o interesse pela classe operária (em contraste com os oscarizáveis filmes ambientados na realeza, com castelos e figurinos de luxo e época).

Um filme mais recente do núcleo histórico – o alemão “A Vida dos Outros” (2006), de Florian Henckel von Donnersmarck – também merece revisão. Por suas qualidades, claro, e por trazer incômoda relação com o Brasil de nossos dias, mergulhado no obscurantismo.

O Festival Sesc prestará homenagem à paraibana Marcélia Cartaxo exibindo dois títulos de sua bem-sucedida carreira – “A Hora da Estrela”, de Suzana Amaral (1985), que rendeu a ela o Urso de Prata de melhor atriz em Berlim, e “A História da Eternidade” (2015), grande vencedor do Festival de Paulínia.

Na Faixa Especial Abril Indígena, que integra o festival, serão exibidos os documentários “Serras da Desordem” (2006), de Andrea Tonacci, e “Martírio” (2017), de Vincent Carelli, Tatiana Almeida e Ernesto de Carvalho – também premiados em edições anteriores. O projeto Abril Indígena integra o Programa Diversidade Cultural do Sesc SP, dedicado a questões relativas aos povos originários, e voltado à valorização e difusão da diversidade cultural no Brasil.

Entre os vencedores brasileiros do festival, na categoria ficção, decerto estarão filmes como o baiano “Sertânia”, de Geraldo Sarno, o cearense “Pacarrete”, de Allan Deberton, o carioca “Três Verões”, de Sandra Kogut, o gaúcho “Aos Olhos de Ernesto”, de Ana Luiza Azevedo, e o pernambucano “Fim de Festa”, de Hilton Lacerda. No terreno do documentário, são significativas as chances de “Babenco – Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou”, de Bárbara Paz. Na categoria melhor atriz, o duelo se dará entre Marcélia Cartaxo, a Pacarrete, e Regina Casé, a governanta Madá, de “Três Verões”.

Para essa edição online, a equipe do CineSesc selecionou e compôs mostra com alguns dos filmes internacionais mais votados. Por isso, o público poderá ver (ou rever) títulos como o documentário “Honeyland”, de Tamara Kotevska e Ljubomir Stefanov (Macedônia do Norte), o drama francês “Retrato de uma Jovem em Chamas”, de Céline Sciamma, o britânico “Você Não Estava Aqui”, de Ken Loach, e o franco-belga “O Jovem Ahmed”, de Jean-Pierre e Luc Dardenne. Os prêmios internacionais devem sair desse grupo de filmes, todos europeus.

 

47º Festival Sesc Melhores Filmes
Data: 14 de abril a 5 de maio
Os filmes estarão disponíveis on demand (alguns por apenas 24 horas, outros por uma semana. Há aqueles que estarão disponíveis até o término do festival)
Acesso pela plataforma Sesc Digital (sescsp.org.br/cinemaemcasa)
Parte dos filmes exibidos oferece acessibilidade (legendas open/close caption, libras e audiodescrição, disponíveis via app MovieReading)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.