Academia brasileira escolhe “Ainda Estou Aqui” para brigar pelo Oscar com o francês “Emilia Pérez”

Por Maria do Rosário Caetano

“Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, foi o filme escolhido, por unanimidade, pela Academia Brasileira de Cinema e Artes Visuais para representar o Brasil na busca por uma das cinco vagas ao Oscar de Hollywood, na categoria “filme internacional”.

A escolha forrou-se em sólidos argumentos. O filme, baseado em livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, causou frisson no Festival de Veneza, do qual saiu com o prêmio de melhor roteiro. De lá seguiu para o Festival de Toronto, considerado a ante-sala do Oscar, e foi bem-recebido pelo público e elogiado pela crítica.

A poderosa Hollywood Reporter assegurou, durante a festa canadense, que “nenhum filme, entre os que faziam sua estreia na América do Norte, foi tão calorosamente recebido pelo público”. O Los Angeles Times classificou “Ainda Estou Aqui” como “um dos oito melhores filmes exibidos em Toronto”.

O novo longa-metragem de Walter Salles, com estreia nacional confirmada para 7 de novembro, enfrentou ótima seleção de filmes brasileiros – “Motel Destino”, de Karim Aïnouz, “Saudade Fez Morada Aqui Dentro”, de Haroldo Borges, “Cidade; Campo”, de Juliana Rojas, “Sem Coração”, de Nara Normande e Tião, e “Levante”, de Lillah Halla. Mas nenhum deles teria retaguarda tão poderosa quanto a que terá  “Ainda Estou Aqui”.

Publicações de peso colocam apenas um filme, o francês “Emilia Perez”, de Jacques Audiard, à frente do brasileiro. Se ambos forem selecionados para a reduzida lista de cinco finalistas (o Oscar, às vezes, é imprevisível), o representante da França poderá ser a pedra no caminho de Walter Salles. Como “A Vida é Bela”, do italiano Roberto Benigni, o foi em 1999.

Na primeira vez que concorreu à estatueta hollywoodiana, Walter Salles também tinha a Sony na retaguarda, empresa com imensa vez e voz na indústria audiovisual norte-americana. Uma marca capaz de mover a verdadeira operação de guerra exigida de criadores e produtores de filme interessados em chegar à maior festa da indústria cinematográfica planetária. Quando “Central do Brasil” quase chegou lá, ele dispunha de dupla indicação, pois Fernanda Montenegro concorreu a melhor atriz.

Agora, especula-se que Fernanda Torres, filha de Fernandona e protagonista de “Ainda Estou Aqui”, possa obter uma indicação na mesma e ambicionada categoria. Batalha de muitos rounds. Mas por que não? Até Selton Mello vem sendo lembrado por algumas publicações para a categoria de melhor ator coadjuvante.

A assessoria de imprensa do filme de Walter Salles, produção que uniu muitos esforços (Videofilmes, RT Features, MACT Filmss, Arte France Cinéma, Conspiração e Globoplay), traça o destino do filme, de agora em diante, em novos festivais. Nesse momento, o longa participa da Mostra Perlak, não-competitiva (mesmo caso de Toronto), no Festival de San Sebastián, na Espanha, que prossegue até dia 28. Depois participará do BFI London Film Festival, na Inglaterra. A sessão acontecerá no dia 13 de outubro, na presença de Walter Salles e do escritor Marcelo Rubens Paiva.

E tem mais: “Ainda Estou Aqui” está confirmado na programação da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo (17 a 30 de outubro), e será exibido na sessão Spotlight do Festival de Nova York, realizado no Lincoln Center. Como se vê, a exposição internacional da produção brasileira permitirá que centenas de votantes da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood tenham acesso ao filme brasileiro.

“Ainda Estou Aqui” conta a história de uma família, a do escritor Marcelo Rubens Paiva. A narrativa começa no Rio de Janeiro, início dos anos 1970. O país enfrenta a fase mais repressiva do regime militar. Em torno de Rubens Paiva, deputado cassado, e de sua esposa Eunice, estão seus cinco filhos, adolescentes e pré-adolescentes.

A família Paiva vive num casarão alugado em frente à praia. O lar mantém portas abertas aos amigos do casal e dos adolescentes. Um dia, o engenheiro Rubens Paiva é  levado por militares à paisana e desaparece.

Eunice  busca o marido. E esta busca (pela verdade sobre o destino do companheiro) se estenderia por décadas . Ela seria obrigada a se reinventar e traçar um novo futuro para si mesma e para seus filhos.

Confira os candidatos a uma vaga no Oscar internacional:

AMÉRICA LATINA

. “Ainda Estou Aqui” (Brasil)
. “El Lugar de la Otra” (Chile)
. “La Suprema” (Colômbia)
. “Yana-Wara”, (Peru)
. “Hay una Puesta Ahí” (Uruguai)
. “Al Otro Lado de la Niebla” (Equador)
. “Despierta, Mama” (Panamá)
. “Universal Language”, Canadá (Quebec)
. “Children of las Brisas” (Venezuela)
. “Mano Propia” (Bolívia)
. “Memories of a Burning Body” (Costa Rica)

EUROPA

. “Emilia Pérez” (França)
. “A Semente da Figueira Sagrada” (Alemanha)
. “Segundo Premio” (Espanha)
. “The Last Journey” (Suécia)
. “Memory Lane” (Holanda)
. “The Hungarian Dressmaker” (Eslováquia)
. “Family Times” (Finlândia)
. “Grand Tour” (Portugal)
. “Kneecap” (Irlanda)
. “Waves” (República Tcheca)
. “Triumph” (Bulgária)
. “Russian Consul” (Sérvia)
.  “Life” (Turquia)
. “Flow” (Letônia)
. “Semmelweis” (Hungria)
. “Three Km to the End of the World” (Romênia)
. “Family Terapy” (Eslovênia)
. “Drowning Dry” (Lituânia)
. “8 Views of Lake Biwa” (Estônia)
. “The Devil’s Bath” (Áustria)
. “La Palisiada” (Ucrânia)
. “Nurderess” (Grécia)
. “Castillo” (Malta)

ÁFRICA

. “Dahomey” (Senegal, Urso de Outo em Berlim)
. “Flight 404” (Egito)
. “Everybody Loves Touda” (Marrocos)

ÁSIA

. Laapatar (Índia)
. “Cloud” (Japão)
. The Antique (Geórgia)
. “Life” (Turquia)
. “Twilight of the Warrior: Walled in” (Hong Kong)
. “Old Fox” (Taiwan)
. “12:12: The Day” (Coreia do Sul)
.”Shambhala” (Nepal)
. “Yasha and Leonid Brejnev” (Armênia)
. “Rendez-Vous Avec Pol Pot” (Camboja)
. “Heaven is Beneath Mother’s Feet” (Quirguistão)
. “Women from Rote Island” (Indonésia)

ORIENTE MÉDIO

. “From Ground Zero” (Palestina)
. “Bagdad Messi” (Iraque)

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