Mormaço

Primeiro longa-metragem solo de Marina Meliande, “Mormaço”, estreia dia 9 de maio, distribuído pela Vitrine Filmes, após ser exibido em dezenas de festivais pelo mundo. A produção conquistou o prêmio da crítica de Melhor Filme na 22ª edição do Festival de Cinema Luso-brasileiro de Santa Maria da Feira, em Portugal. O longa teve estreia mundial na competição oficial do Festival Internacional de Cinema de Roterdã e foi exibido pela primeira vez no Brasil na mostra competitiva do Festival de Gramado. Também passou pela mostra competitiva Novos Rumos, do Festival do Rio, onde recebeu menção honrosa do júri, e esteve na 42ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

O filme traz Ana (Marina Provenzzano) como protagonista, no papel da jovem defensora pública carioca, que se divide entre seu trabalho na Vila Autódromo, comunidade prestes a ser despejada por conta dos Jogos Olímpicos do Rio, e uma doença misteriosa. O longa é dirigido por Marina Meliande e escrito por ela com a colaboração de Felipe Bragança. A dupla já trabalhou junta em outros projetos e assina a direção de longas como “A Fuga da Mulher Gorila”, que estreou no Festival de Locarno 2009, e “A Alegria”, que esteve na Quinzena dos Realizadores, no Festival de Cannes 2010. Além de Marina Provenzzano, o elenco conta com o Pedro Gracindo, neto de Paulo Gracindo e filho de Gracindo Jr., Diego de Abreu, Analu Prestes, Igor Angelkorte e Sandra Souza.

A ideia de “Mormaço”surgiu quando o Rio de Janeiro foi anunciado como a cidade que iria sediar as Olimpíadas de 2016. Esse anúncio trouxe um misto de euforia e incômodo do que essa decisão significava.

Durante o trabalho de pesquisa para “Mormaço”, Marina Meliande tomou conhecimento da Vila Autódromo, uma comunidade localizada em frente aonde seria construído o Parque Olímpico, cercada pela Barra da Tijuca e que despertava interesse comerciais da especulação imobiliária do Rio de Janeiro. Por conta disso, a Vila Autódromo foi incluída como moeda de troca na negociação do prefeito com as construtoras responsáveis pelo projeto do Parque Olímpico, para que ficassem com esse terreno. Porém, a Vila Autódromo tinha dono e os moradores eram uma comunidade legalizada, que não podia ser removida de uma hora para outra. Imediatamente, Marina incorporou o local à sua história.

Além de toda a questão política, “Mormaço” usa traços do cinema fantástico e de filmes de horror para abordar esse momento de extrema opressão, mas também de resistência que o país vive desde então. O filme fala sobre corpos que resistem a sistemas opressivos e intolerantes e como os corpos se transformam de forma poética.

“Mormaço” é uma produção da Duas Mariolas e Enquadramento Produções e foi desenvolvido com o suporte da Résidence da Cinefondation, promovida pelo Festival de Cannes, e do Hubert Bals Fund, promovido pelo Festival de Roterdã. Além disso, o projeto foi o vencedor do Brasil CineMundi, da Mostra CineBH, e foi realizado com recursos do Fundo Setorial do Audiovisual, na linha dedicada a longas-metragens com propostas de linguagem inovadora e relevância artística.

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