TV Brasil estreia animação infantil “O Menino que Engoliu o Sol”

Com narração do cantor Ney Matogrosso e inspirada na obra do poeta Manoel de Barros, a série infantil “O Menino que Engoliu o Sol” estreia na TV Brasil nesta segunda (14/09), às 7h45. A animação abre a faixa de programação da emissora pública com recursos de acessibilidade para as crianças.

No ar de segunda a sexta-feira, sempre no mesmo horário, a produção independente tem 13 episódios de sete minutos. A novidade, cujo conteúdo tem supervisão artística do cineasta Joel Pizzini, pode ser conferida na sessão TV Brasil Animada Acessível.

A proposta do seriado nacional é abordar de forma poética o Pantanal e a relação do homem com a natureza. O universo lírico de Manoel de Barros, a pintura de Martha Barros e o mito do fogo na cultura indígena guató também são temáticas que aparecem na obra audiovisual que tem adaptação livre.

A partir de um olhar sensível sobre a poesia presente no meio ambiente, a “O Menino que Engoliu o Sol” aborda o medo do escuro de uma forma que cativa e emociona o público de todas as idades, desde crianças até adultos.

Para resolver esse problema, o jovem Manoel acha que é preciso comer um pedacinho do sol. O garoto vivencia diversas experiências e aprende uma lição sobre o que fazer com as emoções e a importância do equilíbrio no universo.

Realizado pela produtora Pólofilme, o conteúdo exibido pela TV Brasil em rede nacional é baseado no livro homônimo redigido por Ricardo Pieretti Câmara, que assina o roteiro ao lado da diretora Patrícia Alves Dias. Trata-se da primeira série de animação do Mato Grosso do Sul.

Natural do estado, Ney Matogrosso aproveitou o conhecimento de longa data da região para incluir suas vivências. Com sua amplitude vocal, o cantor e compositor possibilitou a interpretação de vários personagens. O astro ainda cantarolou canções que ele ouvia do avô durante a infância.

Essa experiência das gerações anteriores está presente na linguagem da trama que mescla a ternura da poesia com as belezas concretas desse ecossistema. O seriado tem trechos em live-action, com imagens do Pantanal sul-mato-grossense.

A série apresenta experiências sensórias do diálogo infantil com a natureza sob uma perspectiva poética. Manoel é uma criança que leva a vida no quintal perto de muitos bichos. Ele vira passarinho tocando as águas que falam enquanto as aves fazem música.

Quando o dia acorda, o garoto e os animais saem para brincar. Ele interage com um rio de cobras, árvores, pássaros e o amigo peixe-cachorro. O quintal de Manoel é o Pantanal. Com invencionices típicas da idade, ele gosta de regar o charco, catar a chuva, ouvir o mar, pegar o vento pelo rabo e conversar com os bichos em geral.

Ao anoitecer, o menino tem tanto medo do escuro que não quer dormir e nem comer: sua barriga está cheia de medo. Donanna, avó do jovem, que passa os dias lavando, cozinhando e passando, acredita que ele tem doença alimentar e diz que a gente é o que come.

Para apagar seu medo, o menino decide consumir luz e percebe que a mais brilhante é o Sol. Manoel, então, resolve comer um pedaço do astro que seu telhado costuma tocar. Ele só não contava que fosse devorar não apenas um pedacinho, mas o Sol inteiro. E, assim o mundo todo ficou no escuro.

Sob essa lógica, o garoto descobre que todos os seres têm luz própria. Ao desenvolver seu próprio raciocínio e amadurecer, Manoel entende que durante a noite todos continuam a brilhar. Assim, sem medo, o protagonista nota que pode voar bem alto para o dia voltar a nascer.

As cenas da produção refletem sobre as emoções de modo bem sútil, colorido e com a poética de Manoel de Barros. A obra estimula o público a assistir e a sentir o linguajar pantaneiro, a maneira infantil e o sentido poético da vida.

Inspirado na arte de Martha Barros, filha do poeta Manoel de Barros, as ilustrações têm técnica utilizada que foge dos desenhos convencionais. A equipe trabalhou a aquarela, com pigmentos que vão se dissolvendo e surgindo formando cada um dos personagens.

A produção integra animação a trechos com cenas em live-action a partir de imagens do Pantanal sul-mato-grossense que foram registradas pelo diretor e fotógrafo Maurício Copetti. As sequências trazem imagens belíssimas da fauna e flora típicas desse bioma.

A trilha sonora se harmoniza com as imagens. A música instrumental utilizada na animação remete ao som de instrumentos como a viola de cocho ao produzir sonoridade que aproxima os acontecimentos da realidade pantaneira.

“O Menino que Engoliu o Sol” é uma  das obras independentes que contemplam os conteúdos audiovisuais selecionados pela linha de fomento do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), através do Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Audiovisual (PRODAV/TVs Públicas).

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