Festival de Brasília se renova e busca novo perfil
Nilson Rodrigues assumiu o 44º Festival de Brasília de Cinema Brasileiro, que começa hoje e termina no dia 3 de outubro, com a missão de “recuperar o histórico papel de relevância do festival para o cinema brasileiro”. Nilson buscou alcançar essa meta realizando uma série de reformulações, como integrar filmes digitais e em película, aumentar o prêmio principal (de R$ 80 mil para R$ 250 mil), e, mais importante, acabar com o ineditismo como critério de seleção.
Dito e feito. Estão lá os filmes digitais e os em película. E os responsáveis pela seleção dos longas – os cineastas André Klotzel, Cibele Amaral, Monica Schmiedt, Flávio Ramos Tambellini e o jornalista Sérgio Moriconi – escolheram, entre os 110 filmes inscritos, seis, dos quais apenas dois são inéditos: “Hoje”, de Tata Amaral, e “Vou Rifar meu Coração”, de Ana Rieper. Dos outros quatro, “Meu País”, de André Ristum, e “Trabalhar Cansa”, de Juliana Rojas e Marco Dutra, foram exibidos no 4º Paulínia Festival de Cinema, “As Hiper Mulheres”, de Carlos Fausto, Leonardo Sette e Takumã Kuikuro, foi visto no 39º Festival de Gramado, e “O Homem que não Dormia”, de Edgar Navarro, passou no VII Sem Cine.
Além disso, “Rock Brasília – Era de O uro”, documentário de Vladimir Carvalho vencedor em Paulínia, abrirá o festival.
Os filmes em competição – “Trabalhar Cansa”, dos estreantes em longas Juliana Rojas e Marco Dutra, exibido na mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes e ganhador dos prêmios especial do júri e de som no Festival de Paulínia, trata de um drama familiar sobre um homem que perde o emprego e uma mulher que abre seu próprio mercadinho, envolto por um aspecto sobrenatural e avassalador. No elenco, Helena Albergaria e Marat Descartes.
“Meu País”, do também estreante em longas André Ristum, é uma coprodução com a Itália que passou em Paulínia e saiu de mãos abanando. O longa de Ristum, que conta com nomes de peso no elenco, como Rodrigo Santoro, Cauã Reymond e Débora Falabella, é um drama da classe alta, sobre a morte do pai e a descoberta de uma irmã debilitada mentalmente, que tenta evitar, a todo custo, cair num dramalhão.
“As Hiper Mulheres”, de Carlos Fausto, Leonardo Sette e Takumã Kuikuro, produção carioca-pernambucana, retrata um ritual feminino praticado pelas índias da etnia kuikuro, que habita o Alto Xingu, no Mato Grosso. Um dos diretores, Takumã Kuikuro, pertence à tribo indígena, inclusive . O documentário é produzido pela Vídeo nas Aldeias, de Vincent Carelli, responsável pelo intercâmbio audiovisual entre diferentes povos.
Segundo longa de Edgar Navarro, cineasta que venceu em Brasília com “Eu me Lembro”, em 2005, o baiano “O Homem que não Dormia” conta a história de cinco pessoas de uma cidadezinha do interior que são acometidas por um mesmo pesadelo envolvendo um homem sinistro e um tesouro enterrado, e que, após a chegada de um peregrino no vilarejo, tê m a rotina alterada. No elenco, além do próprio Navarro, estão Luis Paulino e Bertrand Duarte, entre outros.
O documentário de Ana Rieper – diretora de curtas como “Na Veia do Rio” (2002) e “Mataram meu Gato” (2006) – , “Vou Rifar meu Coração”, aborda o universo da música brega, o imaginário romântico, erótico e afetivo brasileiro a partir dessas canções populares.
Tata Amaral , vencedora do prêmio de direção em Brasília em 1996 com sua estreia em longas, “Um Céu de Estrelas”, e um dos principais nomes do cinema da retomada, traz seu quarto longa-metragem, “Hoje”, tratando das consequências da ditadura militar, novamente pelo olhar feminino – traço tão característico da diretora. No elenco, Denise Fraga e César Troncoso.
Na corrida pelo troféu Candango de curta-metragem estão “A Casa da Vó Neyde”, de Caio Cavechini, “A Fábrica”, de Aly Muritiba, “De Lá pra C á”, de Frederico Pinto, “Elogio da Graça”, de Joel Pizzini, “Imperfeito”, de Gui Campos, “L”, de Thais Fujinaga, “Ovos de Dinossauro na Sala de E star”, de Rafael Urban, “ Premonição”, de Pedro Abib, “Ser Tão C inzento”, de Henrique Dantas, “Sobre o M enino do Rio”, de Felipe Joffily, “Três Vezes por S emana,” de Cris Reque, e “Um Pouco de D ois”, de Danielle Araújo e Jackeline Salomão.
Por Gabriel Carneiro