Erros e acertos no roteiro

Seguindo a máxima de que não existe escola para roteiristas, assim como não há escolas para formar escritores, mais um livro abordando o assunto se integra ao universo dos livros de autoajuda para quem pretende entrar nesse universo do roteiro cinematográfico ou se especializar mais no assunto. Trata-se de “Por Dentro do Roteiro”, de Tom Stempel (Editora Zahar), um importante registro de mais de 30 anos de Stempel em sala de aula ensinando roteiro. O grande mérito do livro é tratar seus leitores como alunos. São 50 filmes analisados em forma de conversas.

Entre os 50 filmes estão “Janela Indiscreta”, “Guerra nas Estrelas”, “Titanic”, entre outros clássicos de Hollywood, incluindo alguns independentes como “E sua Mãe Também” e “Fargo”. O livro está recheado de pérolas sobre como um filme foi concebido. Por exemplo, a personagem Dory, a engraçada peixinha desmemoriada de “Procurando Nemo”, nas primeiras versões do roteiro era masculino, e as cenas iniciais, quando o pai perde o filho (Nemo), ocorriam em flashback. Outro aspecto do livro é a análise dos filmes através de seus fracassos. Segundo o autor, se a medicina cresce estudando as doenças, assim como outros setores do conhecimento progridem estudando suas falhas, o roteiro também merece o mesmo tratamento.

O autor peca por não entrar nunca no roteiro em si, mas permanecer na relação dos filmes com o roteiro e a produção, colocando o roteiro como um mito dentro do cinema, pregando inclusive não haver uma teoria própria para o roteiro, excluindo os grupos de regras que geralmente auxiliam os roteiristas em suas profissões. Ficar de fora da teoria também é uma vantagem, pois já temos teoria o bastante, de forma que suas visões externas do roteiro nos trazem boas histórias e uma noção importante de como um filme não depende apenas do roteiro e do roteirista, mas de uma indústria e uma equipe de profissionais.

Outro livro abordando o cinema que está sendo relançado é o clássico “Linguística, Poética, Cinema” (Editora Perspectiva), de Roman Jakobson, linguista russo que muito inspirou os estudiosos brasileiros. Roman é figura importante na formação de uma teoria da linguagem inspirada em Saussure que até hoje pode ser aplicada ao cinema e às artes em geral.

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