Festival une cinema e gastronomia em cidade de Goiás

A terceira edição do Slow Filme – Festival Internacional de Cinema e Alimentação ocorre de 13 a 16 de setembro, na pequena cidade de Pirenópolis, em Goiás, com uma programação cinematográfica que inclui a estreia brasileira de Mugaritz B.S.O., sobre o celebrado restaurante espanhol; dos filmes da Academia Barilla, da Itália; do novo documentário do consagrado Ermano Olmi; dos premiados Focaccia Blues e A Estrada Real da Cachaça; e de mais uma lista de títulos que prometem evidenciar o caráter único do Slow Filme no continente sul-americano. O evento abre no dia 13, às 19h, com a exibição do documentário alemão O Sabor do Desperdício, acompanhada de palestra do produtor rural e deputado distrital Joe Valle, pioneiro na agricultura orgânica no Distrito Federal.

Durante quatro dias, serão exibidos, no Cine Pireneus, 20 títulos produzidos em vários países, sob curadoria do cineasta e crítico Sérgio Moriconi, sempre com entrada franca. E o público ainda terá oportunidade de ver, em primeira mão, um dos mais importantes documentários do cineasta Vladimir Carvalho, Quilombo, filmado em 1974. O curta registra o cotidiano da Comunidade Quilombola do Mesquita, criada há 200 anos, próximo à cidade de Luziânia, e que tem no marmelo sua principal e mais tradicional fonte de recursos. Quilombo será brevemente relançado em DVD, numa caixa contendo outros títulos do diretor. A exibição do curta, marcada para as 15h de sexta-feira, dia 14 de setembro, contará com a presença do documentarista Vladimir Carvalho, da representante da Quilombola do Mesquita, Sandra Pereira Braga, e de mais 20 membros da comunidade. A comunidade recebe apoio do movimento Slow Foodno Brasil.

Além de exibir filmes de grande qualidade estética, o Slow Filme tem por objetivo afirmar princípios como o da sustentabilidade, do respeito ao meio ambiente e do resgate cultural. O evento é inspirado no Slow Food on Film, festival realizado em Bologna, na Itália, reunindo produções de todo o mundo, que tratam de temas ligados aos conceitos do Slow Food. Segundo o movimento, o alimento deve ser bom, limpo e justo – bom no sabor, limpo na forma de cultivar (sem prejudicar a saúde, o meio ambiente ou os animais) e justo no retorno dado aos produtores por seu trabalho. Para o movimento Slow Food, é preciso defender a herança culinária, as tradições e culturas. Fazer uma conexão entre o prato e o planeta.

Evento inédito na América Latina, o 3º Slow Filme vai exibir, pela primeira vez no Brasil, ficções e documentários realizados em várias partes do mundo. São títulos vindos da Índia, Croácia, Itália, Alemanha, França, Nigéria, Estados Unidos e Brasil (que está representado com três grandes filmes – o premiado A Estrada Real da Cachaça, de Pedro Urano, Quindim de Pessach, de Olindo Estevam, e o curta Quilombo, do documentarista Vladimir Carvalho).

O evento conta ainda com a exibição do curioso documentário Mugaritz B.S.O., que apresenta o processo de transformação das receitas premiadas do chef Andoni Luis Aduriz, do restaurante basco Mugaritz (considerado um dos três melhores do mundo), em temas musicais especialmente criados pelo músico Felipe Ugarte. O filme registra os três anos em que Felipe analisou as receitas com o objetivo de interpretá-las em linguagem musical, a preparação dos pratos, as viagens que o músico fez a países como Etiópia e Peru em busca de melodias até as gravações em estúdio.

Na grade de programação estão filmes como O Sabor do Desperdício, do alemão Valentin Thurn, que mostra o volume de alimentos que a sociedade contemporânea lança ao lixo, mas revela uma recente mudança de mentalidade. E Dabbawala– O Milagre das Marmitas, um filme sobre uma tradição na Índia: o consumo de refeições caseiras que chegam a 200 mil diariamente, em Mombai, e sobre as pessoas que entregam essas refeições, os dabbawalas. Há ainda O Mundo Segundo Monsanto, da canadense Marie-Monique Robin, que promove um mergulho na gigante que é a maior produtora de herbicida e sementes geneticamente modificadas do mundo. E o brasileiro Estrada Real da Cachaça, de Pedro Urano, que refaz a rota de fabricação da aguardente, desde o período colonial até os dias atuais.

A programação inclui documentários muito bem-humorados, como a produção italiana Facaccia Blues, de Nico Cirasola, que conta a curiosa história de um padeiro de Puglia, na Itália, que abriu sua loja ao lado de um McDonalds e, só com seu talento em fazer pães, levou a lanchonete norte-americana à falência na cidade. E Comendo o Alasca, que fala de uma vegetariana convicta que, desavisadamente, se apaixona e se casa com um caçador de veador e pescador do Alasca. E ainda Quindim de Pessach, sobre a apropriação feita por cozinheiras brasileiras da culinária judaica e a saborosa mistura desta tradição com ingredientes da cozinha nacional.

O Slow Filme exibirá também animações como O Bezerro que queria ser hambúrguer, uma sátira à propaganda enganosa; ficções como o alemão Menu de Domingo, sobre uma adolescente vietnamita-alemã que enfrenta conflitos de geração e transculturais através do poder ritualístico da comida; e documentários como Terraços do Vinho, o mais recente do mestre italiano Ermano Olmi, que apresenta a viticultura heróica da região da Valtellina, no nordeste italiano.

Uma das grandes novidades da programação do 3º Slow Filme é a exibição dos filmes que integram a grade da Academia Barilla, um importante centro de valorização e difusão da gastronomia regional italiana, situado em Parma, que anualmente premia curtas-metragens dedicados à comida tradicional. No programa, seis filmes de ficção e documentários de grande sensibilidade, como A Sopa de Pedra, baseado numa lenda medieval, Bellíssimi, sobre um povoado esquecido na Itália, onde se fabricam balões e doces para a festa da Misericórdia, e o curioso Música de Cozinha, que transforma utensílios de cozinha em instrumentos musicais, provando que cada um tem sua personalidade.

PROGRAMAÇÃO DE CINEMA

QUINTA-FEIRA, 13.09

19h00 – Abertura oficial: O sabor do desperdício
Sessão seguida de palestra com o deputado e engenheiro florestal, Joe Valle

SEXTA-FEIRA , 14.09

15h00 – Sessão especial: Quilombo (20’), de Vladimir Carvalho.
Sessão seguida de conversa com o diretor e com a representante do povoado Mesquita, Sandra Pereira Braga

16h30 – O Mundo segundo Monsanto (109’)

18h30 – Terraços do Vinho (73’)

20h00 – Foccacia Blues (75’)
Palestra do italiano Antonello Monardo sobre a origem do movimento Slow Food na Itália, seguida de degustação de pães italianos e foccacias de alecrim e sal grosso. Harmonização com vinho tinto, gentilmente oferecido pela Art du Vin.

SÁBADO, 15.09

15h00 – O Bezerro que queria ser hambúrguer (5’) + O Sabor do desperdício (88’)

16h45 – Mugaritz B.S.O. (72’)

18h30 – Almoço (17’) + Sessão Academia Barilla: O Pão (10’) + Ponto de Vista( 8’) + A Sopa de Pedra (14’) + Doce, afinal (3’) + Belíssimos (18’) + Música de Cozinha (10’) + Omelete ( 10’)

20h15 – Estrada real da cachaça (98’)
Sessão seguida de conversa com o diretor Pedro Urano, com produtores e com a chef paulista Bia Goll sobre a utilização da cachaça na culinária brasileira. Degustação de cachaças mineiras e goianas.

DOMINGO, 16.09

15h00 – Menu de domingo (24’)+ Comendo o Alaska (57’)

17h00 – Quindim de Pessach (26’) + Dabbawala – O milagre das marmitas (50’)

18h30 – Na Alegria e na Cebola (52’)

 

Mais informações: (61) 3343-8891 e www.slowfilme.com.br.

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