Mostra exibe cópia restaurada de “Nosferatu”
A 36ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo comemora o 90º aniversário de Nosferatu (1922), clássico mudo dirigido por F.W. Murnau, com projeção ao ar livre de cópia restaurada do filme, na área externa do Auditório Ibirapuera. A exibição será acompanhada por trilha composta por Pierre Oser, maestro alemão que vem a São Paulo para reger a Orquestra Petrobras Sinfônica e o Coro Projeto X, em execução ao vivo de sua partitura.
Pierre Oser é compositor, músico e maestro em Munique, na Alemanha. Compôs trilhas para a TV, peças radiofônicas e teatrais, e para o cinema. Criou novas partituras para clássicos como Michael (1924), de Carl Theodor Dreyer, Aurora (1927), de F. W. Murnau, e A Morte Cansada (1921), de Fritz Lang.
A música para Nosferatu que será apresentada durante a 36ª Mostra é a segunda versão de Pierre para o clássico – a primeira foi criada em 2000 –, e foi composta em 2012 em homenagem ao centenário da morte de Bram Stoker (1847-1912), autor de Drácula, romance no qual o filme foi inspirado. Essa será a segunda apresentação da trilha original no mundo, composta para coral, percussão e orquestra de cordas, que teve sua première em Jacarta, na Indonésia.
Apesar de não autorizada, Nosferatu é a primeira adaptação do romance Drácula, de Bram Stoker, para o cinema. Murnau ignorou a negativa da viúva do escritor irlandês, Florence, de lhe conceder os direitos da obra, alterou os nomes dos personagens e prosseguiu com o projeto do filme. Na história, o agente imobiliário Hutter viaja até os Cárpatos para visitar um novo cliente, o excêntrico Conde Orlok. Aos poucos, ele descobre que Orlok é um vampiro. Antes que Hutter o impeça, Orlok consegue se mudar para Winsborg, onde Hutter mora com sua esposa Ellen. O vampiro espalha praga e morte pelo povoado até Ellen notar que ele sente uma forte atração por ela. Ao contrário de outros vampiros, Orlok tem sombra – como se vê na cena incansavelmente reproduzida em que o conde sobe as escadas para possuir Ellen.
Murnau foi um dos mais importantes cineastas do cinema mudo e do cinema expressionista alemão. Além de Nosferatu (1922), seus filmes mais conhecidos desse período são A Última Gargalhada (1924) e Fausto (1926, 23ª Mostra). Mudou-se para os Estados Unidos na segunda metade dos anos 1920, onde realizou filmes como Aurora (1927) e Tabu (1931, 31ª Mostra), codirigido por Robert Flaherty. Murnau morreu em decorrência de um acidente de carro em Los Angeles, em 1933.
A restauração da cópia de Nosferatu que vem a São Paulo foi realizada entre 2005 e 2006 por Luciano Berriatúa para a Fundação Friedrich-Wilhelm-Murnau, com base numa cópia de 1922, com os intertítulos e coloração original. O processo de restauração digital possibilitou a manutenção dos intertítulos originais, o que os diferencia das versões anteriores do filme, nas quais estes foram refeitos. O cuidado da recuperação da obra ainda inclui a eliminação de riscos, rasgos e arranhões, assim como o balanceamento de luz e densidade, trabalho feito manualmente, quadro por quadro, imagem por imagem.
NOSFERATU NO IBIRAPUERA
Sexta-feira, dia 2 de novembro, às 20h
Área externa do auditório do Ibirapuera
Entrada aberta e gratuita