Mostra apresenta os 45 anos da Tropicália no cinema
A mostra “Pão e Cinema – 45 Anos de Tropicália” apresentará 26 curtas e longas-metragens de ficção e documentários, na CAIXA Cultural Rio de Janeiro, de 10 a 15 de setembro (terça-feira a domingo).
Entre os destaques da programação, estão raridades e títulos quase desconhecidos como o curta “Mito e Contramito da família Pernambucobaiana”, dirigido por Jomard Muniz de Brito, em 1974, com Caetano, Gil, Dedé e Geneton Moraes Neto; e o documentário “Quatro Elementos em Si ou o Guru Selvagem”, de André Martinez, com Jorge Mautner e Nelson Jacobina; além de filmes consagrados desde “Terra em Transe”, de Glauber Rocha, até o ainda inédito comercialmente “Hélio Oiticica”, de César Oiticica Filho, premiado em diversos festivais.
A data e o local da mostra não foram escolhidos por acaso: em 7 de agosto de 1968, na boate Dancing Avenida, uma casa tradicional que funcionava há poucos metros da Caixa Cultural, da Avenida Almirante Barroso, aconteceu o lançamento do polêmico disco-manifesto “Tropicália ou Panis et Circencis”, um dos melhores trabalhos musicais já feitos no país, marco na cultura nacional graças ao arrojo e qualidade das ousadas contribuições estéticas das composições e interpretações. Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Nara Leão, Tom Zé e Os Mutantes, estampados na foto da capa do álbum, interpretaram as músicas do disco, que contava também com a participação dos letristas José Carlos Capinam e Torquato Neto, e a regência do maestro Rogério Duprat, autor dos elogiados arranjos.
Contrastando com a ala mais conservadora da MBP, o trabalho do grupo tropicalista caracterizava-se pelas influências que sofria (Beatles, guitarras) ao mesmo tempo em que procurava revalorizar gêneros e artistas desprezados (boleros, baiões, Vicente Celestino, Luís Gonzaga, Roberto Carlos e o iê-iê-iê, as cantoras de rádio), tudo temperado pelo molho fornecido pelas vanguardas internacionais então em voga (o poeta russo Maiacovsky, o cineasta francês Godard). O movimento popularizou-se com a participação de seus integrantes nos festivais da canção promovidos pelas redes de televisão.
Os anos 1960 foram propícios a experimentação e interatividade entre as manifestações artísticas, e os músicos tropicalistas travaram um intenso diálogo com outros setores. Antes mesmo de darem início ao movimento, Caetano e Gil já compunham trilhas para filmes. Ambos atuaram em diversos filmes e foram enfocados por documentários.
Os outros tropicalistas também deixaram marcas na sétima arte, sejam se aventurando pela interpretação (Nara Leão, Tom Zé), emprestando suas vozes às trilhas sonoras (Gal Costa) ou em intervenções onde aparecem como si mesmos, no filme “Os Mutantes”. A tropicalista honorária Maria Bethânia é a cantora brasileira sobre quem mais se fez documentários, e os tropicalistas tardios Jards Macalé, Jorge Mautner e Waly Salomão, recentemente, foram objetos de elogiados documentários que serão exibidos na mostra.
Uma mesa redonda também será realizada na quinta-feira (12), às 19h, com participação de Jorge Mautner (cantor, compositor e cineasta), e Leonardo Luiz Ferreira (jornalista, crítico de cinema e cineasta), com entrada gratuita.
A programação completa da mostra está em www.caixa.gov.br/caixacultural.
Mostra “Pão e Cinema – 45 anos de Tropicália”
Curadoria: João Juarez Guimarães
Data: de 10 a 15 de setembro de 2013 (terça-feira a domingo)
Local: CAIXA Cultural Rio de Janeiro – Cinema 1 – Av. Almirante Barroso, 25, Centro (Metrô: Estação Carioca) – Telefone: (21) 3980-3815
Ingressos: R$ 2,00 (inteira) e R$ 1,00 (meia). Além dos casos previstos em lei, clientes CAIXA pagam meia
Bilheteria: de terça-feira a domingo, das 10h às 20h
Lotação: 78 lugares (mais 3 para cadeirantes)
Acesso para pessoas com deficiência