José Wilker, o inconfidente de Joaquim Pedro de Andrade

Aqui no Panamá, onde estamos para o Prêmio Platino, recebemos a notícia da perda de José Wilker. Sem acreditar, relembro que dias atrás recebi email dele, agradecendo pelo envio desta foto.

Esta história começou anos atrás, quando ele era diretor da Riofilme. Hermes Leal, editor da Revista de CINEMA, me pautou para uma longa entrevista com Wilker, com média de 20 mil caracteres. Conversamos, em Gramado, no Hotel Khur, onde ele descansava nas horas vagas da pauleira do festival. Depois de uma longa conversa, perguntei se tinha, em seus arquivos, uma foto de cena, com ele ensanguentado, em Os Inconfidentes, de Joaquim Pedro de Andrade. Para mim, a exasperada atuacão dele como Tiradentes constituia o ponto máximo de sua carreira. Ele, brincalhão, me disse: “ih, nao tenho. Sou muito desorganizado neste item”. Aí retruquei: “veja o site do ator franco-argentino Jean-Pierra Noher e mande fazer um igual, tão organizado quanto, para você.”

Quando, dias atrás, encontrei a foto, fiz uma reprodução e mandei para ele. Me mandou um email singelo, agradecendo a foto (que está na Enciclopédia do Cinema Brasileiro, Editora Senac) e a frase que a acompanha. Um reforço do elogio ao trabalho dele no filme de Joaquim Pedro.

Wilker, cearense, pernambucano, carioca, que atuou no MCP, em Recife, o Vadinho de Dona “Sônia Braga” Flor, o Lorde Cigano de “Bye Bye Brasil”, o Roque, santeiro… tantos papeis… Na Revista de CINEMA de abril/maio, que está para chegar aos leitores, Wilker comparece como homenageado da próxima edição do Cine PE, que acontece no final deste mês, em Recife. Ele voltaria ao Fest Recifolinda, um ano depois de concorrer lá, como diretor, por “Giovanni Improtta”. A imprensa não gostou. Mesmo assim, ele foi um gentleman, na entrevista. Aceitou as críticas e deu respostas equilibradas e muito sensatas.

Wilker deixará muitas saudades.

 

Por Maria do Rosário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.