SPCine mudará cenário da produção paulista
Enfim, até o final deste semestre, a SPCine deve entrar em sua fase pré-operacional. A empresa pública, criada nos moldes da RioFilme e já desejada pelo setor há vários anos, terá o papel de melhorar e facilitar as condições de se fazer cinema em São Paulo. Na fase pré-operacional, a SPCine, que, ao que tudo indica, será presidida por Alfredo Manevy, secretário-adjunto de cultura do município, contando com uma equipe pequena, formada por pessoas do governo e do mercado, deverá, durante um ano, testar processos e metodologias.
Aprovada pela Câmara Municipal e sancionada pelo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, em dezembro de 2013, a criação da SPCine está a todo vapor, faltando apenas a licitação da empresa de contabilidade e o CNPJ, para começar a realmente existir. “O primeiro ano é de implantação, em que há uma série de questões estruturais e logísticas, como a sede. Nesse ano, ela não caminha sozinha, mas começa a andar. Vai estar incubada na Secretaria Municipal de Cultura e se amparando por ela. Nesse ano, deve lançar suas primeiras linhas de trabalho e anunciar as primeiras parcerias”, conta Manevy, que está a frente do processo ao lado de Juca Ferreira, secretário de cultura do município. Em 2014, editais referentes a desenvolvimento, distribuição e exibição devem ser lançados, além de um de produção, em parceria com a Ancine, sem valores definidos ainda.
Subordinada e operada pela Secretaria Municipal de Cultura, a SPCine tem a missão de colocar novamente São Paulo no mapa cinematográfico, especialmente, no âmbito econômico. “É uma política 2.0, ou seja, inconformada com o que existe. A SPCine parte de um desejo coletivo que não é novo e é um projeto em construção e estará sempre em construção, pegando a cadeia produtiva como um todo. O poder público enxerga essa cadeia produtiva de forma muito capenga. A gente observa, por meio de incentivos à produção, como a classe se situa, com os festivais, mas não existe de fato uma empresa que observe o todo, para desobstruir esses gargalos. A SPCine tem a missão de desarranjo e de harmonização, e de atuar onde o poder público tem dificuldade de atuar. Num país de terceiro mundo, o mercado é conservador e o poder público tem que fazer o meio termo nesse sentido”, explica Renato Nery, coordenador de cinema da Secretaria Municipal da Cultural de São Paulo.
“O objetivo da empresa será unificar investimentos dos três níveis de governo (municipal, estadual e federal) e implementar políticas públicas para o desenvolvimento e ampliação da produção audiovisual em São Paulo. Depois de sua instalação, a SPCine terá gestão compartilhada entre os três níveis de governo e participação do setor audiovisual na construção de sua estratégia de atuação”, explica Rodrigo Mathias, assessor do secretário de estado da cultura.
As linhas de atuação da SPCine
A SPCine deve trabalhar, a princípio, em algumas frentes: no suporte – insumos, equipamentos, filmagem (estúdios, cenografia) –, na produção – criação, captação, produção e finalização –, no acesso – exibição e comercialização –, e na qualificação – crítica, formação e mão de obra. “Hoje, há vários gargalos no desenvolvimento do audiovisual em São Paulo. Nós temos o maior número de produtoras, de canais e programadoras de TV, maior circuito de exibição de cinema, maior número de empresas que prestam serviços em equipamento, produção e pós, mas, paradoxalmente, essa infraestrutura não se reflete nos resultados de público, de circulação e de chegada de projetos à outra ponta. O potencial de São Paulo está represado”, explica Manevy.
A ideia é que a SPCine seja uma empresa de associação e não de plena execução direta. “Se está associada a outras empresas empreendedoras, ela potencializa o negócio. Se elas não são inovadoras, podemos entrar junto, trabalhando numa perspectiva de novos mercados, de nichos e de riscos”, aposta Nery. “Se há um gargalo de distribuição, a SPCine se associa a empresas do setor buscando soluções, incentivando. Ela faz aposta de mercado, colocando dinheiro”, exemplifica.
A criação da empresa tem sido pensada coletivamente, ouvindo vários setores e associações, do cinema à televisão, da concepção aos serviços, entre elas a Associação Paulista de Cineastas (APACI) e o Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo (SIAESP). Seus respectivos presidentes, Rubens Rewald e André Sturm, estão esperançosos. “A SPCine vai trazer uma inteligência para o setor, com a criação de uma política, com continuidade, que não fique à mercê da boa vontade dos governantes. Assim, essa inteligência poderia coordenar e agir em vários sentidos, fomentando, investindo, pensando em novos circuitos, novas formas de comercialização, acesso dos filmes ao público, formação de novos públicos, enfim, toda a complexidade que é o audiovisual. Até o momento, tem sido ótimo o diálogo. Os gestores são sempre muito abertos e receptivos às nossas ideias e pleitos. Nossa grande preocupação é que o presidente e a diretoria sejam pessoas ligadas ao cinema, com conhecimento técnico da atividade”, conta Rubens Rewald, presidente da APACI. “É uma iniciativa que será muito importante. Pode ajudar a organizar as filmagens em São Paulo, alocar recursos de maneira mais ágil para a produção, apoiar a circulação dos filmes”, comenta André Sturm, presidente do SIAESP.
R$ 50 milhões para começar
Na criação da empresa, foi instituído que o aporte inicial será de R$ 50 milhões, R$ 25 milhões provenientes da prefeitura e outros R$ 25 milhões do governo do estado. Esse valor investido anualmente na empresa será para custear todos os projetos da SPCine, não apenas o valor posto ao mercado em editais. A ideia, porém, é que a empresa não conte com apenas esse valor no orçamento. Ela deverá ter um retorno financeiro a partir de seus investimentos. A SPCine trabalhará, principalmente, com o método de financiamento reembolsável, em que o beneficiado deverá devolver o valor em caso de lucro. A empresa também poderá ser contratada como prestadora de serviços por outras instituições. Manevy aponta que haverá uma meta de retorno financeiro, mas o percentual dos investimentos que deve ser retornado ainda será decidido e deliberado por um conselho.
Os editais e chamamentos públicos continuarão em voga. Os critérios e objetivos sempre serão tornados públicos, em programas focados em nichos de produção distintos, tendo como base para seleção o potencial econômico e cultural. A SPCine deve trabalhar com duas linhas a princípio: fluxo contínuo e financiamento automático. Trabalhará também com flancos diferentes: um, de inovação ao empreendedorismo, e outro de ocupação ao mercado. “A tendência é que desenvolvamos critérios com as produtoras, canais, criadores para que fique cada vez mais ágil, e que não se retarde o processo; entender a configuração do mercado e definir os critérios de participação”, explica Manevy, que também esteve ao lado de Juca Ferreira quando ele foi ministro da cultura.
Nesse sentido, a SPCine deve atuar tentando ver a imagem maior do audiovisual paulista. Há, por exemplo, uma dificuldade em disputar o mercado dos filmes de gênero que usem efeitos especiais. Consultando os agentes especializados em efeitos, os finalizadores, conclui-se um problema: o dinheiro da produção nunca chega à finalização. Esse é um ponto de partida para poderem atuar nesse ponto específico.
Editais terão novos modelos
O modelo de edital atual deve, porém, ser repensado. Atualmente, um valor é disponibilizado. Se você é premiado no edital, você recebe o dinheiro e se vira. A SPCine busca o modelo de parceria. “Um modelo de parceria parece muito mais efetivo, porque é um modelo de cobrança, de performance, que incentiva as pessoas a melhorar o que é feito, diferente dos editais. O modelo de parceria busca encontrar a melhor coisa para o filme e para a empresa que vai fazer o serviço. A SPCine tem que dar respostas econômicas, exigindo de seus parceiros performance. E isso não é apenas resposta de mercado, bilheteria. Se for desenvolver um mercado de filme de arte, que o filme realmente dispute o nicho do mercado do filme de arte. A empresa cobra, em número de público, meta”, elabora Nery.
Ou seja, se a SPCine entrar como distribuidora ou codistribuidora de um filme, ela buscará os exibidores que melhor atendem o perfil daquele filme, promovendo-o para aquele nicho específico. “A empresa pública defende o público e não seu dono, ela está integrada às gestões estratégicas da Secretaria de Cultura. Se decidirem que se deve agir no sistema de salas de cinema da prefeitura, num sistema de parceria de gestão privada, para que melhore o serviço público, criando uma economia para o setor, ela vai lá e atua”, complementa.
A empresa também deverá estar acessível para quem está tentando se inserir no mercado, quase como uma agência. Se alguém tiver um projeto de televisão bacana, pode buscar conselho na SPCine, onde podem indicar canais televisivos ou mesmo os colocar em contato com eles.
Reforço na produção de cinema e TV
A SPCine tem algumas preocupações no campo da produção audiovisual, em que pretendem reverter o cenário. Um deles é o modelo de financiamento – e não a quantidade de recursos alocados ao setor. “O sistema de financiamento precisa estar atrelado a resultados econômicos, artísticos, culturais e sociais como critérios para ganhar em eficácia”, afirma Manevy. Outra preocupação é reduzir o tempo de produção dos filmes. A empresa deve então agir como “uma enzima, facilitadora e articuladora” de investimentos, para que não se tome tanto tempo para entregar um produto.
Com a Lei 12.485, há uma demanda por produtos audiovisuais para a televisão que supera a oferta. A SPCine deve investir pesado também no campo televisivo e de transmídia por conta disso. A principal medida deve ser na formação de profissionais. “Precisamos de mão de obra qualificada, criativa e técnica, formulando e realizando projetos.
Trabalharemos com formação para isso, em roteiro e dramaturgia, e no nível técnico, como fotografia, câmera, som, montagem. São Paulo tem importado técnicos da Argentina e do Uruguai. Temos escolas de cinema que poderiam estar fornecendo técnicos. Falta um programa de formação para o mercado. Parte do problema é a necessidade de ter boas histórias. Precisamos atuar muito no desenvolvimento de linguagem – roteiro e direção –, a dimensão criativa da cadeia produtiva, que não pode ser subestimada”, explica Manevy. Games também são um mercado de interesse.
Por conta disso, uma das principais apostas da SPCine será no campo do desenvolvimento de projetos, formatos e gêneros. No ano passado, a prefeitura, em audiovisual, só abriu um edital voltado para esse campo. Nesse ano, o escopo será ampliado. Não só em editais de desenvolvimento de roteiro, mas também em outras linhas, como serviços de pacotes de atendimento etc.
Para Rubens Rewald, da APACI, um dos principais problemas da produção em São Paulo é que falta diversidade. “O cinema comercial/industrial tem que ter o mesmo peso e importância do cinema cultural/autoral. Ambos são importantes para o desenvolvimento do nosso audiovisual”, aponta. Segundo Manevy, isso é almejado. “Deve-se buscar um equilíbrio, um investimento equânime, entre filmes médios e de nicho e as grandes produções”, compactua.
Soluções na distribuição e exibição
“O setor carece de uma continuidade nos investimentos e, principalmente, de apoio à distribuição e exibição. Muitos filmes não conseguem ser lançados e outros são lançados de qualquer jeito, ficam um tempo exíguo em cartaz e caem fora de circulação. Isso tem que mudar, dinheiro público é utilizado na produção de muitos filmes, o público tem que ter acesso a eles. E, muitas vezes, o público gostaria de ver esses filmes, mas nem fica sabendo da existência deles. Tem que haver uma revolução no pensamento da distribuição. Novos circuitos populares têm que ser pensados. O cinema não pode ser um monopólio de shoppings centers”, critica Rewald.
Distribuição e exibição são os principais problemas hoje do cinema brasileiro. Para o cinema paulista, isso não é diferente. Muito por conta disso, a SPCine promete estar atenta ao setor e já busca uma série de soluções. “Queremos desenvolver mais conteúdo infanto-juvenil, precisamos diversificar gêneros, superar a dicotomia arte-cultura e mercado. Os filmes médios e pequenos, incluindo curtas e documentários, também precisam encontrar seu espaço no cinema, na TV fechada, aberta e outras janelas. Precisamos descobrir uma forma de distribuir esses filmes. Claro que devemos apoiar filmes com pretensões de bilheteria de mais de um milhão, é fundamental. Mas é fundamental que a SPCine desenvolva o mercado de comercialização para filmes de nicho, onde mais temos dificuldade. Temos hoje várias distribuidoras privadas indo para esse caminho e queremos ajudá-las”, explica Manevy.
A empresa poderá atuar tanto como distribuidora como codistribuidora, dependendo do que for mais vantajoso para cada filme, em todo país. A distribuição não deve se confinar a salas de cinema, mas sim se expandir a outras plataformas, como TV – aberta e fechada, nacional e estrangeira –, VOD etc.
Novas salas e um canal de TV
Novas telas também devem aparecer com a SPCine, que pretende voltar todas as suas forças para a exibição. Isso já começou com a reabertura do Cine Belas Artes, que deve ocorrer nos próximos meses. A empresa articulou com a Caixa Econômica o patrocínio da sala, com dinheiro privado do marketing, como facilitadora. Nesse esquema, há algumas contrapartidas: os ingressos devem custar 20% menos do que o valor médio na região da Av. Paulista, uma sala será gerida pela SPCine e os trailers dos filmes desta sala deverão circular nas outras salas do complexo.
Hoje, a prefeitura conta com 74 salas de cinema, porém desarticuladas, desmobilizadas, sem modelo de gestão e de negócio, e sem um serviço de qualidade padronizado. Busca-se uma retomada das salas de cinema de rua no centro expandido e nos bairros periféricos, e para isso essas salas devem ser padronizadas. “O modelo de negócio de salas de cinema de rua – aquelas com uma só sala – não deu certo e não é à toa. Temos que observar com cuidado. As salas da prefeitura em geral são compostas de uma sala só e sem estacionamento. Em determinado momento, as pessoas passaram a ver São Paulo como uma cidade perigosa e se você não tem estacionamento, você não chama público. Se não tem multiplex, não chama público. Há um olhar muito cuidadoso, que precisa passar por um processo de experimentação, para ver o que funciona”, pontua Nery.
A ideia é trabalhar com as salas culturais da prefeitura, como CCSP, Olido, CEUs; as salas de cinema desapropriadas do centro, como o Cine Marrocos, o Art-Palácio, que devem virar espaço multiuso, inclusive cinema; e atuar com o setor privado do circuito de arte e de rua, como foi feito com o Cine Belas Artes, com uma contrapartida. “Muitas vezes o aluguel é muito caro e é difícil expandir ou o patrocinador não está presente para fechar a conta. Os empreendedores querem investir, a SPCine não vai interferir nisso, mas pode entrar como parceira, fiadora, investidora menor”, explica Manevy.
O estado como um todo deve ter um papel nessa expansão. “O estado de São Paulo reúne o maior mercado exibidor do Brasil, com cerca de 280 salas na capital e 770 no interior, segundo dados mais recentes, divulgados em 2010. Trata-se de um mercado decisivo para impulsionar o desenvolvimento econômico do cinema e do audiovisual paulistano, impactando também em todo o Brasil. Além disso, a SP Cine terá um importante papel de articulação com as prefeituras do estado no intuito de identificar e promover novos circuitos em salas públicas e privadas”, complementa Mathias.
A ideia é dar prioridade a uma programação de filmes brasileiros e paulistas, mas sempre focado na diversidade de produção. A programação deve também trabalhar com formação, debates, envolvendo escolas públicas.
A SPCine também pensa em tocar um canal televisivo. “Com o advento da lei da TV digital, todo município tem o direito de tocar um canal da cidadania da TV digital. A empresa poderia tocar esse canal, de acordo com sua constituição. O poder público não consegue atuar no mercado e a empresa sim, inclusive para ter receita disso. Umas das questões principais hoje é que o cenário é de pujança econômica e queremos que o Brasil se firme como potencial criativo”, explica Nery.
Facilidades para filmagens
Outra intenção da SPCine é fortalecer a film commission de São Paulo, que já existe sob os auspícios do Ecine (Escritório de Cinema da Secretaria Municipal). “Filmar em São Paulo é mais complicado que em Nova York! E isso não é figura de linguagem. É fato. Perdemos muitas filmagens internacionais por isso”, argumenta André Sturm, do SIAESP. A reclamação de Sturm vem do fato de que é muito difícil se obter autorização para filmar em qualquer lugar da cidade, além dos preços altos.
“São Paulo é uma cidade burocrática para se filmar, há uma infinidade de autorizações. Objetivamos reestruturar a film commission e dar a agilidade para se filmar de um polo de filmagens, tornando as autorizações mais rápidas e criando incentivos para atrair filmagens de fora. É um absurdo que um cineasta/produtor tenha que fazer contatos quase que pessoais com secretários para conseguir liberar uma filmagem. O preço tem que ser definido previamente e a cidade tem que facilitar. Isso tem que ficar claro. Filmagem é um ganho imenso para a cidade, se não pela promoção de imagem, ao menos pela promoção de empregos”, afirma Manevy.
A film commission tem a ver com a facilitação no mercado cinematográfico. A resposta encontrada pela SPCine foi a automação. Atualmente, está sendo criado um aplicativo, uma ferramenta que todos poderão ter acesso no próprio celular. Nele, terá um mapa de filmagens, locais, profissionais, e uma série de informações, em três idiomas, ligada a redes sociais. Se o produtor estiver na rua e precisar filmar em determinado local, ele pode acessar o aplicativo e conseguir a autorização – se não implicar nada mais além disso – na hora. O aplicativo gera uma autorização em arquivo pdf. Se precisar de outros apoios, como da polícia, do CET, que são da cidade, o software terá o poder de lançar os pedidos para análise, centralizando o processo. A promessa é que o tempo seja bem mais curto para tal.
Quanto aos valores, a ideia é a mesma da distribuição de renda. Quem tem mais dinheiro, paga mais. “Temos uma lei de uso de solo, que diz que se você usar você tem que pagar. A depender da filmagem, você vai calculando o preço disso. O cara que está filmando grande tem que de alguma forma devolver”, afirma Nery. Produções pequenas, autorais, independentes, sem dinheiro, tem que acontecer direto, na opinião de Nery, sem que filmar na cidade seja um empecilho.
A film commission terá uma postura agressiva de trazer filmagens de outros estados e de outros países para cá, como o Rio de Janeiro fez. A ideia é transformar São Paulo em cenário. Tanto que já existe um mapeamento de locações que possam dar a cara da cidade. Ou seja, a prioridade da empresa é colocar São Paulo novamente nos mapas. Nas promessas, a SPCine parece ser um grande feito para o audiovisual paulista. A ver na prática.
Por Gabriel Carneiro
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