Abertura da Mostra SP teve exibição do argentino “Relatos Selvagens”
Estava lotada a sessão de “Relatos Selvagens”, filme argentino exibido na noite de abertura da 38ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, no Auditório do Ibirapuera.
O público riu muito. E parte significativa aplaudiu os relatos de bárbaries do cotidiano, temperados de humor negro, que transformou o filme em uma das maiores bilheterias da história contemporânea do país vizinho (mais de 2,5 milhões de ingressos no território argentino, superando “O Segredo dos seus Olhos”, de Juan José Campanella). A sessão inaugural contou com a presença do diretor Damián Szifron e da atriz Erika Ribas, que interpreta a noiva enfurecida do último “relato selvagem”.
Nathanael Karmitz recebeu, em nome do pai, o cineasta, distribuidor e produtor francês, de origem romena, Marin Karmitz, o Prêmio Humanidades. O proprietário da MK2, produtora de filmes de empenho artístico criada há 40 anos, em Paris, mandou deliciosa carta à Mostra, que foi lida pelo filho. Karmitz lembrou experiência brasileira, realizada em 1985, com Ruy Guerra e Chico Buarque, respectivamente diretor e trilheiro de “Ópera do Malandro” (coprodução da MK2). O filme, de época, foi produzido num imenso galpão. Durante o dia, o espaço sediava uma Feira Agropecuária. À noite, ambientava as filmagens de “Ópera do Malandro”. Karmitz lembrou-se do barulho produzido por porcos, bezerros e vacas, que, se por um lado, perturbava o trabalho, por outro até divertia a equipe. “Se as canções de Chico Buarque não estivessem em playback não sei o que faríamos”, comentou.
Marcelo Araújo, titular da Secretaria Estadual de Cultura, destacou três filmes apoiados pelo Governo do Estado: “A Cidade Imaginária”, de Ugo Giorgetti, “Sinfonia da Necrópole”, de Juliana Rojas, e “Ausência”, de Chico Teixeira, todos na programação da Mostra. Alfredo Manevy, titular em exercício da Secretaria de Cultura do Município de SP, contou aos presentes que a SP Cine, similar à RioFilme carioca, ganhou (ontem) R$ 25 milhões da gestão municipal para integralizar seu capital. Criada no ano passado, ela chega, com esta iniciativa, à sua concretização institucional e prática. Quem prestar atenção na lista de salas que exibem filmes da Mostra SP (quase 30) irá se deparar com a Sala SP Cine do Cine Caixa Belas Artes e com o CineMário. Esta funciona na Biblioteca Mário de Andrade. A SP Cine une esforços, além da Prefeitura, do Governo do Estado de SP e da Ancine.
A festa inaugural da Mostra SP Ano XXXVIII foi comandada por Renata Almeida, Marina Person e Serginho Groisman. Na plateia, cineastas e produtores como Marcelo Gomes, Renato Ciasca e Ana Petta (atriz que agora estreia na direção com “Oswaldo”). A representante da Ancine, Rosângela Alcântara lembrou dois títulos brasileiros apoiados pela entidade que estão em busca de prêmios internacionais: “‘Tatuagem’ acaba de ser indicado ao Goya de melhor filme ibero-americano. E ‘Hoje Eu Quero Voltar Sozinho’ foi indicado, pelo Brasil, a disputar uma vaga no Oscar de melhor filme estrangeiro”. O representante da FAAP contou que a vinheta da instituição, este ano, homenageia um ex-aluno, o cineasta Flavio del Carlo, que se foi, muito cedo, depois de grande dedicação ao cinema de animação. A representante do Sesc, parceiro histórico da Mostra SP, convocou o público que lotava o Auditório do Ibirapuera a encontrar tempo para visitar a exposição “Música e Cinema: o Casamento do Século?”, no Sesc Pinheiros. O evento integra a programação da maratona cinéfila paulistana e promoverá cine-concertos. O primeiro deles exibirá o filme “Sonhos”, de Kurosawa, e terá apresentação musical do grupo Uakti, de MG.
Por Maria do Rosário Caetano