Na universidade com Spike Lee
Há dois anos, o escritor Fernando Morais levou Spike Lee à Brasília, para que ele entrevistasse a presidente Dilma Roussef. A conversa destinava-se a documentário sobre o Brasil da inclusão social, que (ainda) causava interesse na Europa e EUA. Um dos temas da conversa com Dilma foi o projeto “Ciência sem Fronteiras”. Spike Lee avisou ao autor de “Olga” que aguardavam na New York University, onde estudara (foi aluno de Scorsese) e hoje dá aulas de cinema, “pelos menos dez alunos brasileiros”. Fernando Morais ficou surpreso ao descobrir, depois, que as 100 mil bolsas de aperfeiçoamento oferecidas pelo governo brasileiro só atingem a área de Ciências Exatas. Nem uma para Ciências Humanas ou Artes. Ao encontrar-se com o Ministro da Cultura, Juca Ferreira, no Salão do Livro de Paris, Morais solicitou empenho para que “ao menos 1% das bolsas fossem oferecidas às áreas de Humanas e Artes”. Juca prometeu procurar o MEC, responsável pela distribuição das bolsas, para garantir ao menos mil vagas a artistas e cientistas sociais. O novo titular do MEC, Renato Janine Ribeiro, ele mesmo um cientista da área de Humanas, de certo há de sensibilizar-se. E, assim, enviar estudantes (quem sabe negros) para estudar com Spike Lee na NYU. Quanto ao documentário – para o qual o cineasta entrevistou Gilberto Gil, Caetano Veloso, Lázaro Ramos, Wagner Moura, entre muitos outros – não se sabe que fim levou. O material passa por processo de reavaliação? Ou Spike Lee desistiu de finalizá-lo? Aguardemos a resposta.