O poder da imagem

Se o cinema de Cao Guimarães segue regras próprias, valoriza a imagem como discurso, seu primeiro livro “Cao” (Cosac Naify) prossegue seu olhar para o domínio da imagem sobre a palavra também no papel. Em uma revisão iconográfica de seus 30 anos de carreira, Cao repassa alguns de seus filmes através de seu arquivo fotográfico e fotogramas de suas obras, gerando ao próprio livro uma leitura silenciosa do seu trabalho audiovisual. Sem o brilho da tela de cinema da projeção e das fotos digitais, as imagens reproduzidas em papel possibilita uma textura menos polida, com densidades de tons que transforma as imagens simples em complexidades de uma cena fílmica. As fotos saíram de seus filmes, “Da Janela do meu Quarto”, “Andarilho”, “Otto”, entre outros, e da série fotográfica “Gambiarra”.

Esta ideia de fundir cinema e fotografia é mais que uma leitura dos seus filmes, podemos considerar mais uma obra de Cao para se juntar a outras que se encontram em importantes museus, como Fondation Cartier (Paris), Tate Modern (Londres), Guggenheim (Nova York), MAM, de São Paulo, e Instituto Cultural Inhotim, em Minas Gerais. O livro é narrado em tom confessional pelo próprio Cao, e entremeados de revelações do crítico Moacir dos Anjos, responsável por explicar algumas imagens quase inexplicáveis deste livro.

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