O legado da Spcine para o audiovisual paulista
Alfredo Manevy, o gestor cultural que criou e solidificou a Spcine, a empresa de fomento ao audiovisual paulista tanto sonhada pelo setor, deixa a empresa com uma base sólida para que possa ter sua continuidade como foi planejada. Durante quatro anos, a equipe comandada por Manevy estruturou uma distribuidora, uma fomentadora da produção de curtas, longas e projetos para a TV, acordos com instituições brasileiras e internacionais, além de uma série de atividades voltadas à formação de público, com um circuito de exibições com filmes nacionais, e uma film commission, empresa que fornece facilidades para quem filma na cidade de São Paulo. O mais importante, entretanto, foi o diálogo da empresa com o setor audiovisual, com um comitê consultivo formado por 13 associações representantes dos diversos segmentos do audiovisual, para ouvir contribuições e críticas ao trabalho realizado pela empresa para o desenvolvimento do setor.
Investimentos promoveram crescimento do setor em São Paulo
Inaugurada oficialmente em 28 de janeiro de 2015 – depois de dois anos de aproximação e diálogo com o setor do audiovisual paulista para entender as demandas e efetivar os mecanismos de fomento e apoio –, a Spcine exibe números vistosos para esse começo de atuação. Os recursos para novas produções audiovisuais pelo Programa de Investimento, por exemplo, somam mais R$ 36 milhões, sendo que R$ 20,2 milhões foram injetados em 2015 e R$ 16,3 milhões, ao longo de 2016. Antes disso, em uma série histórica que se inicia em 2005, o melhor ano de investimento municipal no audiovisual tinha sido em 2007, quando os editais somaram R$ 8,7 milhões.
Só em 2016, foram aportados R$ 7 milhões para a produção de longas-metragens, R$ 3 milhões para a distribuição de filmes de pequeno e médio porte, e mais R$ 2 milhões para o desenvolvimento de séries para televisão, todos com foco nas empresas de São Paulo, algo inédito. O edital para curta-metragem foi na ordem de R$ 1,8 milhão, contemplando pelo menos 30 novos projetos, com foco especial na diversidade de linguagens e com cotas sociais para atingir um equilíbrio entre os cineastas premiados. Pelo projeto Co-densenvolvimento com o Canadá, foram investidos R$ 200 mil para a produção de conteúdo para TV, web, games e realidade virtual, e há uma parceria com o Canada Media Fund, responsável pelo fomento canadense.
“Esse investimento de R$ 36,6 milhões já representa uma média três vezes maior do que era investido na década anterior. Fizemos o primeiro edital de grande impacto em desenvolvimento de roteiro, lá em 2013”, avalia o diretor presidente da Spcine, Alfredo Manevy.
E, quando foi inaugurada em 2015, a Spcine conseguiu realizar, em menos de dois anos, não apenas esse investimento em uma centena de filmes paulistanos produzidos e distribuídos no Brasil, e mundo afora, mas abolir as categorias de filme autoral e comercial, trabalhando os filmes de pequeno, médio e grande porte em sua complexidade criativa e econômica.
“Tentando compreender o público de cada filme de forma distinta. Fico feliz que a Ancine tenha adotado também algo dessa forma em seus novos editais, buscando qualidade estética e de dramaturgia, bem como o alcance de público. Avançamos muito ao buscar o desenvolvimento artístico e econômico da atividade”, afirma Manevy.
Ele também ressalta o apoio direto da prefeitura da cidade nesse processo: “Graças ao compromisso do prefeito Fernando Haddad, ao apoio do setor e uma equipe técnica qualificada, a Spcine foi além das expectativas iniciais. Isso permitiu realizar um caminho que combina ações tradicionais que não existiam de fato em São Paulo, como o decreto da São Paulo Film Commission, e as ações pioneiras, a exemplo do Circuito Spcine”, analisa.
Conquistas precisam ser garantidas
André Sturm, presidente do Sindicado da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo (SIAESP), também comemora os avanços até aqui. “A Spcine era uma iniciativa muito aguardada e batalhada pela classe audiovisual da cidade. Em apenas dois anos, já mostrou resultados concretos, como editais que injetaram recursos na atividade, inclusive com retorno financeiro já realizado. Também ampliou a visibilidade do lançamento de diversos filmes, o retorno do lançamento nas salas e, depois, na demais janelas. Considero fundamental a sua consolidação”.
O presidente da Associação Paulista de Cineastas (APACI), Flavio Frederico, também celebra a própria existência da Spcine como um fator positivo dos últimos dois anos e a sua rápida implementação por parte da prefeitura, que encampou a ideia. A film commission, para Frederico, deu agilidade aos processos e, “em apenas três, quatro meses, conseguiu apresentar dados e informações sobre a indústria de São Paulo e diminuir os custos das filmagens”. Em nome da entidade, contudo, ele ressalta que os custos com a gestão da Spcine ainda estão altos quando comparados aos investimentos no fomento, e cobra uma flexibilidade maior nas regras do acesso aos recursos vinculados ao Fundo Setorial do Audiovisual, “que ainda são muito engessadas”.
Nessa prospecção para os próximos anos, Manevy afirma que a proposta orçamentária, enviada pelo prefeito Haddad para 2017, garante os recursos para desenvolver e participar de novos modelos de negócio nas áreas de animação e games, e na comercialização de séries de TV dentro e fora do Brasil.
Legado da Spcine
Na área internacional, o projeto Sp Mundus desenvolveu uma parceria da Spcine com a RECAM – Reunião Especializada de Autoridades Cinematográficas e Audiovisuais do Mercosul, com a Cineteca Nacional do México e com a Russian Filmmaker’s Union para ampliar o circuito exibidor de filmes paulistas na Argentina, no Paraguai, no Uruguai, no México, na Rússia e também no Brasil. Ao todo, são 47 salas espalhadas por esses territórios. O resultado da primeira edição saiu em outubro e vai contemplar 20 obras da produção recente do cinema, incluindo diretores novos e experientes. O investimento global do programa é de R$ 96 mil, que serão distribuídos de acordo com o número de exibições requeridas pelos programadores internacionais em seus respectivos países.
Dentro da cidade de São Paulo, o Circuito Spcine foi uma das ações de maior impacto para a população e também para os distribuidores que aceitaram o desafio. A primeira sala foi inaugurada no dia 30 de março de 2016, no Centro Educacional Unificado (CEU) Butantã. Na sequência, outras 14 salas também entraram no circuito depois de serem reformadas com projeção digital em DCP e som Dolby Digital, assim como as tradicionais salas do Cine Olido e do Centro Cultural São Paulo (CCSP), que também passaram por essa modernização. O investimento total foi de R$ 14 milhões, sendo R$ 7,5 milhões em equipamentos, R$ 3 milhões anuais para a operação e mais R$ 3,5 milhões previstos para serem gastos com a programação anual.
De março a setembro, segundo os dados oficiais da Spcine, o público total ficou em 193.508 espectadores, dentro de uma programação de 3.350 sessões. Na média simples, portanto, o público por sessão seria em torno de 57,7 pessoas.
Distribuição ganhou fôlego
A ocupação do circuito por filmes nacionais ficou em 47% contra 53% da oferta de obras estrangeiras. E, dentre os dez longas-metragens mais vistos, de acordo com os dados da agência, estão o nacional “Carrossel 2 – O Sumiço de Maria Joaquina”, que lidera o ranking com 24.595 espectadores; a animação “Angry Birds” (12.864); “Hotel Transilvânia 2” (11.153); “Cantando de Galo” (10.534), “Carrossel – O Filme” (9.842); “Minúsculos – O Filme” (9.252); “Caça Fantasmas” (9.084); “O Pequeno Príncipe” (8.722); “Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos” (6.086); e “Truque de Mestre 2” (5.901).
A Paris Filmes – do distribuidor Marcio Fraccaroli, que recebeu em outubro o prêmio de distribuidor internacional do ano no Show- East, em Miami, nos Estados Unidos, o primeiro a ser concedido a um brasileiro –, foi uma das distribuidoras que aceitou a proposta de não apenas disponibilizar os seus títulos no circuito da Spcine, mas também de incluir as salas no mapa de estreias de alguns de seus filmes. Nos CEUs, a entrada para assistir às obras é gratuita, mas nas demais cinco salas alternativas são cobrados ingressos a preços populares. Mesmo assim, a empresa concordou em participar.
“Houve um convite para conhecermos o projeto e o contexto social no qual estava inserido e imediatamente entendemos ser interessante apoiar a iniciativa”, conta Fraccaroli, que é o distribuidor de três dos dez títulos mais assistidos: “Carrossel 2 – O Sumiço de Maria Joaquina”, “Cantando de Galo” e “Minúsculos – O Filme”.
As vantagens, para ele, estão principalmente na formação de público. “O espectador [do circuito] da Spcine não tinha acesso aos filmes lançados em circuito comercial nas grandes redes, que costumam estar em shoppings distantes, com cobrança de estacionamento e valores elevados de ingresso. A iniciativa traz dois benefícios claros à indústria de cinema: um novo público para as salas e filmes, que geralmente é desatendido na região onde mora; além de contribuir para a formação de uma nova audiência consumidora de cinema frente às novas plataformas de distribuição de filmes em VOD e streaming”, aposta o distribuidor.
Facilidades para filmar em São Paulo
Em 2016, filmar um longa-metragem, uma série de TV ou uma novela em São Paulo ficou mais fácil, segundo os próprios produtores. Depois de prontos, os filmes também conquistaram um circuito de 20 salas de exibição, espalhados principalmente pela periferia da cidade, e que ainda podem concorrer a um edital específico para ampliar a circulação no exterior. Os produtores paulistas também ganharam editais de produção, distribuição e inovação para curtas e longas-metragens, programas de televisão, games e webséries de animação.
Reivindicação antiga dos produtores que filmam diariamente na cidade, a São Paulo Film Commission começou a operar neste ano e também já acumula bons resultados. O escritório foi criado para facilitar o fluxo e começar a desburocratizar os pedidos de filmagens por meio de um cadastro único para autorizar as gravações. De março a agosto, segundo a Spcine, foram cadastradas 359 obras e mais de 1.672 solicitações de locação.
Gilberto Nunes, produtor executivo da TV Globo – uma das que mais solicita locações –, conta que a relação com a agência teve início no começo deste ano para as filmagens da novela “Haja Coração”. Em seguida, também foram gravadas as novelas “A Lei do Amor” e “Sol Nascente”, assim como outros programas. O produtor também destaca as facilidades do cadastro único, que acaba poupando tempo e ajudando a tornar o set “mais organizado e controlável”.
O produtor que “inaugurou” os serviços da São Paulo Film Commission foi Rodrigo Sarti Werthein, com as filmagens do longa-metragem “A Sombra do Pai”, de Gabriela Amaral Almeida. A sua produtora Acere está baseada em São Paulo desde 2007 e acumula no catálogo dezenas de vídeos institucionais, curtas e mais de cinco longas-metragens rodados na cidade. Werthein relata que, antigamente, era raro encontrar departamentos que soubessem o que significa uma produção audiovisual. “Cada vez que ligávamos para um órgão público, tínhamos que começar do zero e ficávamos à mercê da pessoa que nos atendia”.
Para a filmagem de “A Sombra do Pai”, ele conta que todas as locações foram autorizadas com antecedência. “Acompanhamos em primeira mão o empenho quando uma das locações deu problema e parecia que não seria liberada. Eles foram atrás das autoridades, que liberaram o local. Eu jamais teria conseguido essa locação sem eles”.
O grande desafio agora, na opinião de Werthein, “é fazer com que a Spcine e a film commission permaneçam ativas na cidade e sobrevivam às mudanças políticas que virão”.
Por Belisa Figueiró
No Brasil contemporâneo a vida se tornou horrorosa.
Idem a educação escolar.
A música então, puxa vida! Mal feita e sem crítica nenhuma. Idem os eventos que deixaram de ser artísticos para virar apenas de consumo barato. Negação da arte. Ninguém mais tem vergonha e a “cara não queima” de tanta breguice. Até jornalistas ficam embasbacados com o barango. Fugir via e-du-ca-ção! Eis a resposta de liberdade. É o Brasil… Educação em 1º lugar!! Sim! Pena que tem tanto ladrão… Além disso, podemos dizer o seguinte: o Petismo, lula, dilmAnta são um estilo estético de tudo quando é breguice, baranguice cultural, cafonice sindical infiltrada no pensamento e na filosofia petistas. E, para completar, sem dúvida nenhuma: o Kitsch político constante que impera dentro do Partido dos Trabalhadores. O PT tem um mau gosto enoooorme! Um projeto para educação hipócrita e fracoide (p’ra inglês ver).
O Partido dos Trabalhadores é barango.