Polonês Jerzy Skolimowski ganha retrospectiva
Uma das vozes mais originais da Nouvelle Vague polonesa, ainda em atividade, Jerzy Skolimowski ganha uma retrospectiva no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) de São Paulo. A Mostra “O cinema de Jerzy Skolimowski” acontece de 24 de maio a 12 de junho e exibirá 19 filmes do cineasta, entre curtas e longas-metragens, em grande parte inéditos no Brasil.
Jovem poeta de relativo reconhecimento e um boxeador semiprofissional, Skolimowski entrou para o cinema no início dos anos 1960, colaborando com dois dos cineastas poloneses que mais tiveram reconhecimento internacional: Andrzjev Wajda, coassinando o roteiro de Os Inocentes Charmosos (Niewinni Czarodzieje, 1960), filme no qual também interpreta o papel de um boxeador; e Roman Polanski, a quem conheceu na faculdade de cinema, colaborando com o roteiro de seu primeiro longa, Faca na Água (Nóz w Wodzie, 1962). Poucos cineastas do leste europeu tiveram o trânsito que Skolimowski teve no Ocidente. O autor foi acolhido pela crítica internacional, abrindo portas para uma obra transnacional, entre Polônia, Bélgica, Inglaterra e EUA. Nos seus filmes, o tema principal é o estranhamento e o deslocamento do sujeito diante de um mundo no qual não se reconhece. Seu cinema de invenção fez com que ele fosse admirado por cineastas diversos, como Jean-Luc Godard, David Lynch e Quentin Tarantino.
Na mostra, estão presentes títulos premiados como: “A Partida” (1967), vencedor do Urso de Ouro em Berlim e que conta com o ator fetiche da Nouvele Vague francesa Jean-Pierre Léaud no papel principal, “O Grito” (1978), laureado com o prêmio especial do júri em Cannes e é o primeiro feito com a tecnologia dolby, “Classe Operária” (1982), eleito o melhor roteiro em Cannes e considerado um dos melhores filmes sobre exílio, “O Sucesso é a Melhor Vingança” (1984), indicado a Palma de Ouro, e a tetralogia “Marcas de Identificação: Nenhuma”(1962), “Walkover” (1964), “A Barreira” (1966) e “Mãos ao Alto!” (1968), exibida em cópias 35mm. Realizados na Polônia, estes filmes inaugurais são fortemente marcados pela improvisação, pela montagem ágil, pelo tom satírico com que abordam a experiência dos protagonistas, interpretados por Skolimowski nos dois primeiros filmes.
Homem de muitos talentos – pintor, poeta, cineasta, ator – Skolimowski decide parar de filmar em 1991. Foram 17 anos até que ele voltasse para trás das câmeras. As obras que marcaram a sua volta também estão na programação da mostra. São elas: “Quatro Noites com Anna” (2008), uma história de amor pouco convencional, e “Essential Killing” (2010), sobre um fuga de um iraquiano de uma prisão de segurança máxima americana, que teve o feito inédito de ganhar dois dos principais prêmios em Veneza: melhor ator e prêmio do júri em 2010.
Com curadoria de Maria Chiaretti, Patrícia Mourão e Theo Duarte, a mostra ainda traz a obra-prima “Deep End” em 35mm. Considerado um marco do cinema inglês dos anos 1970 e muito pouco visto naquela época, o filme foi restaurado e relançado na Europa recentemente.
A programação da mostra também inclui uma mesa redonda com a presença da especialista em cinema polonês Ela Bittencourt e do crítico Paulo Santos Lima.
O cinema de Jerzy Skolimowski
Data: 24 de maio a 12 de junho
Local: CCBB São Paulo – Rua Álvares Penteado, 112 – Centro – São Paulo
Ingressos: R$ 10,00 (inteira) | 5,00 (meia)
Classificação indicativa: 16 anos