Brasil está nas principais categorias dos Prêmios Platino
Por Maria do Rosário Caetano
Depois de ausência que só foi neutralizada por um troféu especial (o Cinema e Educação em Valores), entregue pela Prêmio Nobel Rigoberto Menchu ao filme “Que Horas Ela Volta?”, de Anna Muylaert, o Brasil volta a brilhar nos Prêmios Platino, destinados anualmente aos melhores do cinema ibero-americano.
Produções nacionais são finalistas em diversas categorias. Na ficção, marca presença com “Aquarius”, de Kleber Mendonça, que concorre a melhor filme, direção e atriz, com Sonia Braga, e “Boi Neon”, de Gabriel Mascaro (melhor fotografia). No terreno da animação, que dois anos atrás premiou “O Menino e o Mundo”, de Alê Abreu, o selecionado é “Bruxarias”, primeiro longa-metragem de Virgínia Curia. Na categoria documentário, “Cinema Novo”, de Eryk Rocha, premiado com o Olho de Ouro, em Cannes 2016, é um dos cinco finalistas. Sonia Braga, vale lembrar, ganhou um Platino de Honra na primeira edição do prêmio, realizada no Panamá, em 2014.
Os Prêmios Platino, que serão entregues em Madri, no dia 22 de julho, incluem este ano uma nova categoria: melhor série de TV. Entre as finalistas, está “Quatro Estações de Havana”, produção cubano-espanhola baseada em obra do escritor Leonardo Padura. Emissoras de TV de diversos países, incluindo o Canal Brasil, transmitirão a festa de premiação.
Para entregar os troféus aos vencedores, a Fipca e Egeda, organismos ibero-americanos que reúnem produtores audiovisuais e zelam pela cobrança de Direito Autoral, esperam astros de fala hispânica e lusitana. Às três edições anteriores, realizadas em Cidade Panamá, Marbela-Espanha e Punta del Este-Uruguai, compareceram nomes estelares como Antonio Banderas, Sonia Braga, Ricardo Darín, Paulina García, Eugenio Derbez, Angie Cepeda, Joaquim de Almeida, Leandra Leal, Dolores Fonzi, Javier Cámara e Adriana Barraza.
O filme com maior número de indicações (sete) é o espanhol “Sete Minutos Antes da Meia-Noite” (nome brasileiro, pois ele foi lançado em nosso circuito exibidor, para “Un Monstruo Viene a Verme”), de Juan Antonio Bayona. Mas o filme não concorre à categoria principal. “Neruda”, de Pablo Larraín, recebeu cinco indicações. Com quatro cada um, estão o venezuelano “De Londe te Observo” (“Desde Allá”, vencedor de Veneza 2015), “O Cidadão Ilustre”, em cartaz no Brasil, “El Hombre de las Mil Caras” (inédito entre nós), “Julieta” (o último Almodóvar, com bom desempenho em nossas bilheterias) e o mexicano “La Delgada Línea Amarilla”, exibido com boa acolhida na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
“Estas indicações tão diversificadas” – argumentam os organizadores dos Prêmios Platino – “farão da presente edição a mais aberta de todas”, pois “estão representados 13 países da região, com participação de 42 das 847 produções analisadas”. E mais: “os sete longas-metragens com mais opções para alcançar os Prêmios Platino tiveram significativa participação em festivais de classe A, como Veneza, Cannes, Mar del Prata ou San Sebastián”.
Bruxarias
O concorrente brasileiro na categoria animação – “Bruxarias” – representa, na verdade, a Espanha e o Brasil. Afinal, o filme foi dirigido pela espanhola Virginia Curiá, que realizou este longa-metragem em coprodução da Continental Filmes, da Espanha, e da Otto Desenhos Animados, do Rio Grande do Sul, representada pela produtora Marta Machado.
Otto Guerra, que foi finalista ao Platino com “Até que a Sbórnia nos Separe”, conta que “o roteiro de ‘Bruxarias’ é universal”. No filme – resume – “uma menina curiosa, espiona os ingredientes mágicos de sua avó, uma bruxa, curandeira ou xamã, que possui uma poção poderosa. Tal poção permite, a quem a ingere, voar. Uma indústria farmacêutica acopla uma câmera no gato da casa para roubar a fórmula”.
A diretora Virgínia Curiá assina a direção de arte, roteiro e animação. A produtora de Otto Guerra e Marta Machado cuidou da trilha sonora, desenho de som, versões (português, galego e espanhol), mixagem final e créditos, feitos integralmente no Brasil.
PRINCIPAIS INDICAÇÕES:
Melhor Filme Ibero-Americano de Ficção
Aquarius, de Kleber Mendonça Filho (Brasil)
O Cidadão Ilustre, de Gastón Duprat e Mariano Cohn (Argentina)
El Hombre de las Mil Caras, de Alberto Rodríguez (Espanha)
Julieta, de Pedro Almodóvar (Espanha)
Neruda, de Pablo Larraín (Chile)
Melhor Direção
Gastón Duprat, Mariano Cohn (Cidadão Ilustre)
Juan Antonio Bayona (Sete Minutos Depois da Meia-Noite)
Kleber Mendonça Filho (Aquarius)
Pablo Larraín (Neruda)
Pedro Almodóvar (Julieta)
Melhor Roteiro
Alberto Rodríguez, Rafael Cobos (El Hombre de las Mil Caras) Alejandro Brugues, Pierre Edelman, Pavel Giroud (El Acompañante) Andrés Duprat (Cidadão Ilustre)
Celso García (La Delgada Línea Amarilla)
Guillermo Calderón (Neruda)
Melhor Atriz
Angie Cepeda (La Semilla del Silencio, Peru)
Emma Suárez (Julieta, Espanha)
Juana Acosta (Anna, Colômbia)
Natalia Oreiro (Gilda, no me Arrepiento de Este Amor, Argentina)
Sonia Braga (Aquarius, Brasil)
Melhor Ator
Alfredo Castro (De Longe Te Observo, Venezuela)
Damián Alcázar (La Delgada Línea Amarilla, México)
Eduard Fernández (El Hombre de las Mil Caras, Espanha)
Luis Gnecco (Neruda. Chile)
Óscar Martínez (Cidadão Ilustre, Argentina)
Melhor Animação
Bruxarias, de Virginia Curia (Brasil, Espanha)
La Leyenda del Chupacabras, de Alberto Rodríguez (México)
Ozzy, de Alberto Rodríguez (Espanha)
Psiconautas, Los Niños Olvidados, de Vázquez & Rivero (Espanha)
Teresa y Tim, de Agurtzane Intxaurraga (Espanha)
Melhor Documentário
Nacido en Siria, de Hernán Zin (Espanha)
Atrapados en Japón, de Vivienne Barry (Chile)
Cinema Novo, de Eryk Rocha (Brasil)
Frágil Equilibrio, de Guillermo García López (Espanha)
Todo Comenzó por el Fin, de Luis Ospina (Colômbia).
Melhor Filme de Diretor Estreante
De Longe te Observo, de Lorenzo Vigas (Venezuela, México)
La Delgada Línea Amarilla, de Celso García (México)
Rara, de Pepa San Martín (Chile, Argentina)
Tarde para la Ira, de Raúl Arévalo (Espanha)
Viejo Calavera, de Kiro Russo (Bolívia)
Prêmio Cinema e Educação em Valores
(concedido em parceria com a FAD – Fundação de Ajuda contra a Drogadição)
El Acompañante, de Pavel Giroud (Cuba)
Esteban, de Jonal Cosculluela (Cuba)
El Jeremías, de Anwar Safa (México),
Rara, de Pepa San Martín (Chile, Argentina)
Sete Minutos para a Meia-Noite, de Juan Antonio Bayona (Espanha).
Melhor Minissérie ou Telessérie Ibero-Americana
Bala Loca, de Gabriel Díaz, Oscar Godoy (Chile)
Quatro Estações en La Habana, de Félix Viscarret (Cuba, Espanha)
El Marginal, de Luis Ortega, Mariano Ardanaz, Javier Pérez, Alejandro Ciancio (Argentina)
El Ministerio del Tiempo, de Marc Vigil, Abigail Schaaff, Jorge Dorado, Paco Plaza, Javier Ruiz Caldera (Espanha)
La Niña, de Rodrigo Triana, Camilo Vega (Colombia)
Velvet, de David Pinillos e Manuel Gómez Pereira (Espanha)