Festival Sesc Melhores Filmes anuncia os vencedores

Ao longo deste mês de abril, até o dia 25, o CineSesc exibe 47 filmes, sendo 43 eleitos pela crítica e pelo público cinéfilo como os melhores do ano de 2017 e quatro clássicos do cinema, entre eles “Cidadão Kane”, de Orson Welles, em seu núcleo histórico.

Há 44 anos, o Sesc consulta críticos e os frequentadores de seu cinema, na Rua Augusta paulistana (o CineSesc), para selecionar os filmes brasileiros e estrangeiros que merecem ser revistos e premiados. Os resultados da edição deste ano revelam algumas curiosidades: Eliane Caffé, a diretora de “Era o Hotel Cambridge”, foi a única brasileira reconhecida por crítica e público na categoria “melhor direção”. Mas sua ousada ficção de alma documental sobre ocupantes brasileiros e estrangeiros do antigo Hotel Cambridge não foi a eleita dos críticos, nem dos cinéfilos.

“Como nossos Pais”, drama feminino de Laís Bodanzky, tornou-se o escolhido da crítica. Que lhe atribuiu também o Prêmio CineSesc de melhor atriz (dividido entre Clarisse Abujamra e Maria Ribeiro) e melhor roteiro (Laís e Luiz Bolognesi). Já o público consagrou “A Glória e a Graça”, de Flávio Tambellini, como melhor filme, atriz (Carolina Ferraz, que interpreta uma travesti), roteiro (Mikael Albuquerque e Lusa Silvestre) e fotografia (Gustavo Hadba).

No terreno do documentário, mais um triunfo do épico indigenista “Martírio”, de Vincent Carelli. O filme vem acumulando, desde sua estreia no Festival de Brasília, em 2016, prêmios nacionais e internacionais. Dia 17 próximo, receberá o Trofeu Príncipe Claus, atribuído pela Holanda e Reino dos Países Baixos. O público do CineSesc preferiu “Arpilleras”, de Adriane Canan, sobre mulheres vítimas de barragens que drenam rios para grandes projetos hidrelétricos.

Para a crítica, o melhor ator foi Nelson Xavier, em sua despedida das telas, a ficção brasiliense-goiana “Comeback”. Neste filme, o ator, morto no ano passado, interpreta pistoleiro aposentado, em vias de reassumir seu ofício. A mulher de Nelson, a atriz e cantora Via Negromonte, recebeu o prêmio com lágrimas nos olhos e evocou a memória do marido, “um paulista calado, mas intenso, um ser humano especial que amava a vida e seu trabalho”. O público preferiu o comediante Daniel Furlan, hilário na comédia mezzo brasileira, mezzo argentina “La Vinganza”. Ao agradecer o prêmio, Furlan motivou gostosas risadas. Agradeceu aos atores famosos que rejeitaram o papel, permitindo, assim, que ele o representasse. E agradeceu ao diretor Fernando Fraia, presente na cerimônia de premiação, por ter aceitado escalá-lo, sendo ele um ator pouco conhecido no mundo do cinema. A crítica completou sua lista de premiados atribuindo a Pierre de Kerchove, do épico “Joaquim”, de Marcelo Gomes, o trofeu de melhor fotografia.

Na categoria filme estrangeiro, crítica e público reconheceram filmes da nova e poderosa safra black norte-americana, que vem impondo-se, inclusive nas votações do Oscar. O melhor filme para os críticos foi “Corra!”, de Jordan Peele, obra que oxigena o cinema de gênero (em especial, o de horror). Já “Moonlight: Sob a Luz do Luar”, de Barry Jankins, recebeu o prêmio de melhor direção (pela crítica e público, única coincidência entre os estrangeiros), e melhor ator (pelo público), para Ashton Sanders, que interpreta o protagonista, um homossexual negro, em sua fase adolescente). Mas o melhor filme para os frequentadores do CineSesc foi a animação “Com Amor, Van Gogh”, dirigida pela polonesa Dorota Kobiela e pelo britânico Hugh Welchman. Para a crítica, a melhor atriz foi a alemã Sandra Huller, do surpreendente “Toni Erdmann”, e o melhor ator, o escocês James McAvoy, que desempenha grande quantidade de papéis em “Fragmentado”. Para os cinéfilos, a melhor atriz foi a francesa Adèle Hanel, a médica atormentada de “A Garota Desconhecida”, drama social dos Irmãos Dardenne.

Ao longo deste mês, o CineSesc promoverá debates, seminários, Cinema da Vela (discussão de um filme ou tema enquanto durar a chama de vela colocada numas das mesas do bar-hall da sala), três sessões de seu Cineclubinho (destaque para o longa franco-canadense “A Bailarina”) e coleta de depoimentos no projeto Museu da Pessoa. Além de “Cidadão Kane”, o Festival CineSesc exibirá mais três sucessos do passado: “Juventude Transviada”, de Nicholas Ray, “Blade Runner, o Caçador de Androide”, de Ridley Scott (a versão atual, do canadense Denis Villeneuve está entre os 43 filmes selecionados pela crítica e público) e “Contatos Imediatos de Terceiro Grau”, de Steve Spielberg.

A lista completa dos filmes premiados e selecionados, debates, seminários e atividades complementares do Festival Sesc Melhores Filmes está disponível no site www.sescsp.org.br/melhoresfilmes.

 

Por Maria do Rosário Caetano

 

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