Pratinha, filho-ator de Grande Otelo, não está morando na rua

Por Maria do Rosário Caetano, de Fortaleza

O cineasta paulista (radicado no Rio) Lucas H. Rossi, que participa da mostra competitiva do XXVIII Cine Ceará, com o curta-metragem “O Vestido de Myriam”, e que está realizando o longa documental “Othelo, o Grande”, esclareceu, na manhã desta quinta-feira, 9 de agosto, que o ator Pratinha (José Sebastião Vasconcelos Prata), não está dormindo nas ruas do centro do Rio de Janeiro (imediações do Hotel Serrador).

A notícia, que chegou ao colunista Ancelmo Gois, de O Globo, refere-se a outro filho de Grande Otelo (Carlos Sebastião Vasconcelos Prata). Alcoólatra e envolvido com consumo de drogas, Carlos tem moradia fixa, mas, às vezes, acaba dormindo na rua. Já Pratinha, o ator — assim como o irmão — está envolvido na produção de “Othelo, o Grande”, um dos 90 filmes que têm a Globo News e a Globo Filmes como parceiros. O documentário, que deve chegar aos cinemas brasileiros (e depois à TV), tem produção de Ailton Franco Jr., e deve mostrar a trajetória de Grande Otelo como cidadão, ator, compositor e cantor (ver matéria publicada sobre o filme).

O outro filho de Grande Otelo, Carlos Sebastião Vasconcelos Prata, que participou ativamente da Mostra Retrospectiva Grande Otelo no Cinema, organizada pelo produtor Breno Lira Gomes (em São Paulo, ela foi mostrada no Cine Caixa Belas Artes, na Consolação) faleceu recentemente, vítima de infarto. Lira Gomes lembra que “Carlos estava bem e cuidava, com muito zelo, da memória do pai. Todos foram surpreendidos por sua morte repentina”.

“O Vestido de Myriam”, curta de Lucas H. Rossi, motivou o público e gerou debate consistente. O realizador mostra convivência de um casal de idosos (interpretados por Camilla Amado e Tonico Pereira, soberbos e corajosos em seus desempenhos), num espaço e tempo pouco definidos. Eles vivem cotidiano comum (e bastante humilde) numa região isolada. Quando ela, que “simboliza a vida”, morre, o marido, “representação da morte”, tomará atitude surpreendente. Lucas contou que escrevera o filme para Teuda Bara, do grupo Galpão, e Paulo José. Mas a agenda da atriz mineira e a saúde de Paulo o obrigaram a procurar Camilla e Tonico. Escolhas felizes. Registrado em poético preto e branco, o filme deve ser bem considerado pelo júri na hora da atribuição dos prêmios Mucuripe.

Mais dois curtas-metragens foram exibidos na quinta noite do festival: “A Canção de Alice”, da cearense Bárbara Cariry, produtora do longa “O Barco”, de Petrus Cariry, e “Nova Iorque”, do pernambucano Leo Tabosa.

Quem viu os curtas anteriores de Tabosa — “Tubarão” e “Baunilha”, duas primeiras partes de sua Trilogia do Desejo — espantou-se, positivamente, com o lirismo de “Nova Iorque”. O novo filme, de 25 minutos — inspirado em memórias de infância do cineasta — conta a história de Leandro (Juan Calado), um garoto de sete ou oito anos, que vive em uma pequena cidade interiorana, sem o amor do pai e da madrasta (Marcélia Cartaxo). Por isto, ele busca na professora (Hermila Guedes), além de afeto, um jeito de satisfazer suas curiosidades frente ao mundo. Uma canção da trilha sonora do musical “Cats” o ata, sem que ele saiba, a outros mundos (no caso, a Nova Iorque que dá título ao filme). O filme foi muito bem recebido pelo público e motivo de muitas perguntas no debate.

Bárbara Cariry, que está preparando seu primeiro longa-metragem ( “um road movie infanto-juvenil, intitulado “Reisado Miudinho”), falou da importância da protagonista de seu curta-metragem, Teresa Farah, em seu processo de criação. Já octogenária, Teresa, que não é atriz profissional, nem participara, nunca, de um filme, se ofereceu com entusiasmo para o papel. Depois de afirmar que “pessoas já em idade avançada devem encontrar razões para viver”, ela se prontificou a fazer o que a diretora pedisse. Até ficar nua. Bárbara gravou três horas de entrevista com Teresa, a sua Alice, e adaptou o roteiro às vivências dela. A bela casa de Teresa transformou-se na casa da personagem Alice, que, doente, rememora fragmentos de sua vida. Um filme delicado e muito feminino. Além de Teresa Farah, o filme conta com mais duas atrizes: Samya de Lavor e Natasha Faria.

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