Festival de Paris promove pré-estreia francesa de “Marighella”
Por Maria do Rosário Caetano
Dois atores brasileiros – Murilo Benício e Wagner Moura – terão seus filmes exibidos nas cerimônias de abertura e encerramento da 21ª edição do Festival de Cinema Brasileiro de Paris, que acontece anualmente, no Cine L’Arlequin, no Quartier Latin.
A noite inaugural, nesta terça-feira, 9 de abril, exibirá “Beijo no Asfalto”, primeiro longa de Benício como diretor. O filme recria uma das peças mais conhecidas (e filmadas) de Nélson Rodrigues. No encerramento, dia 16, será a vez de “Marighella”, o primeiro longa de Wagner Moura atrás das câmaras.
O ator, e agora cineasta, famoso pelo Capitão Nascimento de “Tropa de Eliete”, filme premiado com o Urso de Ouro no Festival de Berlim, não estará presente à sessão (a equipe será representada pelo ator Humberto Carrão, um dos guerrilheiros do grupo de Carlos Marighella). A estreia de “Marighella”, no Brasil, está pré-agendada para o segundo semestre (provavelmente no mês de outubro).
Wagner Moura não pode comparecer ao festival parisiense por estar filmando em Havana. Ele é um dos protagonistas de “Wasp Network” (“Os Últimos Soldados da Guerra Fria”), filme do francês Olivier “Carlos” Assayas. No elenco deste thriller político, que envolve ações de sabotagem em hotéis turísticos de Cuba, estão o mexicano Gael García Bernal, o venezuelano Edgard Ramírez, o chileno Pedro Pascal, a espanhola Penélope Cruz, a cubana Ana de Armas e a porto-riquenha Adria Arjona.
O Festival de Cinema Brasileiro de Paris, organizado pela cineasta e produtora cultural Kátia Adler, da ONG Jangada, selecionou 23 longas brasileiros de ficção e documentais. Para Kátia, o feito mais notável desta edição é a presença feminina: “50% dos filmes selecionados trazem assinaturas de mulheres”. Caso de “Torre de Donzelas”, de Susanna Lira, “Deslembro”, de Flávia Castro, “Aos teus Olhos”, de Carolina Jabor, “A Última Abolição”, de Alice Gomes, “My Name is Now, Elza Soares”, de Elizabeth Martins, e “Todas as Canções de Amor”, de Joana Mariani.
Outro trunfo do festival, que mostra o cinema brasileiro contemporâneo aos franceses, é a plataforma JangadaVOD. Kátia Adler detalha a novidade: “tal plataforma permitirá o aluguel de longas brasileiros em todo o território francês, ampliando o alcance do festival”. Há duas décadas – detalha – “lotamos o cinema L’Arlequin com público fiel, mas somos questionados pelos espectadores, que querem saber onde assistir aos filmes brasileiros fora do espaço do festival”. Por isto, “criamos a JangadaVOD, plataforma que facilitará esse acesso e dará continuidade ao nosso trabalho em defesa do cinema brasileiro, fora do Brasil”. A seleção disponibilizada online inclui filmes como “O Som ao Redor”, de Kleber Mendonça, “Elis”, de Hugo Prata, “Estamira”, de Marcos Prado, “Meninas” de Sandra Werneck, entre outros”.
Entre os selecionados da edição deste ano do festival parisiense, estão filmes como “Temporada”, de André Novais Oliveira, vencedor do Festival de Brasília, “Tinta Bruta”, de Filipe Matzembacher e Márcio Reolon, premiado com o Teddy Bear, no Festival de Berlim, o documentário “Amazônia Groove”, de Bruno Murtinho, “Sócrates” de Alex Moratto, realizado na Baixada Santista, e “Orlamundo”, de Orlando Morais.
O festival promoverá, ainda, a segunda edição do Forum Audiovisual França-Brasil (dia 16 de abril), na sede da Embaixada brasileira. O objetivo do encontro – segundo Kátia Adler – “é incentivar o intercâmbio audiovisual entre os dois países”.
No campo reflexivo, serão realizados, ainda masterclasses e vários debates. E, no plano da articulação política, “encontros profissionais com presença de representantes de entidades, criadores, produtores e executivos brasileiros e franceses.
Kátia lembra que, “em 20 edições, o festival possibilitou a exibição de 530 filmes brasileiros na França, mobilizando plateia de mais de 73 mil espectadores, que participaram de debates com quase 500 convidados”.