Festival traz poderoso panorama do cinema russo contemporâneo

Por Maria do Rosário Caetano

Dezembro ficará na memória dos cinéfilos brasileiros como o mês da invasão russa. Não invasão territorial. Invasão, que fique claro, de imagens cinematográficas. Nem terminou a sétima edição da Mostra Mosfilm de Cinema Soviético e Russo (até domingo, 13), e já começa, nessa quinta-feira, 10 de dezembro, a primeira edição do Festival Roskino de Cinema Russo.

Até o penúltimo dia (30) desse ano assombrado pela pandemia do coronavírus, o serviço de streaming da Spcine exibirá, gratuitamente, oito filmes realizados no país eslavo ao longo dos três últimos anos. Um é imperdível, por sua originalidade e poder perturbador (“O Homem que Surpreendeu a Todos”). Três nos impressionam pela solidez de seus roteiros, qualidade dos diálogos e performance de seus atores (“O Coração do Mundo”, “Texto” e “Arritmia”).

Quem gosta de dramas históricos, filmados em preto-e-branco, não pode perder “O Francês”, dirigido por um dos atores mais famosos da Rússia, e diretor bissexto, Andrei Smirnov, de 79 anos. Os cinéfilos brasileiros o conhecem por seu desempenho no filme “Elena”, de Andrei “Levitã” Zvyagintsev, do qual foi um dos protagonistas.

Outro rosto familiar aos olhos de nossos cinéfilos é o de Anna Mikhalkova, a estrela absoluta de “Vamos nos Divorciar”, comédia de sabor popular agregada ao sofisticado pacote russo embalado para o festival. Quem não se lembra de um filme (“Anna dos 6 aos 18”), que encantou a todos que o viram em 1995, ano do Centenário do Cinema?

Nikita Mikhalkov, diretor de “Urga, uma Paixão no Fim do Mundo” e “Olhos Negros”, filmou sua filha Anna, infanta de seis anos, até que ela completasse 18. E, como pano de fundo, desenhou retrato social e político dos anos derradeiros da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, sua débacle e encolhimento territorial, até o renascimento da Federação Russa. Pois o tempo passou e hoje, já quarentona, Anna Mikhalkova é uma rechonchuda e talentosa atriz, com excelente veia cômica.

Completam a programação do festival, organizado pela quase centenária Roskino, braço cinematográfico do Ministério da Cultura da Rússia, dois filmes de recorte mais comercial – a ficção “Bolshoi” e a animação “O Reino Gelado: Terra dos Espelhos”.

O primeiro apregoa a excelência russa no ballet clássico. Por mais de duas horas, assistimos a um folhetim ambientado no universo do Bolshoi, o mais famoso corpo de dança (e escola de ballet) do mundo. O segundo é a única obra já exibida comercialmente no Brasil. Entrou no pacote do festival por ter alcançado imenso sucesso comercial no mundo inteiro. Também pudera. Ao contrário de “Masha e o Urso”, animação infantil que nos transportava para o grande país eslavo, “Reino Gelado” é um filme genérico, que poderia ser feito em qualquer país. Um fiel seguidor da escola Disney de animação, capaz de realizar, como nenhuma outra matriz, aliciantes “filmes para toda a família”.

Eugenia Markova, representante da Roskino, organizadora, em parceria com a Spcine (empresa municipal de fomento ao cinema de São Paulo), da primeira edição do Festival de Cinema Russo (Contemporâneo), contou, em coletiva de imprensa, que “O Reino de Gelado” e “Vamos nos Divorciar” foram os filmes que mais atraíram público em edições do evento no México, Austrália e Espanha. Depois deles, a produção com maior afluência de público foi o drama “Bolshoi”.

A bela Eugenia, que mais parece uma estrela de cinema, que uma funcionária estatal, confessou-se curiosa em saber quais dos oito filmes mais atrairão o público brasileiro (a mostra pode ser acessada, via Spcine, em todo território nacional). Uma resposta ela já tem: o único filme desta safra festivaleira lançado comercialmente no Brasil foi “O Reino Gelado”. Vendeu mais de 100 mil ingressos e está disponibilizado em serviços de streaming. Mas poucos espectadores tomaram conhecimento da origem geográfica dessa animada e coloridíssima fantasia.

O cinema russo, na era soviética, dominava seu mercado interno e o do Leste Europeu. Com o fim da URSS, o cinema norte-americano tomou conta das telas de Moscou, São Petersburgo e de todas as grandes cidades do país e de seus ex-satélites. A produção regional caiu bastante e o cinema russo transformou-se num intruso em seu próprio mercado. O tempo foi passando, a produção se reestruturou e hoje, com otimismo exagerado, Eugenia Markova garante que a produção cinematográfica russa ocupa de 30 a 40% do mercado interno (na TV, “mais de 70%”).

Os dados dos últimos anos são menos favoráveis que os apresentados pela sorridente representante da Roskino: 16,6% (market share em 2015), 17,8% (2016), 24,3% (2017), 27,6% (2018) e 22,1% (2019). Mas não deixa de ser relevante que, nos últimos três anos, o crescimento seja evidente.

Os seis filmes de maior empenho artístico do Festival Russo empolgou críticos e estudiosos, que puderam assisti-los, em bloco, para melhor divulgá-los. Caso do carioca Carlos Heli de Almeida, único brasileiro a integrar o comitê que atribui, anualmente, o Arco de Ouro, prêmio destinado aos melhores filmes eurasianos (ver testemunho abaixo). Caso, também, do pesquisador e professor da UnB, João Lanari Bo, autor do obrigatório livro “Cinema para Russos, Cinema para Soviéticos” (Editora Bazar do Tempo, 2019). E, ainda, de João Moris, do coletivo cinéfilo Cinema Paradiso. Os três se entusiasmaram com “a imensa qualidade” dos filmes selecionados para esse festival-vitrine da produção recente da Federação Russa.

O longa-metragem mais impressionante da safra agora disponibilizada é “O Homem que Surpreendeu a Todos” (drama, 2018, 104′), dirigido por Natasha Merkulova e Aleksey Chupov. À frente do elenco, estão Evgeniy Tsyganov (o guarda florestal Egor) e Natalya Kudryashova (sua esposa), ela premiada por seu desempenho no Festival de Veneza.

Egor é um vigilante destemido da taiga siberiana, ótimo marido e pai de um menino, que o adora, e muito respeitado pelos moradores da pequena comunidade, onde vive. Um dia, ele descobre que tem uma doença terminal e que nenhum medicamento tradicional, nem a magia xamânica, poderá salvá-lo. Decide, então, lutar contra a doença de forma inesperada. Tentará transmutar-se em outra pessoa para enganar a morte. Sua família e seus conhecidos aceitarão sua nova personalidade? Nada mais se pode dizer da perturbadora trama desse filme único, tão revelador da alma russa e das contradições da espécie humana.

“O Coração do Mundo”, de Natalia Meshchaninova

Surpreendente e quase tão perturbador quanto o filme de Merkulova e Chupov é o drama “O Coração do Mundo” (2018, 124′), dirigido por Natalia Meshchaninova, e protagonizado por Stepan Devonin. O rapaz, também chamado Egor, é um jovem veterinário, que atua em escola de treinamento de cães de caça, em lugar ermo. Raposas, cervos, texugos e cachorros são a razão de ser do dedicado profissional, que reside numa modesta extensão adjacente à casa do chefe.

O veterinário consome seus dias na cura de animais, limpando gaiolas, monitorando os funcionários ou atendendo aos clientes da (brutal) escola de treinamento. Ele chega a exercitar (ou pelo menos tentar) alguns de seus desejos (sexuais, inclusive), mas a razão de sua existência são os animais. Atores carismáticos (inclusive o jovem Stepan Devonin) e temas cruciais de nosso tempo (como a luta contra a exploração dos bichos, novas tecnologias de observação, como drones etc.) trazem o filme para o presente. Mas entender as pulsões de Egor constitui imenso desafio ao senso comum.

“O Coração do Mundo” foi o grande premiado no Kinotavr Open Russian Film Festival e recebeu prêmios secundários da Russian Guild of Film Critics, sendo selecionando para os festivais de San Sebastián e pelo TIFF (Toronto).

Quem aprecia filmes de suspense não pode perder “Texto” (2019, 132′ – russos gostam de filmes longos!), de Klim Shipenko. Que ninguém se assuste, pois a trama corre frenética pela tela. Muita coisa acontece. Tantas que somos obrigados a redobrar nossa atenção. O protagonista do filme, um jovem estudante de Filologia Românica (Alexander Petrov, um eslavo de imensa beleza ), não sai de cena e revela talento notável.

“Texto” parte de best-seller do escritor Dmitry Glukhovskye, que, em mãos menos hábeis, poderia resultar em um filme de puro apelo comercial. Mas não. Klim Shipenko desfia sua intrincada trama com rara habilidade, e sem abandonar a complexidade do mundo, conta a história de Ilya Goryunov, de 27 anos, que passa boa parte de sua juventude, mesmo sendo inocente, encarcerado. Seu sonho, alimentado na prisão, é sair para encontrar seu algoz, um jovem oficial do Serviço Federal de Controle de Drogas, Pyotr Khazin.

Ilya também espera reencontrar a mãe, a bela namorada e seu melhor amigo esperando por ele em seu lar. Só que, ao ganhar a liberdade, descobrirá que sua antiga vida está arruinada. Impossível voltar a ela. Um celular (gerador do “Texto”, que batiza o filme) desempenhará função central nessa narrativa moderna e violenta, temperada com cenas quentes de sexo. Além de um filme de suspense, “Texto” é uma espécie de “ficção científica” ambientada em nossos dias. Afinal, de posse dos dados do celular do agente policial Pyotr Khazin, filho de um general, o revoltado Ilya se fará passar por seu algoz.

“Arritmia” (drama, 2017, 116′), direção de Boris Khlebnikov, integra a vertente das tramas ambientadas no mundo médico, que faz sucesso nos cinemas e nas séries de TV. Os protagonistas, o ousado e talentoso paramédico Oleg (Alexander Yatsenko) e a médica Kathya (Irina Gorbacheva), lotada num agitadíssimo pronto-socorro, são casados. Ela ama Oleg, mas está cansada das ausências dele, que vive de socorro em socorro, pelas ruas da cidade. O casamento começa a deteriorar.

Para transtornar, ainda mais, a vida do feioso (mas simpático e idealista) Oleg, um novo chefe chega para comandar, com pulso de ferro, os paramédicos. Além de impor regras draconianas, o burocrata só quer saber de produtividade. Que ninguém perca tempo dando muita atenção aos pacientes, nem preste socorro fora de sua área de ação. Se alguém morrer por falta de atendimento emergencial, paciência.

Pouco afeito a formalidades burocráticas, bom copo (como bebem os russos!), Oleg só deseja salvar o máximo de vidas. Tal postura acabará desagradando ao chefão recém-chegado. Em crise no trabalho e no espaço doméstico, o paramédico busca um vínculo capaz de manter seu casamento. Por seu ótimos desempenhos, Alexander Yatsenko foi premiado como melhor ator em Karlovy Vary e no Kinotavr Open Russian Film, e Irina Gorbacheva, como melhor atriz em Minsk. “Arritmia” foi eleito o melhor filme no Festival de Trieste, na Itália, e foi selecionado para o Festival de Toronto.

O drama histórico “O Francês” (2019, 128′), de Andrei Smirnov, participou do Festival de Roterdã. Seu protagonista é Pierre Durand (Anton Rival), um jovem estudante francês, que vai a Moscou para estágio na Universidade Estatal. Lá, ele conhece Kira Galkina (Evguenya Obraztsova), bailarina do Teatro Bolshoi, e o fotógrafoValera Uspensky (Aleksandr Baluev).

A União Soviética vive a Era Krushchov. A vigilância sobre os cidadãos é grande. Mas Pierre Durand, filho de pai russo, domina o idioma local e consegue relacionar-se, ao longo do ano de 1957, com instituições oficiais (como a Universidade), mas também com ambientes underground (amigos descolados o levarão a local “clandestino”, onde poderá ouvir o melhor jazz). Enquanto mergulha nas vidas culturais moscovitas, o rapaz tenta descobrir algo sobre seu pai, um oficial do Exército Branco (aquele que entrou em Guerra Civil com o Exército Vermelho), preso no final da década de 1930.

“Bolshoi” (atenção, não se trata de um documentário, mas sim de drama, com ingredientes folhetinescos, realizado em 2016, com 132′ de duração), tem direção de Valery Todorovsky.

Yulia Olshanskaya (Margarita Simonova) é uma jovem oriunda de pequena cidade mineradora. Um dia, um pigmalião, o ex-bailarino Pototsky, a descobre dançando nas ruas e percebe ali um talento a ser lapidado. Quem sabe para brilhar no mais nobre dos palcos russos – o Teatro Bolshoi. Antes, porém, ela terá que estudar em uma escola de ballet, das mais rigorosas. E terá que perder seus modos provincianos. Para tanto, ficará sob os cuidados de obstinada (idosa e já com lapsos de memória) professora (Alisa Freindlich).

Yulia, com os sobressaltos da vida, descobrirá que, para ser uma primeira bailarina, além de brutal abnegação, terá que enfrentar muitos obstáculos. Inclusive uma linda, rica e ambiciosa bailarina (Anna Isaeva) que quer o mesmo posto almejado por ela.

O filme se deixa ver, com interesse, mas não esconde sua artificialidade folhetinesca. Pelo menos, para o Brasil, único país das Américas a manter (em Santa Catarina) uma sucursal do Ballet Bolshoi, servirá como imensa vitrine da maior escola de dança clássica do mundo, que revelou nomes da grandeza de Nijinsky, Nureyev e Maya Plissetskaya.

A comédia “Vamos nos Divorciar “(“Another Woman”, 2019), tem protagonista feminina (Anna Mikhlakova, que além de filha de Nikita, é sobrinha do cineasta Andrei Konchalovski) e uma mulher no comando, a diretora Anna Parmas. O tom da história também há de agradar às feministas.

Em enxutos 92 minutos (quase um média-metragem para os padrões russos), acompanhamos o fim do matrimônio da médica ginecologista Masha (Anna Mikhalkova), abandonada pelo marido Misha (Anton Filipenko), que a troca por uma beldade, Osanka (Svetlana Kamynina), bem mais jovem e fogosa, dedicada ao ofício de sedutora personal trainer.

Como a médica, que acumula gorduras em sua derrière, só pensa em trabalho, ela custa a perceber que o marido já estava em outra sintonia amorosa. Acostumada a conseguir o que quer, ela partirá para a reconquista do infiel companheiro. A seu favor, Masha espera contar com seus dois filhos pequenos. E, se preciso for, apelará até a forças sobrenaturais. O filme é simpático, não foge de alguns clichês das comédias românticas, mas, felizmente, não recorre a apelações grosseiras. E Anna Mikhalkova (sobrenomes russos recebem a forma feminina) é uma comediante de mão cheia.

“O Reino Gelado: Terra dos Espelhos” (animação, 2018, 80′), tem direção de Alexey Tsitsilin e Robert Lence. Sua trama voa, ágil, rumo a um reino cujo soberano correu o risco de perder sua família, devido às ações malignas da Rainha da Neve. Com o fim dos poderes mágicos do mundo, todas as criaturas dotadas de tais dons são banidas para a “Terra dos Espelhos”. Somente uma pessoa poderá manter os seres mágicos no universo e impedir que sigam aprisionados para sempre. O desenho ficou entre as três melhores bilheterias russas no mercado externo no ano de 2019.

 

I Festival Roskino de Cinema Russo Contemporâneo
Data: 10 a 30 de dezembro
Local: no streaming da Spcine, com exibição gratuita de oito longas-metragens de diversos gêneros (drama, comédia, suspense e animação). Os filmes podem ser acessados em qualquer ponto do território brasileiro.

 

Brasileiro integra o Comitê do “Arco de Ouro”

O carioca Carlos Heli de Almeida, jornalista e crítico de cinema, é o único brasileiro a integrar o comitê que, anualmente, atribui o Arco de Ouro (East-West Golden Arch), espécie de “Oscar” eurasiano. Ele tem participado de festivais e encontros cinematográficos realizados no Leste Europeu, especialmente em Moscou.

O crítico explica que o Arco de Ouro é uma iniciativa da Confederação dos Sindicatos dos Cineastas da Rússia e se propõe a dar visibilidade ao cinema produzido nos países Europa Oriental e da Ásia Ocidental. A primeira edição do prêmio ocorreu em 2018, em Moscou. A ideia original é que a cerimônia de premiação tenha caráter itinerante, sendo realizada em um dos países do bloco a cada ano.

Os vencedores das diversas categorias são decididos por um júri internacional, composto por 23 integrantes de várias partes do mundo, entre críticos, jornalistas e acadêmicos. Heli foi o único brasileiro a integrar os júris das edições até agora realizadas.

O crítico carioca só tomou conhecimento da existência da Roskino, agora, por causa da primeira edição do Festival de Cinema Russo, já apresentado na Austrália, Espanha e México. “Em 2017” – conta – “durante mesa-redonda com os participantes do Primeiro Colóquio Fipresci (Federação Internacional de Críticos de Cinema), em São Petersburgo, dedicado ao cinema russo contemporâneo, cheguei a perguntar se havia alguma instituição oficial voltada à promoção do audiovisual do país mundo à fora, a exemplo da Unifrance francesa”.

Durante o Colóquio, que durou três dias, foram exibidos 13 títulos contemporâneos russos (produções comerciais e do circuito de arte), o crítico brasileiro ficou “surpreso com a diversidade do cinema que está sendo produzido no país, e que só conhecemos – e mesmo assim em número reduzido – pelos títulos apresentados em festivais estrangeiros”.

Para Carlos Heli, “o nível de sofisticação dos blockbusters russos, para exemplificar, não deixa a nada a dever ao das superproduções de Hollywood”.

“O que me intrigava” – prossegue – “é que pouco desse cinema conseguia viajar para fora do país, daí a minha curiosidade em saber o que o Governo Russo estava fazendo para promovê-lo. Na época, ninguém me falou da Roskino”.

“O Colóquio de 2017”, pontua o crítico, “serviu para que eu começasse a descobrir o quanto a máquina estatal russa tem investido na produção de filmes – comerciais ou de arte – inclusive colocando dinheiro na manutenção e revitalização de estúdios, como o quase centenário Lenfilm, em São Petersburgo, e o centenário Mosfilm, em Moscou, e também na difusão do que era produzido no país”.

“O próprio Colóquio da Fipresci”, concluiu Carlos Heli, “pode ser considerado como parte dessas iniciativas de promoção do cinema contemporâneo russo. Na época, cheguei a levantar dados relativos a esse esforço de revitalização do mercado de cinema russo e constatei que, em 2011, o país lançara 89 títulos. Quatro anos depois, esse número havia saltado para 135”.

O brasileiro pondera que “a política do Governo Russo para o cinema tem seus paradoxos: investe recursos financeiros, mas tenta orientar o que pode ser produzido”. E cita exemplo superlativo: “o caso de “Leviatã” (2014), ganhador do prêmio de roteiro em Cannes, do Globo de Ouro de filme estrangeiro e indicado pela Rússia ao Oscar”. Pois, “o filme de Andrey Zvyagintsev foi considerado ‘antipatriótico’ pelo ministro da Cultura. Logo depois, o Governo emitiu portarias alertando que somente filmes enaltecedores das virtudes do país seriam contemplados com recursos públicos”.

“Zvyagintsev” – arremata – “acabou fazendo ‘Sem Amor’ (“Loveless”), seu filme seguinte, vencedor do prêmio do júri em Cannes, de forma alternativa, buscando parceiros na França, Alemanha e na Bélgica”. (MRC)

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