Festival de Gramado apresentará filmes sobre Luis Fernando Verissimo, Mussum e Ângela Diniz, “a Pantera de Minas”
Foto: “Ângela”, de Hugo Prata
Por Maria do Rosário Caetano
O Festival de Cinema de Gramado, que realiza sua quinquagésima-primeira edição de 11 a 19 de agosto, na Serra Gaúcha, anunciou na manhã dessa terça-feira, 4 de julho, os filmes que vão disputar o Troféu Kikito nas categorias longa de ficção e longa documentário. O evento chega em novo formato, pois trocou a mostra de filmes latinos por competição de longas documentais brasileiros.
Foram escolhidos filmes sobre um gaúcho célebre, o escritor e devoto de Nossa Senhora do Contexto Luis Fernando Verissimo, o trapalhão Mussum, o cineasta Roberto Farias, a “pantera” Ângela Diniz, entre outros temas.
O comando de Gramado divulgou, também, a lista de curtas-metragens gaúchos. E cinco longas da nova safra do CineGautchê, que traz um filme de Boca Migotto (sobre o cinema portalegrense) e outro sobre manifestações populares de 2016, dirigido pelo prolífico Zeca Brito, que conta com Jean-Claude Bernardet nos créditos.
Os curtas brasileiros e os homenageados especiais serão divulgados em noite festiva, no Rio de Janeiro, no próximo dia 11.
A tarefa da comissão de curadores e suas linhas auxiliares (no caso dos curtas e dos filmes gaúchos) dobrou um riscado, pois foram inscritos mais de mil filmes. Nas principais categorias – longas ficcionais e documentais brasileiros – os responsáveis pelas escolhas são os curadores Soledad Villamil, atriz argentina, Marcus Santuário, crítico e jornalista gaúcho, e Caio Blat, ator carioca.
A curadoria destaca o ineditismo dos escolhidos, a diversidade (em todos os sentidos), o apreço pela pluralidade de gêneros (thriller, drama, ficção, biografias e documentários) e o olhar pela vastidão do Brasil (filmes de diversas origens geográficas). A trinca trabalhou com agilidade, pois, coisa rara no Brasil, divulgou os filmes selecionados exatos 37 dias antes do início da festa serrana.
O filme da noite inaugural de Gramado será “Retratos Fantasmas”, documentário de Kleber Mendonça, que disputou o “Olho de Ouro”, em Cannes. Pela terceira vez, o cineasta pernambucano dará as boas-vindas ao público, pois escolheu Gramado para as pré-estreias brasileiras de “Aquarius” e “Bacurau” (este em parceria com Juliano Dornelles).
No dia 19 de agosto, acontecerá no Palácio dos Festivais, a festa de encerramento. Serão entregues 38 troféus Kikito, além dos prêmios tradicionais que cabem a artistas por suas longas trajetórias. Caso do Troféu Oscarito, que este ano caberá às atrizes Laura Cardoso, de 95 anos, e Léa Garcia, de 90. Os outros troféus são o Eduardo Abelin, o Kikito de Cristal e o Cidade de Gramado.
Será – vale sonhar! – que todos os troféus especiais serão entregues na noite final?
Se isto acontecer, Gramado enxugará suas noites intermináveis, que se encerram madrugada adentro e deixam jornalistas, que por dever de ofício devem assistir a todos os filmes, e cinéfilos dedicados, em estado de exaustão. Quando os atrasos arremessam os filmes para bem depois da meia-noite, os aficcionados do cinema, fiéis cultores da imagem, dormem com fome. Depois da pandemia, os restaurantes de Gramado encurtaram seus horários de funcionamento.
Ao Troféu Leonardo Machado, que honra a memória do ator de tantos filmes gaúchos, falecido precocemente, foram acrescentadas novas láureas: em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura e Instituto Estadual de Cinema (Iecine), serão entregues três prêmios Novas Façanhas. Outra novidade é o Troféu Sirmar Antunes, homenagem à memória do ator afro-gaúcho, com longa trajetória no curta e longa riograndenses. Neste caso, a dobradinha se dá com a Assembleia Legislativa gaúcha, tradicional parceira do Festival de Gramado.
O evento gaúcho, pela primeira vez em sua história, irá abrir espaço nobre para séries. No caso, “Cangaço Novo”, produção da O2 de Fernando Meirelles (para a Amazon), com direção de Aly Muritiba e Fábio Mendonça. A série estará disponível no Prime Video, em mais de 240 países e territórios, a partir de 18 de agosto. Antes será vista em Gramado, no dia 14.
Todo mundo sabe que Gramado adora badalação e atores famosos. Esse ano, os fãs do “tapete vermelho” vão nadar de braçada. Até o contido cearense Petrus Cariry recheou seu elenco com nomes famosos, caso de Matheus Nachtergaele e Silvia Buarque. Há famosos até no filme de Tocantins (“O Barulho da Noite”), protagonizado por Marcos Palmeira e Emanuelle Araújo. O ator, cantor (Originais do Samba) e humorista Mussum chega encarangado na pele de Ailton Graça. Isis Valverde e Gabriel Braga Nunes recriam, com a devida liberdade, o casal Ângela Diniz e Doca Street, este o assassino daquela, conhecida como a “Pantera de Minas”. José Eduardo Belmonte tem Grazi Massafera e Reynaldo Gianecchini como seus protagonistas. Fábio Meira chega com Vera Holtz, Arlete Salles, Louise Cardoso e Antonio Pitanga.
Confira a lista dos selecionados:
Longas-Metragens Brasileiros (ficção)
. “Ângela”, de Hugo Prata (SP)
. “Mais Pesado é o Céu”, de Petrus Cariry (CE)
. “Mussum, o Filmis”, de Silvio Guindane (RJ)
. “O Barulho da Noite”, de Eva Pereira (TO)
. “Tia Virgínia”, de Fábio Meira (RJ)
. “Uma Família Feliz”, de José Eduardo Belmonte (PR)
Longas-Metragens Documentais
. “Luis Fernando Verissimo – O Filme”, de Luzimar Stricher (RS)
. “Roberto Farias – Memórias de um Cineasta”, de Marise Farias (RJ)
. “Memórias da Chuva”, de Wolney Oliveira (CE)
. Anhagabaú”, de Lufe Bollini (SP)
. “Da Porta pra Fora”, de Thiago Foresti (DF)
Longas-Metragens Gaúchos
. “Um certo Cinema Gaúcho de Porto Alegre”, de Boca Migotto (Porto Alegre)
. “Hamlet”, de Zeca Brito (Porto Alegre)
. “O Acidente”, de Bruno Carboni (Porto Alegre)
. “Sobreviventes do Pampa”, de Rogério Rodrigues (Porto Alegre)
. “Céu Aberto”, de Elisa Pessoa (Dom Pedrito)
Curtas-Metragens Gaúchos
. “Glênio”, de Luiz Alberto Cassol (Santa Maria)
. “Colapso Terra em Chamas”, de Lucas Tergolina e Matheus Melchionna (Porto Alegre)
. “As Ondas”, de Leandro Engelke e Richard Tavares (porto Alegre)
. “Concorso Internazionale” de Bruno de Oliveira (Porto Alegre)
. “Messi”, de Henrique Lahude e Camila Acosta (Encantado) – 14’38”
. “Meu Nome é Leco”, de Diana Mesquita e Marina Falkembach (Porto Alegre)
. “Aurora”, de Bruna Ueno (Pelotas)
. “Carcinização”, de Denis Souza (Pelotas)
. “Centenário de Minha Bisa”, de Cristyelen Ambrozio (Alvorada)
. “Combustão Espontânea”, de João Werlang e Pedro Bournoukian (Pelotas)
. “Concha de Água Doce”, de Lau Azevedo e João Pires (Porto Alegre)
. “Eu Tibano”, de Diego Tafarel e Zé Corrêa (Santa Cruz do Sul)
. “Fiar o Vento”, de Mari Moraga (Porto Alegre)
. “Fitoterapia”, de Eduardo Piotroski (Porto Alegre)
. “Flora”, de Ana Moura (Porto Alegre)
. “Livra-me”, de Felipe da Fonseca Peroni (Santa Cruz do Sul)
. “Nau”, de Renata de Lélis (Porto Alegre)
. “O Tempo”, de Ellen Correa (Porto Alegre)
. “Os Féders Vão Dormir”, de Eder Ramos (Esteio)
. “Rasgão”, de Victor Di Marco e Márcio Picoli (Porto Alegre) – 10’31”
. “Restaurante”, de Leonardo Rosa (Taquari)
. Sabão Líquido”, de Fernanda Reis e Gabriel Faccini (Porto Alegre)
. “Tremendo Trovão”, de Rubens Fabricio Anzolin (Porto Alegre)
Farei o possível, para não perder essa edição!