Itaú Cultural Play recebe a mostra Imagens do Antropoceno, com curadoria do forumdoc.bh

A Itaú Cultural Play recebe, a partir do dia 22 de setembro, a mostra Imagens do Antropoceno, uma seleção de cinco documentários com curadoria do forumdoc.bh – Festival do Filme Documentário e Etnográfico, fórum de antropologia e cinema cuja edição de 2023 acontece presencialmente em Belo Horizonte, de 23 de novembro a 2 de dezembro. A mostra fica disponível na Itaú Cultural Play até março de 2025 e pode ser acessada gratuitamente via site www.itauculturalplay.com.br e dispositivos móveis Android e IOS.

Refletindo sobre os desafios do mundo atual e traçando uma relação com documentários contemporâneos, Imagens do Antropoceno tem como objetivo dialogar sobre o conceito de antropoceno. O termo se refere ao momento atual, no qual a humanidade deixa de ser apenas um agente biológico e se torna força geológica, alterando a paisagem do planeta e comprometendo a sobrevivência da sua espécie e a dos outros seres vivos.

Os filmes discutem e tratam das consequências dos processos predatórios impostos nas relações humanas com o planeta, do avanço das mudanças climáticas, da indústria extrativista e de corporações globalizadas, em especial no Brasil. Além disso, trazem contrapontos que mostram outras maneiras da relação homem-natureza e como algumas comunidades, em especial as indígenas, desenvolvem há gerações um estilo de vida saudável com o planeta e contrária à lógica exploratória de recursos naturais.

Dirigido por Virginia Valadão, “Yãkwa, o Banquete dos Espíritos” (foto, 1995) retrata a vida dos indígenas Enawenê-nawê, ameaçados hoje pelo agronegócio, que habitam o noroeste do Mato Grosso e vivem entre o cerrado e a floresta amazônica. O documentário tem como ponto de partida um testemunho sobre o Yãkwa, considerado o maior ritual deste povo, e ensina que a manutenção da preservação da ordem do mundo depende de uma longa celebração aos espíritos. A narrativa conta, ainda, com registros etnográficos e relatos míticos sobre as várias dimensões da vida indígena.

“Piripkura” (2017), de Marina Oliva, Bruno Jorge e Renata Terra, conta a história de Jair Candor, funcionário da Funai que, em 1989, liderou uma expedição em busca dos dois últimos indígenas Piripkura, povo que ocupou a região amazônica antes da chegada dos portugueses. Condor os encontrou em uma região cercada de fazendas e atividades madeireiras, e narra como eles fizeram para fugir do assédio da exploração predatória dos recursos naturais. O filme reconstitui mais um capítulo da história dos povos originários do Brasil e resgata uma tragédia humana que denuncia séculos de violência e descaso, mas também de resiliência e luta por um futuro melhor.

Premiado no Entretodos – Festival de Filmes Curtos e Direitos Humanos e no Festcine Amazônia, em 2016, “Para Onde Foram as Andorinhas?” (2016), de Mari Corrêa, denuncia como a ação predatória do homem branco em torno do parque do Xingu tem afetado negativamente suas vidas, em especial do povo Kawaiwete. Eles, que têm as andorinhas como referências temporais importantes, pois anunciam a chegada das chuvas, observam que nos últimos anos elas desapareceram por conta do crescimento das plantações monocultoras de milho e soja no entorno do parque.

“Mata” (2020), filme de Fábio Nascimento e Ingrid Fadnes que em 2021 venceu na categoria de Melhor Filme pelo júri popular na Mostra Ecofalante, retrata, por sua vez, os impactos da monocultura e a resistência dos saberes tradicionais na Mata Atlântica baiana e os impactos do plantio do eucalipto em grande escala. A narrativa parte de dois momentos: a presença de representantes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio e de indígenas Pataxó em uma assembleia realizada em 2020, para discutir a posse de terras no Sul da Bahia, e a ação de um agricultor, que trabalhou na extração de madeira e hoje partilha seu conhecimento sobre as árvores da floresta.

Por fim, o filme “Yãy tu nunãhã payexop: Encontro de Pajés” (2021), de Sueli Maxakali, se passa durante o início da pandemia da Covid-19, em julho de 2020, quando cerca de 100 famílias tikmῦ’ῦn-maxakali deixaram a reserva de Aldeia Verde, em Minas Gerais, em busca por uma nova terra. O objetivo era encontrar espaço adequado para fortalecer as relações com os povos-espíritos yãmĩyxop, capazes de defendê-las da doença do homem branco. Longas sequências com câmera na mão registram a mobilização comunitária do povo Maxakali, o que rendeu ao documentário o prêmio de Melhor Curta-metragem na Mostra Ecofalante de 2022.

 

Mostra Imagens do Antropoceno
Curadoria: forumdoc.bh – Festival do Filme Documentário e Etnográfico
Data: 22 de setembro de 2023 a 22 de março de 2025
Local: www.itauculturalplay.com.br
Acesso gratuito

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