Cinemateca Brasileira exibe parte de sua mais antiga coleção de filmes e lança livro sobre o restauro de filmes silenciosos

A Cinemateca Brasileira exibe, no dia 3 de julho, às 18h, uma seleção de filmes que foram recuperados pelo Projeto Nitratos. Pela primeira vez em sua história, a instituição recuperou, catalogou e digitalizou 1.785 filmes de sua coleção em nitrato de celulose, que reúne os mais antigos títulos da cinematografia brasileira. Logo após a sessão, também ocorre a sessão de autógrafos do livro “A Restauração da Cor do Cinema Silencioso no Brasil: Identificação, Conservação e Técnicas”, da pesquisadora Luisa Malzoni. A publicação documenta a experiência de Malzoni, que é técnica e pesquisadora da instituição, no restauro de filmes com tingimento e viragem na Cinemateca Brasileira, entre 2008 e 2024.

Na sessão inédita serão exibidos cinco títulos: “Fragmento de Greenwhich Village”, “Documentários Promocionais”, “Desfile de Lãs”, “Coisas nossas: Producção Brasileira” e “Segall. Lasar, Jenny e Maurício Segall – 1928” (foto). Esses filmes ainda poderão ser assistidos na íntegra no BCC: Banco de Conteúdos Culturais, que fica disponível no site da Cinemateca. O repositório digital já recebeu cerca de 300 filmes que foram recuperados no contexto do Projeto Nitratos e deve ser renovado periodicamente.

Todas essas iniciativas integram o Viva Cinemateca, que reúne os grandes projetos da Cinemateca voltados à recuperação de importantes acervos, além da modernização de sua sede e infraestrutura técnica. Por meio da Lei de Incentivo à Cultura, o projeto, de cerca de R$ 15 milhões, conta com o patrocínio estratégico do Instituto Cultural Vale, com o patrocínio master da Shell e o copatrocínio do Itaú Unibanco.

A coleção de Nitratos da Cinemateca Brasileira foi formada por títulos sobreviventes advindos de arquivos e cinematecas de todo o país. Entre as obras recuperadas pelo projeto estão raridades como “Barulho na Universidade” (1943), filme de Watson Macedo dado como perdido, e “Ceremônias e Festa da Igreja em S. Maria”, documentário mais antigo do acervo, filmado em 1909.

Trata-se da concretização de um esforço de décadas. As películas em nitrato de celulose, que eram utilizadas nos primeiros anos da indústria cinematográfica, são materiais extremamente delicados e que podem entrar em autocombustão. Foram eles os responsáveis por quatro incêndios da história da Cinemateca: 1957, 1969, 1982 e 2016. A recuperação da coleção de filmes do projeto Nitratos da Cinemateca Brasileira tem sido uma das principais frentes de trabalho da instituição desde sua reabertura, em 2022. Para essa iniciativa, foram contratados 30 pesquisadores e técnicos de preservação e documentação de todo o país, que trabalharam por dois anos no projeto, recuperando 3.392 rolos de filmes – cinejornais, documentários, filmes de ficção, domésticos e publicidade. A maioria dessa equipe foi posteriormente incorporada ao quadro de funcionários da instituição.

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