Filme de Ariadine Zampaulo aproxima Brasil de Moçambique
Revelar a vida de uma cidade por meio do cinema. Esse é o mote principal de “Maputo Nakuzandza”, longa-metragem ganhador do Prêmio Especial do Júri (Mostra Première Brasil: Novos Rumos) do Festival do Rio 2022 e que estreia no circuito brasileiro dia 14 de novembro, com distribuição da Descoloniza Filmes.
Dirigido por Ariadine Zampaulo (Brasil), o filme tem produção e roteiro assinados por ela em parceria com Maria Clotilde Guirrugo (Mariclô Produções – Moçambique). Nakuzandza significa “eu te amo” na língua Changana, que é uma das mais faladas do sul de Moçambique. Assim como na escolha do título, o filme “Maputo Nakuzandza” faz referência aos filmes de cidades, apresentando alguns personagens e histórias paralelas que se desenvolvem em Maputo, capital de Moçambique.
O longa é um retrato sensível e poético de um dia em Maputo, que muito se aproxima de qualquer metrópole brasileira, seja pelo idioma em comum, seja pelos resquícios da violenta colonização portuguesa que o ambiente urbano não resiste em pulsar por algumas esquinas e ruas esquecidas.
O filme começa no raiar do dia em Maputo e encerra-se ao final da noite. Entre esses dois momentos, diversas histórias acontecem simultaneamente: jovens saem de uma festa e nos quintais senhoras iniciam o dia. Um homem corre, uma mulher chega de viagem, um turista passeia, um trabalhador apanha o transporte público e uma noiva desaparece. Porém, há um elemento de costura entre todas elas: a Rádio Maputo Nakuzandza, que narra parte dessas histórias ao longo de sua programação, também atravessada por indicações de horário e músicas moçambicanas.
De acordo com a diretora Ariadine, o filme nasceu de suas pesquisas sobre o cinema feito em Moçambique e foi rodado em 2017, quando ela foi a Moçambique através do programa de intercâmbio da graduação em Cinema na Universidade Federal Fluminense (Niterói-RJ).
O longa traz cenas de diversos pontos da capital moçambicana, inclusive nas cenas nas quais o elenco figura de modo mais direto. O segredo aqui foi manter uma direção de fotografia em planos abertos, que permitiu a continuidade da existência de Maputo sem maiores interferências.
Exibido em seus primeiros festivais em 2022, Maputo Nakuzandza já conquistou seis prêmios: Festival do Rio 2023 – Mostra Première Brasil: Novos Rumos (Prêmio Especial do Júri); XVIII Panorama Internacional Coisa de Cinema (Júri Indie Lisboa – Competitiva Nacional); Melhor desenho de som e Melhor música original no BIS – Bienal do Cinema Sonoro, em Goiânia, este ano; e Melhor Diretora Americana e Melhor Diretora de Longa-Metragem de Ficção no oitavo Urusaro International Women Film Festival, em Ruanda, África.
O filme também recebeu Menção Especial do Júri (categoria New Visions) no Sicilia Queer Filmfest (Itália) e já viajou o mundo por meio de mostras distintas, tais como: New Directors/New Films (EUA), FIDMarseille (França), Mostra de Cinema de Tiradentes – Mostra Aurora (Brasil), Olhar de Cinema (Brasil), Festival Close-up 2022 (França), International African Film Festival 2022 (Argentina), 9th Porto/Post/Doc: Film & Media Festival (Portugal), Woche Der Kritik / Berlin Critic’s Week 2023 (Alemanha), Berwick Film & Media Arts Festival 2023 (Inglaterra) e FESPACO 2023 (Burkina Faso).