Não haverá confronto entre “Ainda Estou Aqui” e “Emilia Pérez” no Goya espanhol

Por Maria do Rosário Caetano

A trigésima-nona edição dos Prêmios Goya, o Oscar espanhol – que acontecerá em Granada, na Andaluzia, dia oito de fevereiro – poderá premiar “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, e “Emilia Pérez”, de Jacques Audiard.

A dupla premiação será possível já que os dois filmes concorrem em categorias diferentes. O brasileiro disputa o “cabeçudo” (o troféu se faz representar por imensa cabeça do pintor Francisco Goya de Lucientes) de “melhor filme ibero-americano”. O francês disputa o Goya de “melhor filme europeu”. O prêmio espanhol não trabalha com a categoria de “melhor filme estrangeiro”.

Os rivais de “Ainda Estou Aqui” não lhe são superiores. O argentino “El Jockey”, de Luiz Ortega, é uma deliciosa comédia protagonizada por Nahuel Pérez Biscayart e pelo torpedo espanhol Ursula Corberó, tornada estrela pelo sucesso de “Casa de Papel” e “Corpo em Chamas”. Para enriquecer o elenco, o mexicano Daniel Giménez Cacho interpreta um cativante mafioso do turfe. Mas, se o filme vencer o drama histórico-familiar de Walter Salles, poderemos insinuar que houve proteção. Ou seja, puxaram a sardinha para a brasa castelhana, por causa da bela Corberó e de parceria na produção.

O terceiro concorrente – o chileno “O Lugar da Outra” – marca a estreia na direção ficcional da pé-quente Maite Alberdi. Realizadora de dois documentários inesquecíveis — “Agente Secreto”, sobre velhinho-espião infiltrado em casa de repouso geriátrico, e de “A Memória Infinita”, sobre o Alzheimer que destruiu a memória do escritor Augusto Góngora e tomou os dias de sua companheira, a atriz Paulina Urrutia — Alberdi não acertou a mão em “O Lugar da Outra”. Se ganhar, é porque tem uma plantação de arruda no seu quintal chileno.

O uruguaio “Agárrame Fuerte”, de Ana Guevara Pose e Letícia Jorge Romero, e o costarriquenho “Memórias de un Cuerpo que Arde”, de Antonella Sudassi Furniss, correm por fora. Se um deles ganhar, será zebra.

Por “Emilia Pérez”, Jacques Audiard já pode preparar seu smoking e tomar o rumo de Granada. Além de representar filme que vem causando sensação por onde passa, o francês dispõe de trunfos invejáveis. Sua protagonista, a atriz trans Karla Sofía Gascón, é espanhola, o idioma do filme é o castelhano (com acento latino-americano, claro!), suas locações e história são mexicanas. Mais duas de suas badaladas estrelas são hispano-estudanidenses (a ótima Zoe Saldaña, de “Avatar”, e a guapa Selena Gómez). Em papel coadjuvante aparece o venezuelano Edgar Ramírez, transformado em astro latino pela magnífica série (e filme) “Carlos”, do francês Olivier Assayas.

O prestígio da França está tão grande no Goya que há outro concorrente vindo da terra dos Lumière – o blockbuster “O Conde de Monte Cristo”, deliciosa adaptação de Alexandre Dumas, empreendida pela dupla Matthieu Delaporte e Alexandre de la Patellière (quase 10 milhões de espectadores). Mas os produtores do filme devem se dar por satisfeitos só com a indicação.

Outro fenômeno de estima integra a lista de “melhor filme europeu” e tem a França na retaguarda (principal coprodutora) – a animação “Flow”, de Gints Zilbalodis, cineasta da Letônia, portanto, conterrâneo de Sergei Eisenstein. O filme registra angustiante aventura de animais que sobrevivem a um mundo tomado pelo dilúvio (olha a bíblica “Arca de Noé”mais uma vez fertilizando o imaginário cinematográfico). Um gato, um cachorro, um lêmur, uma capivara e uma garça têm que superar suas diferenças para enfrentar a natureza em fúria.

O italiano “La Chimera”, de Alice Rohrwacher, obra de grande inquietação temática e estética, reúne elenco formado com nomes de grande prestígio na Europa (o britânico Josh O’Connor, aposta para encarnar o novo James Bond, as italianas Isabella Rossellini e Alba Rohrwacher, a francesa Lou Roy-Lecollinet), sem esquecer a brasileira Carol Duarte (de “A Vida Invisível” e “Malu”).

O último concorrente da categoria – o anglo-germânico “Zona de Interesse”, de Jonathan Glazer – carrega travo déjà vu, pois teve gigantesca exposição no Oscar 2024. E todas as atenções já estão voltadas para a cerimônia de 2025, programada para o começo de março. O filme de Glazer mostra a família de oficial nazista, que comanda campo de concentração, a partir de casa vizinha, cercada de jardins e habitada por crianças e adultos arianos, rechonchudos e corados.

“Emilia Pérez”, de Jacques Audiard

No campo da competição principal dos Prêmios Goya – a dos filmes espanhóis – surge questão relevante: “O Quarto ao Lado”, primeiro longa-metragem de Pedro Almodóvar falado em inglês, é um filme espanhol?

Houve premiação (a do Forqué, promovida pelos Produtores), que o excluiu. Agustin Almodóvar, irmão do cineasta e esteio da produtora El Deseo, ficou bravo. O filme, que satisfaz o desejo de duas estrelas anglo-saxãs – Tilda Swinton e Julianne Moore – de protagonizar um longa almodovariano, causou, pois, polêmica no meio audiovisual hispânico. Cadê Penélope Cruz? E a, agora sinônimo de saudade, Marisa Paredes, Rosi de Palma, e tantas “chicas” do manchego? Cadê as cores fortes e os boleros apaixonados? Cadê os cenários madrilenhos ou da Mancha?

Pois os responsáveis pelo Goya não discriminaram Almodóvar. “O Quarto ao Lado” recebeu dez indicações. Mas não a de melhor filme. Em compensação, cravou direção, atrizes (as duas anglo-saxãs), roteiro adaptado, fotografia, trilha sonora etc.

O recordista de indicações, esse ano, foi “El 47” (14). Mas, curiosamente, seu diretor não está presente nessa importante categoria (meteur en scène). O filme, baseado em fato real, e grande sucesso de bilheteria, mostra a chegada de linha de ônibus a bairro marginalizado de Barcelona.

“La Infiltrada”, outro sucesso de bilheteria, recebeu treze indicações, “Segundo Prêmio”, cravou onze, “La Virgen Roja”, nove, e “La Estrella Azul”, oito. Mas, ao contrário dos dois últimos anos, quando o Goya largou com franco-favorito (“Las Bestias”, de Rodrigo Sorogoyen, e “A Sociedade da Neve”, de J.A. Bayona), há muitos candidatos (lista pulverizada) e nenhum favorito absoluto.

Muitos dos filmes listados em várias categorias do Goya foram exibidos na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Caso de “Segundo Prêmio”, que a Espanha indicou ao Oscar, mas ficou fora da primeira peneira, a dos quinze semifinalistas. Caso também de “Soy Nevenska”, da atriz, cineasta e gestora cultural Icíar Bolaín, famosa desde que integrou o elenco do arrebatador “Terra e Liberdade” (Ken Loach, 1995).

No circuito comercial, os brasileiros puderam assistir à fascinante animação “A Menina e o Dragão”, franco favorito em sua categoria (longa animado). O filme é uma coprodução Espanha-China, dirigida pelo craque Salvador Simó (do obrigatório “Buñuel no Labirinto das Tartarugas”, 2018) e Li Jiaping. Foi lançado no Brasil pela Paris Filmes e não fez feio. Vendeu quase 200 mil ingressos.

Na categoria melhor longa documental, um título chama atenção – “Marisol, Llámame Pepa”, de Blanca Torres. Trata-se, claro, de cinebiografia da atriz e cantora Marisol, hoje com 76 anos, que povoou o imaginário das crianças nos anos 1960. Ela era a maior estrela da Espanha, tão famosa quanto Xuxa o foi no Brasil. Só fazia frente a ela outro astro castelhano – Joselito, também cantor e ator. Ele, o “pequeno rouxinol”, hoje com 81 anos, já contava com documentário para chamar de seu. Agora chegou a vez dela, que foi mulher do grande bailarino e coreógrafo Antonio Gades, parceiro fundamental de Carlos Saura na Trilogia de Espanha (“Bodas de Sangue”, “Carmem” e “Amor Bruxo”).

O filme de Blanca Torres vai revelar, a quem assisti-lo, que a “menina prodígio do franquismo” transformou-se em militante comunista. E que seu casamento com Antonio Gades, com quem teve três filhas, aconteceu em Cuba, tendo o Comandante Fidel Castro e a bailarina Alícia Alonso como padrinhos. Antes de morrer, aos 67 anos, vítima de câncer, Gades recebeu a mais alta condecoração (a Comenda José Martí) do governo cubano, entregue pessoalmente por Fidel e pelo irmão Raul Castro.

“O Quarto ao Lado”, de Pedro Almodóvar

Este ano, com a participação de “Ainda Estou Aqui” na competição espanhola, os brasileiros devem mostrar algum interesse pela cerimônia de entrega do “cabeçudo”. E, quem sabe, aguçar sua curiosidade pelo cinema da pátria de Buñuel-Saura-Almodóvar. Para este último, sinceros votos de breve regresso às histórias, elenco e atores patrícios. Afinal, se comparado com “Tudo Sobre minha Mãe” (1999), “O Quarto ao Lado”, mesmo com o Leão de Ouro na estante, não deixa de ser um filme olvidável.

A cerimônia de premiação, que será comandada pelas estrelas Maribel Verdu e Leonor Waitling, entregará um Goya de honor, por sua trajetória, à atriz Aitana Sanchez-Gijón, de 56 anos, intérprete da “Camareira do Titanic”, de Bigas Luna. E, claro, prestará tributo à estrela almodovariana Marisa Paredes, recém-falecida aos 78 anos.

Confira os finalistas ao Goya:

MELHOR FILME ESPANHOL

. “El 47”, de Marcel Barrena
. “Segundo Prêmio”, de Isaki Lacuesta e Pol Rodríguez
. “La Estrella Azul”, de José Macipe
. “Casa en Flames”, de Dani de la Orden
. “La Infiltrada”, de Arantxa Echevarría

MELHOR DIRETOR

. Pedro Almodóvar (“O Quarto ao Lado”)
. Paula Ortiz (“La Virgen Roja”)
. Arantxa Echevarria (“La Infiltrada”)
. Aitor Arregi e Jon Garaño (“Marco”)
. Isaki Lacuesta e Pol Rodríguez (“Segundo Prêmio”)

MELHOR DIRETOR ESTREANTE

. Paz Vega (“Rita”)
. Sandra Romero (“Por Donde Pasa el Silencio”)
. Pedro Martin-Callero (“El Llanto”)
. Miguel Faus (“Calladita”)
. Pedro Macipe (“La Estrella Azul”)

MELHOR FILME IBERO-AMERICANO

. “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles (Brasil)
. “El Jockey”, de Luiz Ortega (Argentina)
. “O Lugar da Outra”, de Maite Alberdi (Chile)
. “Agárrame Fuerte”, de Ana Guevara Pose e Letícia Jorge Romero ( Uruguai)
. “Memórias de un Cuerpo que Arde”, de Antonella Sudassi Furniss (Costa Rica )

MELHOR FILME EUROPEU

. “Emilia Pérez”, de Jacques Audiard (França)
. “O Conde de Monte Cristo”, de Alexandre de la Patellière e Matthieu Delaporte (França)
. “La Chimera”, de Alice Rohrwacher
. “Flow”, de Gints Zilbalodis (Letônia)
. Zona de Interesse”, de Jonathan Glazer (Reino Unido)

MELHOR DOCUMENTARIO

. “Marisol, Llámame Pepa”, de Blanca Torres
. “La Guitarra Flamenca de Yerai Cortés”, de Antón Álvarez
. “Mi Hermano Ali”, de Paula Palácios
. “No Estás Sola – La Luta Contra la Manda”, de Almudena Carracedo e Robert Bahar
. “Domingo Domingo”, de Laura García Andreu

MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO

. “A Menina e o Dragão”, de Salvador Simó e Li Jiaping (parceria Espanha-China)
. “Mariposas Negras”, de David Baute
. “Buffalo Kids”, de Pedro Solis e Juan Galocha
. “SuperKlauss”, de Sergio Pablos
. “Rock Botton”, de María Trénor

MELHOR ATRIZ

. Patricia Lopes Arnaiz (“Los Destellos”)
. Emma Vilarasau (“Casa em Flames”)
. Carolina Ysute (“La Infiltrada”)
. Julianne Moore (“O Quarto ao Lado”)
. Tilda Swinton (“O Quarto ao Lado”)

MELHOR ATOR

. Alfredo Castro (“Polvo Serán”)
. Vito Sanz (Volveréis)
. Urko Olazabal (“Soy Nevenka”)
. Eduard Fernández (“Marco”)
. Alberto San Juan (Casa en Flames)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

. Aixa Villágran (“La Virgen Roja”)
. Macarena García (“Casa en Flames”)
. Maria Rodríguez Soto (“Casa em Flames”)
. Nausicaa Bonnín (“La Infiltrada”)
. Clara Segura (“El 47”)

MELHOR ATOR COADJUVANTE

. Luís Tosar (“La Infiltrada”)
. Enric Auquer (“Casa en Flames”)
. Salva Reina (“El 47”)
. Antonio de la Torre (“Los Destellos”)
. Óscar de la Fuente (“La Casa”)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

. Alberto Marini e Marcel Berrena (“El 47”)
. José Macipe (“La Estrella Azul”)
. Eduard Sola (“Casa en Flames”)
. Amelia Mora e Arantxa Echevarría (“La Infiltrada”)
. Aitor Arregi, Jon Garaño, Jorge Guil Munarriz e Jose Mari Goenaga (Marco)

. MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

. Pedro Almodóvar (“O Quarto ao Lado”)
. Icíar Bollaín (“Soy Nevenka”)
. Pilar Palomero (“Los Destellos”)
. Marc Coli e Valentina Viso (“Salve Maria”)
. Alex Montoya e Joana M. Ortueta (“La Casa”)

MELHOR ATRIZ REVELAÇÃO

. Lucia Veiga (“Soy Nevenka”)
. Mariela Carbajal (“La Estrella Azul”)
. Marina Guerola (“Los Destellados”)
. Zoé Bonafonte (“El 47”)
. Laura Weissmahr (“Salve Maria”)

MELHOR ATOR REVELAÇÃO

. Cristalino (“Segundo Prêmio”)
. Daniel Ibáñez (“Segundo Prêmio”)
. Cuti Carbajal (“La Estrella Azul”)
. Pepe Llorente (“La Estrella Azul”)
. Óscar Lasarte (“És el Inimigo – La Película de Gila”)

MELHOR FOTOGRAFIA

. Isaac Vila (“El 47”)
. Edu Grau (“O Quarto ao Lado”)
. Javier Salmones (“La Infiltrada”)
. Takuro Takeuchi (“Segundo Prêmio”)
. Gris Jordana (“Soy Nevenka”)

MELHOR MONTAGEM

. Nacho Ruiz Capillas (“El 45”)
. Javier Macipe e Nacho Blasco (“La Estrella Azul”)
. Victoria Lammers (“La Infiltrada”)
. Fernando Franco (“Los Pequeños Amores”)
. Javi Frutos (“Segundo Prêmio”)

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE

. Marta Baaco (“El 47”)
. Inbal Weinberg (“O Quarto ao Lado”)
. Javier Alvariño (“La Virgen Roja”)
. Pepe Dominguez del Olmo (“Segundo Prêmio”)
. Miguel Angel Rebollo (“Volveréis”)

MELHOR FIGURINO

. Ester Palaudàries e Vinyet Escobar (“Disco, Ibiza, Locomía”)
. Irantzu Ortiz (“El 47”)
. Bina Daigeler (“O Quarto ao Lado”)
. Aratxa Esquerro (“La Virgen Roja”)
. Lourdes Fuentes (“Segundo Prêmio”)

MELHOR MAQUIAGEM E CABELOS

. Karol Tornaría (“El 47”)
. Morag Ross e Manolo García (“O Quarto ao Lado”)
. Patricia Rodriguez e Tono Garzon (“La Infiltrada”)
. Eli Adánez e Paco Rodrigues Frias (“La Viregn Roja”)
. Karmele Soler, Sergio Perez Berbel e Nacho Diaz (“Marco”)

MELHOR DIREÇÃO DE PRODUÇÃO

. Laia Gómez (“Casa en Flames”)
. Mariela Carabajal (“La Estrella Azul”)
. Marina Guerola (“Los Destellos”)
. Laura Weissmahr (“Salve Maria”)
. Lúcia Veiga (“Soy Nevenka”)

TRILHA SONORA

. Alberto Iglesias (“Quarto ao Lado”)
. Armai Batler (“El 47”)
. Arturo Cardelús (“A Menina e o Dragão”)
. Sergio de la Puente (“Verano en Deciembre”)
. Fernando Velazquez (“La Infiltrada”)

CANCÃO ORIGINAL

. “Show Me”, de Fernando Velázquez (“Buffalo Kids”)
. “El Borde del Mundo”, de Valeria Castro (“El 47”)
. “Los Almendros”, de Antón Alvarez e Yerai Cortés ( “La Guitarra Flamenca de Yerai Cortés”)
. “La Virgen Rojas”, de Maria Amai (“La Virgen Roja”)
. “Love is the Worst”, de Alondra Bentley e Isaki Lacuesta (“Segundo Prêmio”)

EFEITOS ESPECIAIS

. Laura Canais e Iván Lópes Hernandez (“El 47”)
. Lin Xin (“A Menina e o Dragão”)
. Mariano García Marty, Jon Serrano e Juliana Lasunción (“La Infiltrada”)
. Raul Romanillos e Juanma Nogales (“La Virgen Roja”)
. Jon Serrano, Mariano García Marty e David Heras (“Marco”)

MELHOR SOM

. Amanda Villeja, Joaquiín Rajadel, Victor Puertas, Mayle Cabrera e Nicolas de Poulpiquet (“La Estrella Azul”)
. Sergio Burmann, Anna Harrington e Marc Orts (“O Quardto ao Lado”)
. Fabio Huete, Jorge Castillo, Miriam Lisón e Mayte Cabrera (“La Infiltrada”)
. Coque Lahera, Alex Capilla e Nacho Royo-Villanueva (“La Virgen Roja”)
. Diana Sagrista, Eva Valño, Alejandro Castillo e Antonin Dalmasso (“Segundo Prêmio”)

MELHOR CURTA FICCIONAL

. “Cuarentena”, de Celia de Molina
. “Mamántula”, de Ion Sosa
. “La Gran Obra”, de Alex Lora
. “El Trono”, de Lucía Jiménez
. “Betiko Gaua”, de Eneko Sagardoy

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