Mostra propõe reflexão sobre a história política do Brasil
Entre os dias 27 de maio e 1º de junho, o Cine Humberto Mauro, localizado no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, recebe a mostra A Cinemateca é Brasileira – Resistências Cinematográficas. A programação apresenta uma seleção de 16 obras clássicas e contemporâneas do cinema nacional, abordando os períodos de repressão, resistência e enfrentamento político que marcaram a história do Brasil. A iniciativa é realizada em parceria com a Cinemateca Brasileira e integra a segunda edição do projeto itinerante da instituição.
A mostra homenageia o cinema nacional como um espaço de memória, crítica e resistência frente à luta pela democracia. Reunindo ficções, documentários, animações e curtas-metragens, a programação dialoga com diferentes gerações e linguagens cinematográficas, e promove uma reflexão sobre os desafios enfrentados pela sociedade brasileira ao longo de décadas.
Entre os destaques estão títulos emblemáticos como “Terra em Transe” (foto, 1967), de Glauber Rocha, que reflete as tensões políticas, sociais e culturais da época, a partir da fictícia nação latino-americana de Eldorado. Também compõem a seleção filmes contemporâneos, como “Meu Tio José” (2021), de Ducca Rios, que revisita o sequestro do embaixador Charles Elbrick pela ótica de uma criança. Inspirada no mesmo acontecimento, a obra indicada para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, “O que é isso, Companheiro?” (1997), de Bruno Barreto, também será exibida. Além disso, em homenagem aos 40 anos do filme “Cabra Marcado para Morrer” (1964-1984), aos 100 anos da protagonista Elizabeth Teixeira e aos 10 anos de falecimento do cineasta Eduardo Coutinho, a programação inclui este clássico do cinema nacional, cujas filmagens foram interrompidas pelo golpe militar de 1964 e retomadas dezessete anos depois.
A curadoria inclui, ainda, filmes que tratam de episódios pouco conhecidos ou silenciados da história brasileira, como “Arara: Um Filme Sobre um Filme Sobrevivente” (2017), de Lipe Canêdo, que denuncia a violência contra povos indígenas. Obras como “Libertação de Inês Etienne Romeu” (1979), de Norma Bengell, e “Torre” (2017), de Nádia Mangolini, abordam a tortura e a repressão política. Já a luta sindical e os movimentos populares ganham espaço com produções recentemente restauradas pela Cinemateca Brasileira, como “Greve” (1979), de João Batista de Andrade, e “A Luta do Povo” (1980), de Renato Tapajós, e “ABC da Greve” (1979–1990), de Leon Hirszman – mesmo diretor de “Eles Não Usam Black-tie”, que venceu o Prêmio Especial do Júri no Festival de Veneza e também integra a programação.
Outros títulos completam o panorama da mostra, como “A Opinião Pública” (1966), de Arnaldo Jabor, que captura o sentimento da classe média durante o regime militar, “Os Fuzis” (1964), de Ruy Guerra, que trata das tensões entre o Estado e populações oprimidas, e “Manhã Cinzenta” (1969), curta-metragem baseado em conto de Olney São Paulo, com imagens documentais das manifestações de 1968. A atmosfera de tensão e a mentalidade dessa época são contextualizadas na ironia de “Pra Frente Brasil” (1982), de Roberto Farias, e no sensível “O Ano em que meus Pais Saíram de Férias” (2006), de Cao Hamburguer.
Mostra A Cinemateca é Brasileira – Resistências Cinematográficas
Data: 27 de maio (terça-feira) a 1º de junho (domingo)
Local: Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1537, Centro, Belo Horizonte/MG)
Entrada: gratuita – 50% dos ingressos estarão disponíveis, de forma on-line, 1 hora antes de cada sessão, no site da Eventim; o restante dos ingressos será distribuído presencialmente pela bilheteria, meia hora antes da sessão, mediante a apresentação de documento com foto.
Informações: (31) 3236-7307 / www.fcs.mg.gov.br
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