Festival de Gramado aposta na pluralidade
O Festival de Cinema de Gramado chega à sua edição de número 46, apostando na pluralidade. De 17 a 25 de agosto, a tradicional e badalada festa gaúcha exibirá, em suas principais competições, nove longas brasileiros e cinco hispano-americanos, todos inéditos no Brasil.
A seleção brasileira soma comédia black (“Correndo Atrás”, de Jeferson De), piratas de Laerte (“Cidade dos Piratas”, de Otto Guerra), biografias de Eder Jofre e Wilson Simonal (“Dez Minutos para Vencer”, de José Alvarenga Jr., e “Simonal”, de Leonardo Domingues), a filmes mais autorais, caso de “Benzinho”, de Gustavo Pizzi, e “Ferrugem”, de Aly Muritiba (ambos tiveram sua estreia mundial no Sundance Festival, nos EUA), “Mormaço”, de Marina Meliande, “O Banquete”, de Daniela Thomas, e “A Voz do Silêncio”, de André Ristum.
Na seleção latina, o pequeno Paraguai chega com candidato fortíssimo: “Las Herederas”, de Marcelo Martinessi, poderoso e atmosférico drama feminino, que rendeu, na Berlinale, o Urso de Prata à atriz Ana Brum. Complementam a enxuta competição de fala espanhola o argentino “Recreo”, de Hernan Guerschuny e Jasmin Stuart, o boliviano “Averno”, de Marcos Loayasa (de quem Gramado assistiu, anos atrás, ao sensível “Cuestion de Fé”), o costarriquenho “Violeta al Fin”, de Hilda Hidalgo, e o uruguaio “Mi Mundial”, de Carlos Morelli.
No terreno das homenagens, o festival gaúcho vai festejar o ator Ney Latorraca (com o Troféu Cidade de Gramado) e o animador Carlos Saldanha, com o Troféu Eduardo Abelin por sua bem-sucedida trajetória brasileira e internacional (autor de blockbusters como “A Era do Gelo”, “Rio” e “O Touro Ferdinando”, ele foi indicado duas vezes ao Oscar pela Academia de Holywood). Os artistas que farão jus ao Troféu Oscarito (personalidade brasileira com destaque no audiovisual) e ao Kikito de Cristal (personalidade de destaque no cinema latino-americano) serão conhecidos em breve.
Os curadores do festival (os brasileiros Rubens Ewald Filho e Marcos Santuário e a argentina Vera Piwowarski) somados ao executivo municipal (comandado pelo prefeito João Alfredo de Castilhos Bertolucci e pelo diretor da Gramadotur, Edson Néspolo) estruturaram série de atividades complementares às mostras competitivas luso e hispano-americanas. Haverá exibições especiais (o filme de abertura é “O Grande Circo Místico”, de Carlos Diegues), mostra de filmes italianos (depois do Canadá, chegou a vez do cinema peninsular), competições de curtas brasileiros e rio-grandenses (estes, na mostra chamada carinhosamente de Gaúchão e promovida pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul), debates (será que tão polêmicos quanto os que estão abalando outros festivais brasileiros?), noite de gala do projeto gramadense Educavídeo e o Gramado Film Market, que mobilizará profissionais do Brasil e de países vizinhos.
O comando do festival argumenta que “após a bem-sucedida estreia em 2017, o Gramado Film Market chegará à sua segunda edição, focado na discussão e na reflexão de pontos essenciais da atividade audiovisual, no gargalo de escoamento e nas necessárias parcerias nacionais e internacionais”. Para este ano, o Film Market se concentrará na discussão de plataformas de exibição, na internacionalização de conteúdos ibero-americanos e no futuro das salas de exibição.
Abaixo, a lista com os 48 filmes selecionados para as quatro mostras competitivas de Gramado 2018:
LONGAS-METRAGENS BRASILEIROS
“10 Segundos para Vencer” (RJ), de José Alvarenga Jr, “O Banquete” (SP), de Daniela Thomas, “Benzinho” (RJ), de Gustavo Pizzi, “A Cidade dos Piratas” (RS), de Otto Guerra, “Correndo Atrás” (RJ), de Jeferson De, “Ferrugem” (PR), de Aly Muritiba, “Mormaço” (RJ), de Marina Meliande, “Simonal” (RJ), de Leonardo Domingues, “A Voz do Silêncio” (SP), de André Ristum.
LONGAS-METRAGENS ESTRANGEIROS
“Averno” (Bolívia/Uruguai), de Marcos Loayza, “Las Herederas” (Paraguai/Brasil/Uruguai/França/Alemanha), de Marcelo Martinessi, “Mi Mundial”(Uruguai/Argentina/Brasil), de Carlos Morelli, “Recreo” (Argentina), de Hernán Guerschuny e Jazmín Stuart, “Violeta al Fin” (Costa Rica/México), de Hilda Hidalgo.
CURTAS-METRAGENS BRASILEIROS
“À Tona” (DF), de Daniella Cronemberger, “Apenas o que Você Precisa Saber sobre Mim” (SC), de Maria Augusta V. Nunes, “Aquarela” (MA), de Thiago Kistenmacker e Al Danuzio, “Catadora de Gente” (RS), de Mirela Kruel, “Estamos Todos Aqui” (SP), de Chico Santos e Rafael Mellim, “Um Filme de Baixo Orçamento” (SP), de Paulo Leierer, “Guaxuma” (PE), de Nara Normande, “Kairo” (SP), de Fabio Rodrigo, “Majur” (MT), de Rafael Irineu, “Minha Mãe, minha Filha” (SP), de Alexandre Estevanato, “Nova Iorque” (PE), de Leo Tabosa, “Plantae” (RJ), de Guilherme Gehr, “A Retirada para um Coração Bruto” (MG), de Marco Antonio Pereira, “Torre” (SP), de Nádia Mangolini.
CURTAS-METRAGENS GAÚCHOS
“À Sombra” (Canoas), de Felipe Iesbick, “O Abismo” (Sapucaia do Sul), de Lucas Reis, “Antes do Lembrar” (Porto Alegre), de Luciana Mazeto e Vinícius Lopes, “Coágulo” (São Leopoldo), de Jéssica Gonzatto, “O Comedor de Sementes” (São Leopoldo), de Victoria Farina, “Um Corpo Feminino” (Porto Alegre), de Thais Fernandes, “Entre Sós” (Porto Alegre), de Caetano Salerno, “Fè Mye Talè” (Encantado), de Henrique Both Lahude, “A Formidável Fabriqueta de Sonhos Menina Betina” (Pelotas), de Tiago Ribeiro, “Gasparotto” (Porto Alegre), de Zeca Brito, “Grito” (Santa Maria), de Luiz Alberto Cassol, “Maçãs em Fogo” (Porto Alegre), de Bruno de Oliveira, “Movimento à Margem” (Porto Alegre), de Lícia Arosteguy e Lucas Tergolina, “Mulher Ltda” (Canoas), de Taísa Ennes, “Nós Montanha” (Porto Alegre), de Gabriel Motta, “Pelos Velhos Tempos” (Porto Alegre), de Ulisses da Motta, “Sem Abrigo” (Porto Alegre), de Leonardo Remor, “Subtexto” (Caxias do Sul), de Cristian Beltrán, “Vinil” (Porto Alegre), de Catherine Silveira de Vargas e Valentina Peroni Freire Barata, “O Viúvo” (Porto Alegre), de Luiz Carlos Wolf Chemale.
Por Maria do Rosário Caetano
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