Festival de Cinema Italiano apresenta 24 filmes

Por Maria do Rosário Caetano

A partir dessa terça-feira, 24 de novembro, o cinema peninsular ganha uma nova vitrine: o serviço de streaming Petra Belas Artes à la Carte. Durante 15 dias, o Festival de Cinema Italiano apresentará doze filmes inéditos e doze consagrados pelo tempo. Alguns mais antigos (como “Rocco e seus Irmãos” e “Morte em Veneza”, ambos de Visconti, “A Aventura”, de Antonioni, e “Gaviões e Passarinhos”, de Pasolini). Outros mais recentes. Caso do badalado, e controvertido, “A Grande Beleza”, de Paolo Sorrentino.

Entre os filmes contemporâneos e, por isso, 100% inéditos, estão “Hammamet”, de Gianni Amelio, e “Irmãos à Italiana”, de Claudio Noce, ambos protagonizados por Pierfrancesco Favino, o astro da hora na Itália. Depois de arrasar na noite dos David di Donatello com “O Traidor”, no qual interpretou o mafioso Tomazzo Buscetta, Favino ganhou a Copa Volpi, em Veneza, com “Padrenostro” (rebatizado no Brasil como “Irmãos à Italiana”).

Outros dois grandes astros do cinema peninsular integram a programação do XV Festival de Cinema Italiano: Toni Servillo, com “5 é o Número Perfeito”, que teve boa presença na noite dos Donatello, e Riccardo Scamarcio, com “O Ladrão de Dias”, de Guido Lombardi.

Servillo, ator fetiche de Paolo Sorrentino, será visto, também, em dois filmes do núcleo histórico do festival, que ganhou o nome de Mostra Retrospectiva das Estrelas. Um deles – “Viva a Liberdade” – tem direção de Roberto Andò e é uma comédia. O Sorrentino movie é o oscarizado “A Grande Beleza”, filme tributário de uma das obras-primas de Federico Fellini (“La Dolce Vita”, mas sem os imensos méritos das obra do gênio de Rimini).

Por falar em Fellini, cujo centenário foi lembrado ao longo desse ano, um dos dois documentários que festejaram sua trajetória será exibido no Festival Italiano: “A Verdade sobre A Doce Vida”, de Giuseppe Pedersotti (filho do ator de western spaghetti Bud Spencer). Chega ao Brasil vindo da seleção oficial do Festival de Veneza. O outro, “Fellini Fine Mai”, de Eugenio Cappuccio, que concorreu ao David di Donatello de melhor obra documental, fica para outra oportunidade (ou para as plataformas de streaming).

Completam o núcleo contemporâneo dramas e comédias, uma comédia dramática, um filme policial e uma de suas derivações, o “noir”. Os filmes dramáticos mais aguardados são o de Amélio (“Hammamet”) e o de Claudio Noce (“Irmãos à Italiana”). Vale apostar, também, em “O Ladrão dos Dias”, por causa de Scarmaccio, ator que tem feito boas escolhas. Kim Rossi Stuart é nome muito conhecido na Itália (no Brasil, só é identificado por cinéfilos que amam o cinema peninsular). Ele protagoniza “O que Será”, de Francesco Bruno. Alessandro Gassman, filho do grande Vittorio, protagoniza “Não Odeie”, também um filme dramático.

No terreno da comédia, gênero que a Itália notabilizou em escola de rara potência (com Dino Risi, Mario Monicelli, Steno, Ettore Scola à frente) e que gerou obras-primas da grandeza de “Aquele que Sabe Viver” (Il Sorpasso), já não sopram ventos tão promissores. Mas há que se arriscar com “Vida Fácil” (que promete um pouco de drama), direção da dupla Orso e Peter Miyakawa, “Buraco Fatal”, de Giuliana Gamba, “Odeio o Verão”, de Massimo Venier, e “Pode Beijar o Noivo”, de Alessandro Genovesi.

“Os Homens de Ouro”, de Vicenzi Alfieri, é o único “noir” do festival. E “5 é o Número Perfeito” soma crime e drama (seu diretor, Igort, é um famoso cartunista italiano, também conhecido como Igor Tuveri). Além do filme sobre “La Dolce Vita” e Fellini, outro documentário marca presença no núcleo contemporâneo do festival: “Vida Invisível – Um Arsenal de Esperança”, de Erica Bernardini.

A Mostra Retrospectiva das Estrelas traz títulos imperdíveis de Visconti, Antonioni e Pasolini somados a obras mais recentes, embora igualmente, obrigatórias. Caso de “César Deve Morrer”, dos Irmãos Paolo e Vittorio Taviani, vencedor do Festival de Berlim 2012, e “Habemus Papam”, momento iluminado de Nanni Moretti, exibido em Cannes, e com Michel Piccoli em estado de graça. Se há um diretor da Itália contemporânea que merece o posto de “herdeiro da grande comédia italiana dos anos de ouro”, ele se chama Moretti, Nanni. Embora tenha, também, em seu currículo, dramas densos como “O Quarto do Filho”, vencedor da Palma de Ouro em Cannes, ninguém há de negar a inteligência e, o que é fundamental, o humor fino e deliciosamente sutil do diretor de “Caro Diário” e “Abril”.

Outro nome de grande reconhecimento no cinema peninsular é Roberto Benigni. Ele rompeu fronteiras e teve seus filmes lançados no mundo inteiro. Como Moretti, é ator e diretor. Conheceu o auge da fama quando, no final dos anos 1990, ganhou o Oscar de melhor ator. Ganhou, também, a estatueta de melhor filme estrangeiro com “A Vida é Bela” (derrotando o brasileiro “Central do Brasil”). Benigni segue atuando em seus próprios filmes ou em produções alheias. Depois de interpretar Pinóquio em filme que ele mesmo dirigiu, o ator está agora em nova versão, assinada por Matteo Garrone, banhada em horror fantástico. O diretor de “Gomorra” recriou, a seu modo, a trama de Carlo Collodi, que apaixona crianças e adultos, desde que foi escrita em 1881. Com 68 anos, dessa vez, coube a Benigni interpretar Gepetto, o “pai” do mentiroso Pinóquio. O filme não está no Festival Italiano, nem se sabe se chegará aos cinemas brasileiros.

Enquanto esperamos o polêmico longa-metragem de Garrone, resta-nos assistir, no XV Festival Italiano, a “O Pequeno Diabo”, que Roberto Benigni dirigiu e protagonizou ao lado de Walter Matthau. A senhora Benigni Nicoletta Brashi está no elenco, que conta, ainda, com participação especial de Stefania Sandrelli. Mas o filme não está entre os melhores momentos do ator-diretor.

Completam a Retrospectiva das Estrelas, três filmes que merecem ser revistos. “O Carteiro e o Poeta”, pelo belo texto de Antonio Skarmeta, pelo magnífico trabalho de Massimo Troisi (1953-1994), pela beleza de Maria Grazia Cucinotta e por Philippe Noiret, no papel de Pablo Neruda. O filme foi escolhido para abrir o núcleo histórico do Festival Italiano. “Belos Sonhos”, um Marco Bellocchio sem a grandeza de “Bom Dia, Noite” e “Vincere”, mas mesmo assim, imperdível. No elenco, Valerio Mastandrea e a francesa Bérénice Bejo (de “O Artista”). E, por fim, “O Segredo do Bosque Velho”, um Ermano Olmi menos conhecido e realizado a partir de obra de Dino Buzzati, um dos grandes nomes da literatura italiana.

 

XV Festival de Cinema Italiano
Promoção da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria de São Paulo
Data: 24 de novembro a 8 de dezembro
Serão exibidos 24 filmes em duas mostras: uma contemporânea e uma Retrospectiva de Estrelas
Para assistir aos filmes, o interessado deve assinar o serviço de streaming Petra Belas Artes à la Carte, que dará direito ilimitado a toda a programação. O valor mensal da assinatura é de R$9,90
Informações detalhadas (sobre a programação e sobre a assinatura do serviço de streaming) podem ser encontradas no site www.festivalcinemaitaliano.com

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